Saiba como cultivar esta couve que é a mais rica em glucosinolatos anticancerígenos, que determinam o seu aroma e previnem o início dos cancros.
Apresentação
Nomes Comuns: Couve-de-bruxelas.
Nome científico: Brassica oleracea L. var.gemmifera Zenk (var bullata).
Origem: Europa (Bélgica).
Família: Crucíferas ou Brássicas. Características: Planta que pode atingir 75-100 cm de altura, folhas largamente pecioladas com limbos ovais ou redondos e terminam numa roseta de folhas. Nas gemas axilares, formam-se pequenos repolhos (com o nome de couves-de-bruxelas), que são a parte utilizada na alimentação. As raízes são profundas (45-90 cm).
Factos históricos: Foi a última das principais variedades botânicas de couves a ser diferenciada, surgindo na Bélgica, no século XVII, tendo o seu cultivo extensivo sido iniciado, no século seguinte, na Bélgica. Chegou a França e Inglaterra apenas no século XIX. Devem ter surgido da couve-lombarda (Savoy), por perda da capacidade da formação do repolho terminal, devido a suspensão da dominância apical. A Inglaterra é o maior produtor europeu.
Ciclo biológico: Bienal (5-6 meses), cultivada como anual.
Variedades mais cultivadas: São classificadas em relação a duração do ciclo cultural (precoces, meia-estação e tardias) e altura, sendo a maioria híbridas. Vou apenas destacar as variedades tardias (mais recomendadas para o nosso clima): Tardias (colhem-se entre dezembro e março): “Sigmundo F1”, “Artica”, “de Rosny”, “ Darkmar 21”, “Welington F1”, “Seven Hill”, “Asmer”, “Hunter F1”, “Early Half Tall”, “Bedford Fillbasket”, “Noisette”, “Rubine”(roxa), “Fortress”, “Erwin”, “Belfort”.
Parte comestível: Repolhos ou gemas que nascem no caule com 2-5 cm de diâmetro, devem estar bem fechados, ser maciços e limpos.
Condições ambientais
Solo: Adapta-se a vários tipos de solos, mas prefere solos de textura média ou areno-argilosa (mais pesados), soltos, bem drenados e ricos em matéria orgânica. O pH deve ser de 6,0-6,8.
Zona climática: Temperado frio.
Temperaturas: Ótimas: 16-21 oC
Temperatura crítica mínima: -10 oC
Temperatura crítica máxima: 30 oC
Zero da vegetação: 6 oC − na altura do crescimento das gemas axilares, a temperatura deve ser baixa (média de 12 oC).
Exposição Solar: Gosta de sol ou semissombra, tem a floração em dias longos, com mais de 12 horas.
Humidade relativa: Elevada.
Fertilização
Adubação: Aplicação de estrume de ovelha e vaca, bem decompostos. A couve, sendo uma variedade rústica, é uma planta que aproveita bem os estrumes de curral, compostos caseiros e os resíduos sólidos urbanos bem decompostos.
Adubo verde: Azevém, luzerna e favarola.
Exigências nutritivas: 2:1:2 ou 1:1:2 (azoto: fósforo: potássio), Ca e Mg. Sensível a carências de boro e molibdénio.
Grau de exigência em azoto: Muito exigente.
Técnicas de cultivo
Preparação do solo: Pode utilizar-se um escarificador de bico curvo de ponta dupla, para uma lavoura ligeira, fragmentar os torrões e destruir as ervas daninhas. No terreno, podem ser feitos camalhões com 1-1,50 m de largura.
Data de plantação/sementeira: Fim do verão ou início do outono (junho-setembro), para plantar no outono.
Tipo de plantação/sementeira: Em tabuleiros de sementeira alveolados em alfobre.
Faculdade germinativa (anos): 3-4 anos Profundidade: 3-8 mm.
Germinação: 5-10 dias.
Compasso: 40×50 cm na linha e 60×90 cm de entrelinha.
Transplantação: 21-50 dias depois da sementeira ou quando tiverem 15-20 cm de altura ou 4-5 folhas.
Consociações: Cenoura, alface, cebola, nabo, morangos, batata, espinafre, tomilho, hissopo, salva, acelga, hortelã-pimenta, salsa, funcho, alfazema, alcachofra, beterraba, ervilha e espargos.
Rotações: As plantas do grupo das Solanáceas (tomate, beringela, etc.) e Cucurbitáceas (abóbora, pepino, aboborinha, etc.) são bons precedentes desta cultura. Depois de retirada, a cultura não deve voltar ao terreno durante pelo menos 5-7 anos. É uma boa cultura para terrenos em que o estrume ainda não esteja totalmente decomposto, podendo iniciar um esquema de rotação de culturas (embora seja uma cultura esgotante).
Amanhos: Sachas, amontoas, tutoramento quando a couve ultrapassa um metro de altura, mulching ou empalhamento (com palha), retirar as folhas velhas, cobrir com uma rede para proteção contra os pássaros, desponta (remoção da gema terminal) quando os repolhos têm 1-2 cm ou a couve tiver uma altura de 50-90 cm.
Regas: Por gota a gota ou aspersão (4-7 cm água de 10-15 dias), especialmente no fim do verão/inicio de outono.
Entomologia e patologia vegetal
Pragas: Lagarta-da-couve, afídeos, larva-mineira, lesmas e caracóis, nemátodos, áltica e mosca da couve (Chortophila brassicae), nóctuas, traça da-couve e pássaros.
Doenças: Míldio, oídio, alternariose, podridão, ferrugem branca, potra e viroses (vírus da mancha da couve).
Acidentes: Tolerância moderada à salinidade (1,8 dS.m-1).
Colheita e utilização
Quando colher: 5-8 meses depois da sementeira (janeiro-abril), consoante a variedade. As cabeças junto ao caule colhem-se antes que abram; este processo dura 40-50 dias. Primeiro, retiramos a folha por baixo e, depois, retira-se a gema, com diâmetro mínimo de 3 cm.
Produção: 0,8-1,5 kg/m2 ,30-40 ton/ha.
Condições de armazenamento: 0-1 oC e 95-98% de humidade relativa, durante 2-5 semanas.
Valor nutricional: Este tipo de couve é mais rica em ácido fólico e clorofila, sendo rica em pró-vitamina A, vitamina C, B1, B2, cálcio, ferro, fósforo, potássio e fibra.
Usos: Trata-se de uma variedade muito tenra, mais que a couve-brócolo e que a couve-flor, devendo ser apenas levemente cozida, podendo também ser utilizada em saladas, crua. Medicinal: É a couve mais rica em glucosinolatos anticancerígenos, que determinam o aroma e previnem•o início dos cancros. Rica em antioxidantes.
CONSELHO DE ESPECIALISTA
Trata-se de uma couve muito escultural e decorativa, que fica bem em qualquer horta ou “jardim”. Tratando-se de uma couve que gosta de frio, aconselho variedades que se desenvolvam mais durante o outono-inverno (tardias). Devem ser transplantadas no fim do verão/início do outono, para serem colhidas no inverno. Cerca de 5-8 plantas servem para uma pessoa/ano.