Tudo o que deve saber para ter sucesso ao fazer as suas enxertias já nesta estação!
Como definição de enxertia, é comum aceitar-se ser um método de multiplicação assexuada que consiste em unir porções de plantas de modo a que formem um só indivíduo.
A enxertia é sem dúvida a técnica de multiplicação mais utilizada em arboricultura.
Numa árvore enxertada, distinguem-se assim duas partes: uma situada abaixo do ponto de enxertia, a que se dá o nome de hipobionte, porta-enxerto ou cavalo, e outra situada acima do ponto de enxertia, que toma o nome de epibionte, enxerto ou garfo.
Durante a enxertia, são colocados em contacto tecidos frescos do garfo e do cavalo, com viabilidade de atividade meristemática.
- Numa primeira fase ocorre a formação do callus de enxertia, isto é, de células indiferenciadas sem qualquer função definida produzidas por ambos os biontes na região do câmbio.
- Numa segunda fase, através da proliferação do callus, ocorre a junção e interpenetração das células do callus produzidas por ambos os biontes.
- De seguida, inicia-se o processo de diferenciação de algumas células do callus em novas células cambiais, isto é, parte das células especializam-se em tecidos cambiais.
- Finalmente, o novo câmbio começa a sua função de produzir novos tecidos vasculares (xilema e floema); permitindo assim a passagem de nutrientes e água entre os dois biontes.
As enxertias de verão
As enxertias efetuadas no verão são, sobretudo as enxerias de gomo, vulgarmente designadas por enxertia de borbulha.
- Caracterizam-se por usarem garfos (gomos) sob a forma de um pedaço de casca sobre o qual existe um ou mais gomos vegetativos.
A enxertia de borbulha
Consiste na extração duma placa de casca contendo no meio um gomo (garfo), a qual se introduz no cavalo de outra árvore.
- Destaca-se um gomo bem formado deixando cerca de 1 cm de casca.
- No cavalo, faz-se uma incisão em “T”, levantando as margens da casca. Introduz-se debaixo desta o garfo.
- Liga-se de forma a abranger e ultrapassar a borbulha.
- Protege-se a enxertia com produto próprio.
Sendo efetuada no verão, já com o ciclo vegetativo a decorrer, irá rebentar na primavera seguinte, ou seja, trata-se de uma enxertia de borbulha em gomo dormente.
Na primavera seguinte corta-se a vegetação do cavalo 8-10 cm acima da enxertia, deixando apenas um rebento para subir a seiva bruta. Eliminam-se os rebentos que nascem abaixo da enxertia. No inverno do ano seguinte à enxertia, remove-se o ramo que ficou para a subida da seiva.
Os ramos para a obtenção de garfos (borbulhas) são recolhidos imediatamente antes da enxertia. Por isso não necessitam de armazenamento, a partir de árvores adultas e sãs, pois antecipam a frutificação.
A compatibilidade entre cavalo e garfo
O sucesso de uma enxertia depende de diversos fatores, destacando-se entre eles a temperatura e humidade; os ritmos de atividade dos tecidos em contacto; a superfície de contacto dos câmbios; o estado sanitário dos biontes e a proximidade botânica entre cavalo e garfo.
VANTAGENS DA ENXERTIA
A enxertia permite obter plantas com melhores produções; bem como aproveitar plantas mais vantajosas enquanto cavalos e plantas com mais valias enquanto garfos.
Permite também alterar as variedades, por exemplo, é comum um citrino produzir laranja, limão, tangerina no mesmo individuo. É também usual em macieiras ou pereiras a obtenção de diversas variedades no mesmo individuo.
Gostou deste artigo? Então leia a nossa Revista, subscreva o canal da Jardins no Youtube, e siga-nos no Facebook, Instagram e Pinterest.