Conheça a flora açoriana e as orquídeas deste maravilhoso espaço que é o Jardim Botânico do Faial.
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Estive no passado mês de agosto nos Açores e, ao visitar a ilha do Faial, não podia deixar de espreitar o seu Jardim Botânico! Com o objectivo de proteger, conhecer e divulgar a riquíssima flora das ilhas do arquipélago dos Açores, em 1986 foi inaugurado este espaço da responsabilidade do Parque Natural do Faial.
A localização
Situa-se numa zona muito próxima da cidade da Horta, no Vale dos Flamengos, e tem um importante trabalho no estudo científico das espécies vegetais açorianas nos seus habitats, na sua conservação e na recuperação de espécies severamente ameaçadas.
Em 2003, foi criado um Banco de Sementes, que é vital para o armazenamento de sementes colhidas por todo o arquipélago.
Essas sementes são secas, tratadas e armazenadas para a recuperação futura de espécies que possam vir a desaparecer, como aconteceu com a pequenina, mas muito bonita “Não-me-esqueças” (Myosotis azorica), que foi praticamente esquecida, desaparecendo completamente da ilha das Flores e chegando, na ilha do Corvo, a uma pequena população de cerca de 50 exemplares.
Aí, uma equipa do Jardim Botânico do Faial entrou em ação e sementes colhidas desses exemplares foram germinadas e cultivadas no
Viveiro de Plantas Raras dos Açores, criado em 2012.
Três anos depois, vários exemplares ali germinados foram reintroduzidos nos habitats naturais.
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Foi com enorme alegria que vi alguns desses Myosotis floridos no Jardim Botânico durante a minha visita. Esta é uma história feliz, mas um grande trabalho continua ainda a ser feito com esta e muitas outras espécies.
Outro exemplo é o teixo dos Açores (Taxus baccata), que está reduzido a quatro exemplares na ilha do Pico, exemplares esses que já não produzem sementes. Pelo que os botânicos do jardim tiveram de recorrer à propagação vegetativa para conseguir os vários exemplares que já podem ser admirados pelo parque.
Outro trabalho importante é o controlo ou a eliminação de espécies introduzidas e invasoras dos habitats ameaçados, como é o caso da “Roca-da-velha” ou das Hortênsias, que, apesar de muito bonitas, competem com as espécies da flora açoriana.
A minha visita
A introdução é feita com um pequeno vídeo onde se mostra um pouco deste trabalho que está a ser feito pelo jardim.
Depois, uma exposição onde se explica como a insularidade levou à evolução das plantas que são únicas nas nove ilhas dos Açores e onde se dá a conhecer a função do Banco de Sementes, do Herbário e outras áreas de estudo e recuperação das espécies como uma “Arca de Noé das Plantas”.
De seguida, um jardim para todos os sentidos com muitas plantas comestíveis e aromáticas. Na antiga estufa das orquídeas, estava patente uma exposição muito interessante sobre a importância das plantas na História, cultura e costumes do povo açoriano.
No arboreto, estão recriados habitats muito bonitos com espécies endémicas cheios de recantos e belos exemplares, alguns importantes, outros muito raros, como a vidália (Azorina vidalii), que eu não conhecia.
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As plantas estão tão bem estabelecidas e o planeamento tão bem feito que por vezes nos esquecemos que estamos num jardim e não num espaço natural. No final do mês de julho, foi inaugurada a mais recente fase de expansão do jardim onde se apresentou o novo Orquidário dos Açores e uma área dedicada a plantas de zonas húmidas.
Esta nova área está fantástica. Muito moderna, muito bem organizada e muito bonita. Acredito que ainda fique muito melhor quanto as plantas amadurecerem e se estabelecerem.
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E a vista é fantástica, do ponto mais alto podemos admirar a fantástica ilha do Pico, a montanha mais alta de Portugal com 2351 metros
de altitude.
O Orquidário dos Açores
No novo espaço com áreas cobertas e descobertas, encontram-se duas coleções oferecidas ao Jardim Botânico do Faial.
A uma pequena coleção inicial de um orquidófilo particular, Henrique Peixoto, veio juntar-se, em 2015, uma outra coleção oferecida pela família finlandesa Ranta.
Estas duas coleções compreendem um bom conjunto de exemplares, espécies de todo o mundo e híbridos muito interessantes.
As plantas estão plantadas, suspensas e montadas como é habitual no cultivo de orquídeas, dependendo do modo de crescimento das diferentes variedades. Espalhadas por um cenário onde foram aproveitados também materiais açorianos, destacando-se o belíssimo uso da rocha vulcânica em tons escuros e vermelhos.
Um paraíso onde há sempre orquídeas floridas e que também vai crescer e desenvolver-se nos próximos anos após este período inicial de adaptação ao novo espaço.
A única coisa que achei falta foram “plantas de companhia” junto às orquídeas expostas, fetos, bromeliáceas, Cycas e outras tropicais. Além de acrescentarem beleza, recriariam os habitats das orquídeas e ajudam a criar espaços de diferentes luminosidades e humidades necessários para alguns géneros.
Assim, espero que quando forem aos Açores, não deixem de ir ao Faial. A visita ao seu Jardim Botânico é indispensável para todos os que gostam de Natureza e de plantas! Imprescindível!
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