Pragas e Doenças

Xylella fastidiosa, uma bactéria que ataca as mais variadas plantas

Xylella fastidiosa é uma bactéria que se desenvolve no sistema vascular das plantas e é transmitida por insetos vetores, colonizando uma vasta gama de hospedeiros.

Foi detetada pela primeira vez na Europa, em outubro de 2013, em oliveiras adultas na província de Lecce, em Itália, e, posteriormente, na Córsega e na região de Nice.

Biologia

As plantas são contaminadas com Xyllela fastidiosa através de insetos vetores. Os principais vetores conhecidos, nas áreas geográficas em que se detetou a presença da bactéria, são insetos cicadelídeos e cercopídeos. O desenvolvimento da doença na planta está largamente relacionada com a capacidade de a bactéria se movimentar a partir da inoculação e de conseguir desenvolver uma população sistémica na planta infetada.

Após a inoculação, as células bacterianas aderem às paredes dos vasos xilémicos e multiplicam-se, formando colónias que podem obstruir completamente os vasos do xilema, impedindo o transporte da seiva bruta (água e nutrientes).

O inseto vetor é infetado no decurso da sua alimentação nos vasos do xilema de um hospedeiro contaminado pela bactéria.

Nesta fase, as células da bactéria soltam-se da parede dos vasos xilémicos e são sugadas pelos insetos juntamente com o alimento, alojando-se posteriormente no aparelho digestivo.

O comércio e movimentação de partes de plantas e plantas para plantação assume-se como a principal forma de dispersão a longas distâncias da bactéria, quer seja por plantas já infetadas, quer seja pelo transporte de insetos vetores colonizados. A dispersão a nível local, isto é, a dispersão natural, é efetuada através do voo de insetos vetores.

Insetos cicadelídeos e cercopídeos

São popularmente conhecidos como cigarrinhas. Os adultos assemelhamse a pequenas cigarras, com cerca de 3 mm de comprimento, são de cor verde-clara e têm as asas translúcidas verdeamareladas.

É na forma de adultos que hibernam em plantas hospedeiras de folha persistente arbóreas, arbustivas e diversas herbáceas.

Plantação de oliveiras em Itália, de onde veio esta praga.

Hospedeiros

Da lista de géneros e espécies hospedeiros suscetíveis a esta doença, constam 27 géneros e 160 espécies. Destacam-se pela importância comercial em Portugal a videira, a laranjeira, a oliveira, o pessegueiro, a amendoeira, o carvalho, o loendro, entre outras.

As ornamentais constituem também um grupo de plantas de elevada sensibilidade – a título de exemplo, a bactéria foi encontrada em Portugal, no Norte do País, em exemplares de Lavandula.

A bactéria Xylella fastidiosa causa graves danos a um conjunto alargado de hospedeiros e é considerada uma das bactérias mais patogénicas do mundo.

Sintomas

Os sintomas são relativamente diversos consoante o hospedeiro infetado. Contudo, apontam-se como sintomas comuns a murchidão das folhas, seguida de necrose e desfolha. Inicia-se assim um processo de dieback nas plantas afetadas.

Em videira, surge a murchidão das folhas, com distribuição irregular e dieback, apresentando zonas verdes de tecido saudável, mas com a separação da folha do pecíolo.

Em oliveiras, surgem queimaduras foliares e um declínio rápido das oliveiras mais velhas. Nos citrinos, evidencia-se o aparecimento de manchas amareladas de contornos irregulares, sendo que a superfície inferior das folhas surge ligeiramente levantada e acastanhada.

Em loendros, é visível o amarelecimento das folhas, que é seguido pela característica queimadura e necrose da zona apical das mesmas.

Em quercíneas, surgem queimaduras foliares irregulares no final do verão e no outono, com descoloração apical marginada de vermelho ou amarelo entre tecidos queimados e sãos.

Loendro, uma das plantas sensíveis a esta bactéria.

Medidas de controlo

Não existindo meios de luta direta contra a doença, a estratégia de combate a esta doença passa naturalmente por medidas de natureza preventiva, isto é, terá de se centrar no inseto vetor e na eliminação de plantas infetadas que, se deixadas no terreno, podem funcionar como reservatório do inóculo da bactéria.

Nesse sentido, a UE estabeleceu, a partir de 2014, medidas de emergência com o objetivo de impedir a introdução e propagação da bactéria, com requisitos específicos ao nível da importação e circulação de plantas.

A nível particular, aconselha-se a que as plantas afetadas por esta bactéria sejam eliminadas para não propagar a doença a plantas vizinhas.

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