Apresentação
Nomes Comuns: Agrião-de-horta, agrião-rinchão, agrião-da-terra, agrião-de-sequeiro, erva-de-santa-bárbara, mastruço-das-vinhas e agrião-de-inverno.
Nome científico: Barbarea verna (Mill) Asch ou Barbarea praecox (B. vulgaris R. Br)
Origem: Europa do Sul e Oeste (Portugal, Espanha, França, Itália, Eslovénia e Croácia) e sudoeste da Ásia.
Família: Brassicaceae
Características: Planta herbácea de caules ramificados tenro, semiocos, formando uma roseta de folhas verde-escuras lobadas e lisas que pode estender-se no solo até aos 20-30 cm e, quando espiga, atinge 10-15 cm de altura. As sementes são cinzentas e 1 g contém cerca de 1000 sementes.
Fecundação/polinização: Trata-se de uma planta autofértil, as flores têm a cor amarelo-viva e aparecem na primavera-verão (abril-julho), e hermafrodita, com as flores masculinas e femininas na mesma planta, sendo polinizada por abelhas, moscas e escaravelhos.
Factos históricos: O nome latim Barbarea deve-se a Santa Bárbara, que comemora o dia a 4 de dezembro. Segundo esta crença, se comermos uma folha desta planta, vamos ter sorte. Também se chama erva-de-santa-bárbara desde o século XIII, santa dos mineiros, soldados da artilharia e protetora das tempestades. Segundo a lenda, a santa curava as feridas usando a erva espontânea que se mantinha verde no inverno. Era apreciado pelos romanos e gregos, que comiam em banquetes as saladas picantes, mas começou a ser mais utilizada como alimento na Europa apenas no século XVII. Já nos Estados Unidos da América e na Inglaterra, começaria a ser muito consumida a partir do século XIX, como um bom substituto do agrião. Espontânea em Portugal continental, foi introduzida na Madeira e Açores com bons resultados.
Ciclo Biológico: Bienal (60-90 dias)
Variedades mais cultivadas: Podemos encontrá-lo à venda com os seguintes nomes; Land Cress, American Cress, agrião-da-horta agrião-de-jardim, Barbarea vulgaris Variegata, agrião-da-terra.
Parte Utilizada: Pequenas folhas rijas e de sabor mais picante e amargo do que o agrião.
Condições ambientais
Solo: Adapta-se a vários solos, desde os argilosos a arenosos, profundos, soltos, frescos, ricos em matéria orgânica, húmidos com boa drenagem e arejados. Prefere solos com pH entre os 5,8-6,8.
Zona climática: Temperada (com verão quente) e subtropical.
Temperaturas: Ótimas: 15-20 ºC Mín.: 10 ºC Máx.: 25 ºC
Paragem do Desenvolvimento: 8 ºC.
Exposição Solar: Pleno sol ou semissombra (outono-inverno).
Humidade relativa: Média a alta (80-85%).
Precipitação: 600-800 mm/ano.
Altitude: 0-1500 metros.
Fertilização
Adubação: Estrume de ovelha, vaca, galinha e peru, bem decompostos. Regar com “chá de composto”.
Adubo Verde: Colza, favas e mostarda.
Exigências nutritivas: 2:1:1 ou 3:1:1 (sendo uma cultura de folhas, gosta mais de azoto).
Técnicas de cultivo
Preparação do solo: Cultura muito fácil de preparar, deve ser feita uma lavoura entre os 20-25 cm de profundidade ou uma cava com incorporação de material orgânico já decomposto.
Data de plantação/sementeira: Setembro-novembro (início).
Tipo de plantação/sementeira: Diretamente no terreno, em pequenos sulcos ou a lanço, 1 g/m2, desbastar ao compasso desejado, quatro semanas depois.
Tempo de germinação: Entre 10-21 dias com temperaturas entre 15-20 ºC.
Duração germinativa: 3-4 anos.
Profundidade: 1-1,3 centímetros.
Compasso: Distância entre as linhas 20-30 cm e distância entre as plantas de 10-20 cm
Rotação: Com leguminosas.
Consociações: Com plantas altas, como couves (galega, kale, portuguesa), ervilhas trepadoras.
Amanhos: Sachas, corte da rama excessiva (quando tiver mais de 1,5 metro de comprimento), monda de ervas infestantes.
Regas: Em caso de poucas chuvas, regar 2,5 cm/semana em aspersão.
Entomologia e patologia vegetal
Pragas: Algumas lesmas e caracóis (tendo o seu crescimento no fim do outono e inverno), não se registam outras pragas.
Doenças: Muito raras, apenas se conhece o míldio.
Acidentes: Resistentes a geadas e à salinidade.
Colheita e utilização
Quando colher: 7-10 semanas depois de semear janeiro-março, assim que as plantas tenham 7-10 cm de altura, colhendo as folhas tenras de 2,5 cm acima do solo. Se colher as folhas individualmente, devem ser efetuadas parcialmente pelo exterior, deixando o interior vigorar e desenvolver mais folhas.
Produção: 1 kg/m2/ano em regadio.
Condições de armazenamento: Uma a duas semanas em frigorífico com temperaturas de 1 ºC e humidade relativa de 95%.
Valor nutricional: Rica em cálcio, ferro, e vitaminas C, A, B e E.
Época de consumo: Inverno-primavera
Usos: Em saladas (as sementes também), sanduíches, molhos, purés e sopas, mas também pode ser salteada em azeite ou cozinhada como o espinafre.
Medicinal: tem propriedades terapêuticas no alívio de distúrbios gastrointestinais, problemas respiratórios e infeções do trato urinário.
CONSELHO DE ESPECIALISTA
Não precisa de tanta água como o agrião-de-água, substituindo muito bem esta erva. Semeie no outono e colha no inverno, poupando na rega. Cerca de 10-15 plantas são suficientes para uma família de quatro pessoas. Depois de estabelecido, propaga-se sozinho, fornecendo plantas novas todos os anos.
No verão, pode dar sementes que podemos recolher. Tem sido utilizado em consociação com couves, já que esta cultura atrai as traças (Pieris rapae), que aí colocam os ovos nas suas folhas, mas as larvas que nascem e se alimentam destas plantas acabam por morrer devido ao conteúdo de “saponinas” existentes nesta cultura.
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