No período pós-Segunda Guerra Mundial, devido à urgência da construção de habitações, surgiram a um ritmo acelerado novos bairros, novas cidades e procedeu-se à reconstrução de centros históricos, encontrando na “urbanística moderna” respostas rápidas e eficazes para os
problemas. Destacou-se neste período a intervenção dos arquitetos paisagistas que começaram a desenvolver a sua profissão, primeiro, nos
Estados Unidos da América e no Japão, e, depois, um pouco por toda a Europa estendendo-se paralelamente por todo o mundo. A necessidade de construir habitação, aliada aos novos ideais modernos, permitiu aos arquitetos paisagistas dar o seu contributo para melhorar a qualidade de vida das pessoas através do planeamento das novas áreas urbanas, sem esquecer as componentes ecológica e cultural.
Em Portugal, durante os anos 40 e 50 do século XX, pela primeira vez uma equipa de arquitetos paisagistas veio integrar os quadros da Câmara Municipal de Lisboa (CML), de referir, em 1948, Azevedo Coutinho, em 1950, Ribeiro Telles e, em 1953, Edgar Fontes, entre outros consequentemente, deu-se início a uma nova fase nos espaços verdes em Portugal com notabilidade para a abertura de novos arruamentos arborizados na cidade de Lisboa, em muito devido aos novos bairros, bem como o desenhar dos espaços adjacentes entre edifícios, com o objetivo de oferecer zonas de estadia e recreio. Estreia-se aqui uma nova etapa também marcada pelas novas influências arquitetónicas e fundamentada nas novas soluções de urbanismo. É adotado, por exemplo o movimento moderno, tendo como referências Le Corbusier e a arquitetura moderna brasileira, que integram a função social no planeamento. Os primeiros projetos de arquitetura paisagista em Lisboa com uma intervenção mais completa foram os da Praça de Londres (Azevedo Coutinho 1950), da envolvente da Igreja de Santo Eugénio e da Mata de Alvalade (Ribeiro Telles ambas em 1951).
Deve-se à Câmara Municipal de Lisboa o planeamento e desenvolvimento de vários empreendimentos urbanísticos de cariz exclusivamente
social, nomeadamente os bairros da Encarnação, Olivais-Norte e Olivais-Sul, contribuindo para a construção de uma “nova cidade”. Estes bairros sociais, pensados e construídos segundo o espírito da Carta de Atenas, são um dos melhores exemplos do Modernismo em Portugal.
Importa realçar que a escola de Arquitetura Paisagista portuguesa foi fundada no ano de 1942 por Francisco Caldeira Cabral. Na sua escola, Caldeira Cabral ensinava a “trabalhar com a Natureza e não contra ela”, sendo para isso necessário um profundo conhecimento das ciências da Natureza, na perspetiva da “nova ciência” da ecologia.
Arquitetura paisagista
O curso de Arquitetura Paisagista assegura o ensino das áreas de projeto de arquitetura paisagista e ordenamento do território. Possibilita
ainda a coordenação ou integração de equipas multidisciplinares de planeamento e de ordenamento do território, planos de restauro de
jardins históricos, estudos de impacto ambiental, bem como concretizar e gerir projetos e planos de intervenção em áreas de conservação da Natureza. A dinâmica de ensino de projeto e planeamento de Arquitetura Paisagista, responsável pelo ambiente e conhecedor da ecologia, iniciou-se pioneiramente em 1942, pelo professor Francisco Caldeira Cabral no Instituto Superior de Agronomia, e prossegue adaptando-se à realidade do século XXI.
Referência bibliográfica:
Andresen, Teresa (Coord.) (2003). Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian: Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970). Fundação Calouste Gulbenkian.
Cunha, Ana Raquel (2014). Os planos de urbanização dos bairros da Encarnação e Olivais. O modernismo, a expansão da cidade de Lisboa e a Arquitetura Paisagista [Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista]. Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa.
Soares, Ana Luísa (Coord.) (2021). O arvoredo, os jardins e parques públicos de Lisboa (1755 – 1965), três séculos de um património botânico, paisagístico e cultural (1.ª Ed.). Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa.
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