São pequenas orquídeas que se tornaram um sucesso parecido com os bonsais. A origem é a mesma – o Japão – e são cultivadas pelas flores, pela folhagem e pela apresentação geral da planta. O segredo do sucesso, diz-se por terras nipónicas, é manter o interesse pela planta diariamente e não só quando está em flor.
A sua história remonta ao período Edo (início do séculos XVII), quando começou a ser cultivada no Japão (muitos defendem que terá sido esta a primeira orquídea a ser cultivada como planta de interior). É também chamada de orquídea-samurai porque o shogun Tokugawa Ienaria ter-se-ia apaixonado por esta planta que, diz-se, era procurada pelos samurais nas montanhas.
É encontrada a crescer em encostas montanhosas, em rochas, mas principalmente em pequenos ramos de árvores de folha caduca do Nordeste Asiático, China, Coreia e do Japão. No entanto, é no Japão, onde cresce junto a Nagasaki, na ilha de Kyushu e em diversas outras ilhas japonesas, que ganhou uma grande fama de cultivo.
Houve tempos em que uma planta mais rara desta espécie podia custar o mesmo que uma casa com um bom jardim. Felizmente que nos dias de hoje, com germinação in vitro e processos avançados de clonagem vegetal, o preço destas plantas já é acessível a qualquer colecionador. No entanto, ainda hoje é chamada Fuki-ran, a orquídea dos nobres e ricos ou ainda Fu-ran, a orquídea-vento.
A planta
A Neofinetia falcata é uma orquídea miniatura que pode crescer até aos 15 cm, mas cujo tamanho médio ronda os 7-8 cm. É uma planta monopodial, constituída por uma haste central onde crescem pequenas folhas curtas e finas, cerosas, com uma dobra longitudinal ao meio. Assemelha-se a uma pequena Vanda, género onde foi recentemente inserida, já sendo encontrada, em textos mais recentes, como Vanda falcata.
A planta pode ramificarse com novos rebentos a aparecerem junto às folhas mais perto da base. Nas axilas das folhas superiores, rebentam as hastes florais que crescem até 7-8 cm e que podem dar entre três e 15 flores. As flores medem cerca de 3 cm e são normalmente brancas.
Têm a particularidade de terem um pequeno esporão ou nectário curvado para trás. As flores são muito perfumadas, com um aroma que lembra o jasmim, durando entre um e dois meses.
O cultivo
Resistem bem a temperaturas baixas. Podem facilmente ser cultivadas num parapeito de janela ou numa estufa fria. Gostam de boa luz, mas nunca sol direto. As temperaturas ideais variam entre os 8-10 graus de mínimas no inverno e perto dos 30 graus no verão.
Os japoneses têm toda uma técnica de cultivo, utilizando lindos vasos de porcelana e enrolando as raízes numa bola de musgo de esfagno, mas podem ser cultivadas em qualquer pequeno vaso com substrato muito poroso (casca de pinheiro fina, perlite, musgo de esfagno) e também montadas em cortiça ou ramos de árvore, desde que as raízes não sequem totalmente na época de crescimento, entre a primavera e o outono.
No inverno, reduzem-se muito as regas a uns simples borrifos e suspende-se a fertilização. A melhor água para regar estas orquídeas é a água da chuva ou destilada, onde devemos colocar uma dose muito fraca de fertilizante próprio para orquídeas.
Normalmente, muda-se o substrato anualmente, no final do inverno, antes de a planta iniciar o seu período de crescimento. A floração aparece principalmente na primavera, mas pode acontecer até ao início do outono.
São orquídeas muito interessantes para cultivar e em Portugal. Podem encontrar-se à venda em vendedores especializados ou em exposições de orquídeas. Apesar de a Neofinetia falcata ter sempre as flores brancas, já existem muitos híbridos cujas flores têm tonalidades desde o rosa e amarelo até ao púrpura.
Fotos: José Santos
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