Carmen Caro O’Neill mudou-se para Portugal há 16 anos, quando se casou com Hugo O’Neill, proprietário da Quinta das Machadas em Setúbal. Dedicou-se com grande paixão a cuidar deste extraordinário jardim, onde passa várias horas por dia. Chegou a ter uma grande horta, de onde todos os dias levava produtos para o Mercado do Livramento em Setúbal e que era um grande sucesso.
Onde se situa o seu jardim e que área tem?
A Quinta das Machadas fica em Setúbal e tem cerca de 10.000 m2 de área pomar de citrinos, que são tratados por profissionais, e eu trato dos 3000 m2 de jardins que envolvem a casa, o que inclui um jardim de buxo de estilo francês com cerca de 900 m2.
O que faz no seu jardim? Tem alguma ajuda?
Faço de tudo um pouco e tenho ajuda apenas duas vezes por semana, para regar, podar e limpar.
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Quantas horas dedica à jardinagem?
Dedico cerca de 14 horas por semana a cuidar do jardim, mas por vezes são necessárias mais horas, principalmente quando recebemos visitantes. Temos muitas vezes grupos para almoçar e visitar a casa e o jardim. Pessoas de todas as nacionalidades, mas principalmente americanos, que viajam pelo gosto de visitar casas e jardins históricos que fazemos questão de receber da melhor forma.
Quais as ferramentas de jardinagem que usa no dia a dia?
As minhas ferramentas são diversas tesouras, enxadas, picareta e pá de plantação. O meu ajudante manuseia a motosserra, o corta-relva, o aparador de relva e pulveriza com os tratamentos ou fertilizantes necessários.
Quais os jardins em Portugal e no mundo que prefere?
Os meus jardins favoritos são claro o do Rei Sol (Versalhes); Santar Vila Jardim, perto de Viseu; o Jardim Botânico da Ajuda; Serratosa, em Valência; Santa Clotilde, na Costa Brava (Gerona); Palácio Fronteira, em Lisboa; Le Carmejane, em Menerbes (na Provença francesa), a Mertola em Menton, em França; o Lugar do Olhar Feliz, do Jean Paul Brigand, no Cercal, Alentejo; a Fundação Manolo Paz, em Cambados, na Galiza, Espanha.
Recomenda algum livro sobre jardins? Que revistas ou jornais lê sobre o tema?
Leio sempre a revista Jardins. Os meus livros favoritos são Reflections of Paradise, de Fernando Caruncho, The gardener’s garden, de Madison Cox, Planting the natural garden, Nourrir la planète, de Louis Albert de Broglie, Jardins de Portugal e Água nos jardins portugueses, de Cristina Castelo Branco, e encanto-me com Um jardim dentro de casa, de Teresa Chambel, porque com a falta de água tenho cada vez mais plantas em vasos.
Que sites visita sobre o tema?
Os sites a que acedo normalmente são www.topbuxus.com, os holandeses têm os melhores tratamentos para o buxo, www.baumaux.com para compra de plantas, www.gardena.com para compra de ferramentas, www.jardinero.net. www.leprincejar-dinier.fr e www.isa.ulisboa.pt para vários temas interessantes.
Qual foi o último objeto relacionado com jardinagem que comprou?
Comprei uma fantástica bolsa com vários compartimentos super confortáveis na Le Prince Jardinier que me deixa muito feliz.
O que aconselha aos jardineiros amadores?
Que sigam os conselhos da revista Jardins, porque são muito úteis. Ou que façam cursos online da plataforma www.dsigno.es, que são muito bons.
Qual é a sua planta ou flor favorita?
As minhas plantas favoritas são as hortênsias de todos os tipos, mas também gosto de jasmins, ciclâmenes para o inverno e kalanchoes para flores de verão.
Em que horto compra as suas plantas?
Os viveiros onde costumo comprar as plantas são os Arbovita, em Setúbal, e os Sigmetum, no Poceirão. Com o problema de haver cada vez menos chuva, de futuro teremos de usar cada vez mais plantas vivazes resistentes como as produzidas pela Sigmentum.
Que móveis de jardim tem e quais considera indispensáveis?
A Quinta das Machadas, em Setúbal, onde vivemos, é de 1770, logo penso que só servem os móveis antigos de ferro que sempre aqui estiveram e raramente os repinto porque não gosto deles muito perfeitos.
Qual foi o momento/acontecimento que a fez interessar-se por jardins?
Os meus avós tinham um bonito jardim do qual tenho muito boas recordações.
Anteriormente, em Espanha, tinha um grande jardim na Costa Brava, mas com muito bons jardineiros profissionais, por isso simplesmente gostava da conversa e dos planos do que havia para fazer. Desde que me casei com o Hugo O’Neill, há 16 anos, estou no comando do jardim da Quinta das Machadas. O Hugo permitiu-me construir jardins e hortas e, com uma ajuda maravilhosa para a sua manutenção, cheguei a ter uma banca no Mercado de Setúbal, para onde todos os dias transportava frutas e legumes de todos os tipos, bem como produtos transformados na quinta, como compotas, chutneys e licores coma ideia de criar uma marca Quintadas Machadas.
Sempre me surpreendo por ter conseguido levantar-me durante tantos anos às 5h30 da manhã, descer aos pomares e hortas e levar os legumes e frutas ao Mercado do Livramento. Infelizmente, os problemas de saúde de longa data do meu querido marido obrigaram-me a desistir. Também os trabalhadores romenos que aqui viviam e cuidavam dos pomares, hortas e jardins voltaram para casa e assim as hortas e pomares, mantendo os jardins com esforço.
A falta de água está também a ser um grande problema porque os sistemas de irrigação são antigos e os poços hoje em dia têm pouca capacidade, mas aqui estamos sempre com vontade de fazer o melhor possível.
Usa alguma roupa específica para jardinar?
Claro que uso roupas especiais para trabalhar no jardim, mas é o que costumava usar para caçar, íamos regularmente à Irlanda e à Espanha e tenho uma variedade de roupas, embora seja verdade que as estrago muito.
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