Conheci a Sara Leitão há dois anos por intermédio de um amigo comum. A sua paixão pelas plantas e pelos jardins fez com que naturalmente nascesse não só uma amizade como uma colaboração profissional entre nós. O seu jardim, horta e arranjos de flores são uma inspiração!
Sei que tem um jardim de que gosta muito. Onde se situa e que área tem?
O meu jardim fica em Azeitão, perto da serra da Arrábida, e a quinta tem a dimensão de um hectare, que se divide entre jardim e pomar.
Quais são as principais tarefas a que se dedica no seu jardim e o que é que gosta mais de fazer? Costuma ter ajuda?
Faço de tudo desde plantações, poda, rega, limpeza de canteiros, tanto no jardim como na horta… O que mais gosto de fazer é estacaria e reprodução de plantas. O desafio alicia-me e dá-me imensa satisfação ver a planta nova singrar e crescer. No final do inverno, também gosto de passar os dias na estufa a fazer sementeiras.
Tenho um jardineiro que vai três vezes por semana, duas horas. Ocupa-se do que eu chamo “jardinagem com máquinas”, que inclui o corte da relva, podas de arbustos altos ou de árvores mais inacessíveis, sendo ainda responsável pelo sistema de rega, que obriga a um controlo constante. Tenho uma pessoa que cuida da casa e que gosta muito de jardinar.
Quantas horas dedica normalmente à jardinagem?
Dedico grande parte do meu fim de semana à jardinagem. Durante a semana, tento ir a Azeitão umas duas vezes para jardinar e tratar da minha horta. No mês de março, chego a passar dias seguidos na estufa a semear as flores anuais para depois transplantar em abril.
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Estufa.
Quais as suas maiores preocupações na manutenção do seu jardim?
No verão, não podemos descurar a rega porque a Arrábida pode atingir temperaturas altas e severas para as flores, plantas no geral e hortícolas. O outono é o recomeço, há que limpar canteiros, podar arbustos, fazer algumas plantações. No inverno, temos a poda das roseiras, a proteção de algumas plantas mais frágeis e é quando dou início às sementeiras. Na primavera, ando acorrer atras do prejuízo, o controlo de pragas, as plantações novas, a adubação e a colheita das primeiras flores.
Que ferramentas de jardinagem não dispensa no seu dia a dia?
Luvas e baldes, no entanto, a tesoura de poda é aquela que anda sempre comigo.
Quais os jardins em Portugal e no mundo que prefere e quais os que mais a inspiram?
Em Portugal, distingo três jardins pela ligação emocional que tenho a cada um deles: o jardim da Gulbenkian, onde vou desde pequena e aonde volto esporadicamente para passear ou para participar em algum workshop de jardinagem; o jardim das Necessidades, muito perto da minha casa, onde vou com muita frequência – é o meu preferido com os seus recantos especiais; por fim, o jardim da Estrela porque era aonde levava os meus filhos quando eram pequenos.
No mundo, não vou esquecer o Jardim Botânico do Sri Lanka, onde fizemos uma visita guiada interessantíssima com o responsável deste jardim e uma referência mundial na área de botânica; em Londres, os Kew Gardens, com as suas estufas antigas majestosas e os seus nenúfares de proporções gigantescas. Aconselho a visita à região de Costwolds, em Inglaterra, onde se destacam jardins de casas antigas lindos e hortos maravilhosos para visitar, inclusive a propriedade das famosas rosas David Austin.

Pomar.
Recomenda alguns livros sobre jardins? Lê algumas revistas ou jornais sobre o tema?
Gosto muito de me inspirar em jardins bonitos e um dos livros de que mais gosto neste âmbito é Hampton Gardens. Apesar de me identificar muito com os jardins ingleses, este livro tem jardins magníficos. No que respeita à jardinagem e flores de corte, o livro Floret Farm’s Cut Flower Garden foi para mim uma bíblia. Quanto a revistas, recebo todos os meses em casa a revista Jardins e a revista House and Garden.
Costuma visitar sites sobre temas de jardins, plantas ou jardinagem?
Frequentemente recorro a dois sites: o da revista Jardins, que me remete para os seus vídeos muito completos, e o site da RHS (Royal Horticultural Society), também com informação exaustiva sobre os vários temas da área.
Qual foi o último objeto relacionado com jardinagem que comprou?
Provavelmente foram umas luvas ou mais uma tesoura de poda para a minha coleção.

Zona de refeições.
Que conselhos dá aos jardineiros amadores que pretendam aprender mais?
O primeiro conselho é experimentar e observar. Depois, procurar informação, seja através da participação em workshops, na Internet ou ChatGPT para começar a entender o vocabulário ou tirar dúvidas. Também podem seguir a minha página no Instagram (@sara.greenworld), onde vou dando dicas e sugestões, mostrando o que vou fazendo ao longo das várias estações do ano.
Tem alguma planta ou flor favorita? O que prefere cultivar?
Destaco três que são a minha perdição: túlipas, dálias e cosmos.
Há algum horto em especial onde compre as suas plantas?
Gosto muito de ir a hortos e vou a vários, mas uma das minhas grandes referências é sem dúvida o Viplant de Oeiras.
- Espantalho da horta.
- Horta.
Que móveis de jardim tem e quais considera indispensáveis?
Um jardim deve ser vivido, logo uma mesa de refeições é indispensável. Para quem gosta de ler no exterior, como é o meu caso, um bom cadeirão ou sofá é a deixa certa.
Qual foi o momento ou acontecimento que a fez interessar-se por jardins e/ou jardinagem?
A minha paixão por jardinagem surgiu quando, há 11 anos, adquiri a minha quinta em Azeitão.
Tem algumas personalidades no mundo dos jardins, das plantas ou da jardinagem que a fascinem? Alguém com quem gostaria de almoçar ou passear num jardim?
As minhas referências são Simon Lycett, que tive a sorte que fosse o meu guia na primeira vez que fui ao Chelsea Flower Show, Sara Raven e Floret. Os três sabem muito de flores e de jardinagem em geral, e seria certamente enriquecedor passear com qualquer uma destas pessoas num jardim.
Há algum evento do mundo dos jardins e da jardinagem em Portugal ou no estrangeiro que não perca e que queira aconselhar os jardineiros amadores a visitarem?
Sem dúvida, o Chelsea Flower Show, em Londres é um evento a não perder.
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