Grande parte das orquídeas que cultivamos são originárias de zonas tropicais.
À primeira vista, os nossos Invernos seriam um perigo para a sua sobrevivência. No entanto, existem muitas variedades que se podem cultivar no exterior.
A adaptação das orquídeas é extraordinária e desde há alguns anos que, por falta de espaço, tenho vindo a colocar algumas das minhas orquídeas no exterior, no meu terraço, durante todo o ano.
E elas não só se desenvolvem bem, como me presenteiam com bonitas florações. Uma das condições de cultivo de orquídeas a que devemos estar atentos quando compramos uma nova planta é, investigando a sua origem, a temperatura.
Se é uma orquídea menos comum, devemos sempre investigar a zona climática de onde é proveniente.
Temos, generalizando, orquídeas de zonas quentes, onde as temperaturas não vão abaixo dos 16-18 °C e podem ultrapassar os 30 ºC, seguindo-se as orquídeas de zonas intermédias com temperaturas a variar entre os 14 °C e os 28 °C e, depois, as orquídeas de zonas mais frias, crescendo em habitats de maior altitude, com um intervalo de temperaturas entre os 8 °C e os 10 °C de mínimas e máximas pelos 25-26 °C.
E esta é uma análise muito simplista, os habitats são muitos e muito variados e haverá sempre muitas plantas com particularidades específicas ao nível da temperatura.
O que cultivo no exterior
Há algumas orquídeas às quais chamamos mesmo orquídeas “de rua” por serem originárias de locais cujas temperaturas podem descer além do clima chamado tropical, são ideais para cultivar no exterior.
Falo, claro, dos famosos Cymbidium, dos Dendrobium nobile, dos Epidendrum radicans e também de alguns Paphiopedilum (sapatinhos) mais comuns, que podem ficar todo o ano no exterior.
De entre as orquídeas já menos comuns, cultivo também no exterior algumas espécies de Coelogyne, como as C. cristata e C. tomentosa. E também os Zygopetalum, as Stanhopea, as Sobralia. Dentro dos Dendrobium, os D. kingianum, D. speciosum, D. densidlorum e D. thyrsiflorum, estes últimos com as suas espetaculares florações em cachos.
A minha experiência com Cattleya no exterior não é muito válida, porque tenho poucos exemplares, mas alguns orquidófilos têm tido bastante sucesso com as variedades de flor mais pequena, especialmente híbridos. Dentro da mesma família, cultivo Sophronitis cernua há vários anos com bonitas florações.
Nas Laelia, todas as L. purpurata, as L. tenebrosa e também as L. gouldiana, as L. anceps e as pequenas Laelia litófitas. E, depois, temos também as Lycaste, as Acineta, os Catasetum e os Rossioglossum, entre outras.
Cuidados a ter
Primeiro que tudo, devo salientar que eu vivo em Lisboa, logo tenho algumas condições diferentes das de quem vive, por exemplo, em Braga, em Castelo Branco ou outras localidades com climas mais frios.
As espécies que aqui menciono podem ser cultivadas talvez no Algarve e em localidades no litoral do nosso País.
Onde resido as temperaturas raramente chegam aos 5 °C de temperatura mínima. Tenho também o cuidado de manter as plantas num local abrigado dos ventos fortes e das geadas. Algumas nunca são molhadas pela chuva, outras estão à chuva, mas protegidas por uma rede de sobra que tanto as resguarda do sol mais forte como da chuva, granizo e geada.
Muito importante também é, quando as temperaturas baixam, ter o cuidado de reduzir ou suspender mesmo as regas. Se estão molhadas quando as temperaturas baixam, é muito provável que as raízes e mesmo as folhas e pseudobolbos congelem e venham rapidamente a apodrecer.
Para as regar, eu escolho as horas mais amenas e muitas vezes utilizo água morna para o fazer. As quantidades de água e a frequência das regas é também muito menor.
Eventualmente, perdemos algumas plantas, por uma ou outra razão, ao longo da experiência de cultivo no exterior. É inevitável e temos de aprender com as conclusões que tiramos.
Mas é isso mesmo a jardinagem e a orquidofilia. Crescimento, aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e boas florações.
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