Conheça este inseto auxiliar que “dá luz” ao agricultor.
Organismo cuja atividade limita a ação e os prejuízos causados pelos inimigos das culturas.
Nome Comum: Pirilampo, vaga-lume, vaga-lume-português, caga-lume, lampirio, mosca-de-fogo, pirifora, lumeiro, besouros, luciemaga.
Nome Científico: Lampyris noctiluca (espécie portuguesa Luciola lusitanica).
Ordem: Coleópteros
Família: Lampyridae
Características
Adulto
O macho mede 1,3-1,5 cm e a fêmea 1,5-2,5 cm de comprimento. O macho adulto tem na parte anterior do tórax duas manchas (lanternas) que, quando apagadas, são de cora laranjada. A terceira lanterna fica no abdómen; só entra em atividade quando o inseto voa e pode emitir um raio de luz, de quase 1 m de diâmetro, sendo a cor na lanterna do tórax esverdeada e verde-amarelada na parte abdominal. O macho é o único que tem asas bem desenvolvidas, protegidas por élitros, e tem os olhos maiores para localizar a fêmea. Ambos têm antenas pouco desenvolvidas e retráteis. No estado adulto, vivem cerca de 3-4 meses.
Larva
A larva pode medir 0,4-3 cm de comprimento, tem cor castanha e preta, com pintas rosa em cada segmento. Tem uma parelho bucal com mandíbulas longas e tem antenas retráteis. Vive durante 1-2 anos.
Pupa
A pupa encontra-se no fim da primavera no solo ou nas cascas de madeira em decomposição, mantendo o brilho desta espécie, sendo ligeiramente amarela.
Ovos
Os ovos são esféricos de cor amarelada, sendo também ligeiramente luminescentes.
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Alimentação
As larvas adoram caracóis, lesmas, ácaros, cochonilhas, afídeos e larvas de outros insetos. Na falta de outros alimentos, também comem minhocas (o que não é bom para o agricultor). Conseguem imobilizar através de uma “toxina” (fluido anestésico) que paralisa a presa. Depois eles secretam enzimas digestivas que liquefazem apresa antes de a consumir. São por isso considerados auxiliares que mantêm baixas as populações de muitas pragas. Conseguem encontrar as suas presas seguindo o seu cheiro. Os adultos alimentam-se de pólen e néctar de flores que abrem as pétalas à noite ou não comem nada.
Ciclo de vida
Dos ovos nascem as larvas, que passam por 6-8 mudas até se transformarem em pupa. Na fase adulta, os machos, que são em maior número, voam no crepúsculo e durante a noite, procurando as fêmeas, que, apesar de terem asas, não voam. As fêmeas são muito parecidas com as larvas e sobem aos troncos, pedras ou ramos a pequenas alturas (cerca de 0,5 m) para emitirem luz mais intensa e contínua em três partes do corpo; os machos apenas piscam alternadamente. A luminosidade das sua lanternas permite que se localizem mutuamente. A procura de uma fêmea pode durar várias horas e, no caso de não a encontrar, o macho retira-se e volta no dia seguinte. Depois de acasalarem (durante 20-120 minutos), entre maio-julho, os ovos são postos em madeiras velhas, na superfície ou ligeiramente debaixo do solo, nas zonas florestais ou campestres. A fêmea, ao não voar, gasta menos energia e aplica-a na postura de ovos (300-500). Ao fim de 13-21 dias, surgem as primeiras larvas, que se alimentam durante cerca de 1-2 anos e crescem até se transformarem em pupas e, passados 7-14 dias, nascem os adultos. Assim podemos avistar as larvas quase todo o ano (no inverno, podem hibernar), mas só vemos os adultos no fim da primavera e no verão – estes só vão acasalar e pôr os ovos antes de morrerem. O ciclo de vida pode demorar cerca de 2-4 anos.
Habitat
Gosta de zonas húmidas, próximas de rios, lagoas, ribeiros ou pântanos, perto de árvores e arbustos como campos, prados, florestas, bosques. Os adultos fogem das cidades e aldeias, onde há muita luz, e das temperaturas do dia, e as larvas e fêmeas adultas andam junto ao solo e não percorrem grandes distâncias. O pirilampo tem vida noturna e durante o dia fica escondido nas plantas e troncos das árvores. Os climas preferidos são o temperado e tropical.
Principais inimigos
Poluição luminosa: As luzes das casas são muito más, porque atraem os machos e fêmeas, não se dando o encontro amoroso. Até as noites de lua cheia são más para o acasalamento.
Inseticidas com piretroides ou neonicotinoides (derivados da nicotina). E moluscicidas, que matam os caracóis e lesmas, os seus principais alimentos.
Destruição dos seus habitats.
Predadores como lagartixas, pássaros, aranhas e sapos.
Factos interessantes
Bioluminescência
Produzem luz através de uma reação química em que a proteína luciferina, na presença de uma enzima, a luciferase, com ajuda de uma molécula de ATP e do oxigénio, emite luz (90%) e calor (10%). A luz dos pirilampos é, pois, uma luz fria, altamente eficiente, que atira para um canto qualquer lâmpada de incandescência (nesta só 10% da energia emitida é luz) ou mesmo de halogéneo (cerca de 50% mais eficientes do que as anteriores) e LED com os maiores rendimentos luminosos, convertendo entre 60% e 80% da energia elétrica em luz visível.
Bioindicadores
Considerados bioindicadores, são dos primeiros a desaparecer quando há muita poluição química.
Código Morse
Cada espécie tem uma espécie de “código Morse” de luz para saber identificar o parceiro da mesma espécie.
Traição
Algumas fêmeas do género Photuris enganam os machos de outras espécies (por exemplo, os besouros Photimus) com as suas luzes e, quando eles se aproximam, comem-nos.
Gosto desagradável
A luz é utilizada quando são perturbados por predadores ou para comunicação. Mas também pode atrair predadores, mas a maioria não os come, os pirilampos são desagradáveis ou mesmo venenosos e contêm substâncias tóxicas (semelhantes a esteroides) de que estes não gostam.
Antiguidade
O mais antigo fóssil da família Lampyridae pertence ao período Cretáceo, 99 milhões de anos atrás.
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