Saiba que variedades deve selecionar para a sua horta.
As variedades tradicionais, locais, regionais, passaram a chamar-se variedades de conservação (autóctones), segundo uma diretiva da CE, e tenta-se com isto produzir e comercializar estas plantas, mantendo os cultivares “Vivos”. Assim, diz o decreto-lei n.º 54/2011, “promoção e utilização, de sementes de variedades autóctones (conservação) ou variedades regionais, de modo a manter o cultivo em determinadas condições e disponibilizar aos agricultores e público em geral, sementes que se encontravam fora dos circuitos comerciais normais e que acabariam por desaparecer caso não se incentivasse a sua preservação”. Esta lei iria “obrigar “as empresas e os agricultores a inscrever as variedades regionais no catálogo de sementes (C.N.V), cumprindo uma série de requisitos e impedindo a troca livre. Esta diretiva foi contestada por várias organizações, que elaboraram outra proposta para que os agricultores, pessoas individuais e organizações sem fins lucrativos pudessem guardar, usar e trocar as suas sementes e outros materiais de reprodução vegetativa, preservando a diversidade dos produtos agrícolas que alimentam muitas populações.
Muitas variedades tornaram-se autóctones, tendo tido originalmente proveniência noutros locais do mundo. O que se passou foi uma adaptação ao longo de muitos anos de cultivares a determinadas regiões de Portugal, dando lugar a variedades locais, tradicionais, ancestrais ou localmente adaptadas.
As variedades locais surgem associadas a uma região agrícola onde se deu a seleção/domesticação de um determinado cultivar.
Em agricultura biológica, procura-se sempre utilizar variedades autóctones ou locais. A maioria destas espécies tem características (resistência a doenças, pragas, adaptação climática) que lhe permitem uma maior adaptação ao local e maiores produções.
Como exemplo, temos a variedade de fava “do Algarve”, muito cultivada em Portugal. Tem vagem larga, é temporã, mede 20-38 cm, contendo 6-7 grãos.
PLANTA AUTÓCTONE
Variedades locais – São cultivares que possuem características genéticas hereditárias específicas, interessantes e localmente adaptadas à região onde evoluíram. Estas foram selecionadas pelos agricultores ao longo dos tempos, pelo facto de possuírem adaptações específicas a determinadas condições ambientais.
Variedade de conservação (VC) – variedades autóctones e outras variedades naturalmente adaptadas às condições locais e regionais e ameaçadas de erosão genética (Decreto-Lei n.º 257/2009 de 24 de setembro).
A colheita e conservação de semente livres de plantas autóctones tem os seguintes aspetos positivos:
· Económico – Poupar dinheiro na aquisição de sementes e, em certos países, contribui para a sobrevivência de muitas famílias que trabalham na agricultura. Não estando assim dependentes de sementes híbridas e geneticamente modificadas das grandes empresas mundiais.
· Biodiversidade – Permite conservar algumas variedades que com o passar dos anos vão sendo trocadas por outras mais produtivas e híbridas.
· Gastronomia regional – Muitas vezes, determinadas variedades podem ter características como o sabor ou aroma que enriquecem a tradição e a gastronomia de um determinado local.
· Clima/solo – Alguns cultivares guardados ao longo dos anos têm características que lhes permitem adaptar-se às condições edafoclimáticas do local.
· Resistência – Existem cultivares que ao serem selecionados durante anos podem ganhar características ou resistência a determinadas doenças ou pragas.
Algumas variedades hortícolas com origem noutras zonas geográficas e alguns cultivares tradicionais e populares em Portugal
*Variedades híbridas
**Variedades tradicionais ou regionais
Conclusões
As variedades consideradas autóctones são também chamadas de conservação (Diretiva 2008/62/CE), mas também regionais, locais, tradicionais. Para que a variedade seja autóctone tem de ser cultivada durante bastantes anos num determinado local e estar geneticamente adaptada à região ou ao local onde cresce saudável e sustentável, mesmo que originalmente tenha vindo de outra região, país ou continente.
A diretiva europeia criou um diploma para tentar proteger as variedades autóctones, da “erosão genética”, tentando que as empresas inscrevam estas variedades no C.N.V, cumprindo alguns requisitos gerais. Esta diretiva iria impedir a livre produção, utilização e circulação das sementes por parte dos pequenos agricultores que praticam uma agricultura do tipo familiar, essencialmente para autoconsumo. É importante não retirar a possibilidade de os agricultores tradicionais e familiares poderem guardar as sementes das suas culturas e alterar as suas vidas e os seus comportamentos de “guardiões da biodiversidade”, pois são eles os principais impulsionadores e criadores das variedades autóctones.
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