Como fazer uma boa gestão do recurso água.
Mais uma vez venho falar da água e da sua importância na produção dos legumes e hortaliças, sabendo que, num futuro muito próximo, vamos ter de optar por plantas mais adaptadas à seca.
As previsões não são animadoras, com cerca de 17% da população europeia em grande risco de escassez de água até 2050. De acordo com o índice PDSI no final de julho de 2022, mantinha-se a situação de seca meteorológica em todo o território, verificando-se, em relação ao final de junho, um aumento da área em seca extrema (passando de 28.4 para 44,8 %), em particular na região Sul e nalguns ocais do interior Norte e Centro de Portugal, o que leva as autarquias a tomarem medidas para poupar água. Segundo a CAP, a seca severa e extrema, já afeta 91% do nosso território, agravando a situação de catástrofe da agricultura portuguesa.
Neste artigo, vou escrever sobre a importância da escolha das culturas na horta, tendo o fator água como limitante. Para terem uma ideia, ao
produzir 1 kg de milho (do qual a maior parte vai para alimentação animal-vacas), precisamos de 1222 litros de água, para a couve-lombarda 237 l/kg, para o pepino 353 l/kg, para a batata 287 l/kg, para a alface 237 l /kg e para o tomate 214 l/kg. Precisamos refletir sobre estes valores elevados e a sua pegada ecológica…
Nas plantas hortícolas, a maior parte dos legumes frescos tem cerca de 90% de água na sua composição e, por exemplo, os melões, melancias, espargos e as alfaces têm 95% (segundo Hellriegel). Sabemos que para a formação de 1 g de matéria seca, são precisos 200-500 g de água (ex.: favas 283 g, ervilhas 273 g, milho 216 g).
Na horta, temos de fazer uma gestão e um planeamento adequado para aproveitar a pouca água que está disponível:
Espécie ou cultivar: Escolher a mais adequada para o local da horta e, se possível, variedades autóctones. O ciclo de vida também tem importância.
Desenvolvimento da planta: Durante o crescimento da planta, existem estados fenológicos que precisam de mais regas do que outros.
Época de cultivo: Tentar “jogar” com as estações do ano que têm mais precipitação.
Técnica de cultivo: Aplicar mais matéria orgânica (com húmus), fazer “empalhamento”, sebes protetoras do vento, sachas, mondas de ervas espontâneas, sistemas de rega que reduzem consumo de água (rega localizada), etc.
Condições edafoclimáticas: Ter em conta o tipo de solo, temperatura, humidade atmosférica e ventos.
As plantas absorvem a maior parte da água pelas raízes, assim, sistemas radiculares profundos são um parâmetro de seleção para melhorar a produtividade em ambientes com baixa disponibilidade hídrica (reduzida precipitação) e elevadas evapotranspirações.
Conclusão: a extração de água é influenciada pela distribuição geométrica das raízes e da disponibilidade de água no solo.
Rega localizada (microrrega) – Consiste num tipo de rega sob pressão em que a água é aplicada apenas nas zonas do solo em que se desenvolvem as raízes das plantas. A rega gota a gota, microaspersão ou fita de rega (T-Tape) são os sistemas com mais eficiência e poupança de água.
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