Mais do que um viveiro, um jardim que pode levar para casa
Este horto é especial. Entrar nele significa percorrer um jardim, que é desenhado e cuidado como tal, mas cujas plantas podemos levar connosco. Ao passear nele podemos ver as plantas cultivadas diretamente na terra, algumas já grandes, perceber como são combinadas e, aproveitando os conselhos dos proprietários, Maria João e Duarte Simões, levar para casa as plantas que mais se adequam ao nosso jardim. Situa-se em Azóia, Sintra, com vista para o Guincho.
Maria João e Duarte Simões
Porquê pegar numa antiga quinta e torná-la um centro de jardinagem?
Quando se vive e trabalha com paixão, é difícil estabelecer limites entre a nossa vida pessoal e o nosso trabalho. Assim, quando surgiu a possibilidade de recuperar a antiga quinta no Cabo da Roca adquirida pelos avós maternos do Duarte, optámos por integrar o espaço de trabalho no nosso local de vida, partilhando com os nossos clientes e visitantes o ambiente cuidado e único que pretendíamos para o nosso jardim.
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Como foi o processo de restauro e reconversão?
Começámos a partir de uma estrutura antiga na qual sobravam algumas árvores em mau estado de saúde, arbustos com imensas carências nutricionais, solo muito pouco fértil e erodido, e muitas, muitas acácias…
O grande desafio foi conseguir enquadrar pavimentos, muros de sustentação de terras, socalcos nivelados, rede de irrigação e incêndio, plantas de muitas espécies e diferentes necessidades ambientais, preservando e enfatizando a natural patine que os 80 anos conferem a este jardim.
São especializados nalgum tipo de plantas?
Depois de 30 anos a trabalhar com plantas mediterrânicas e subtropicais, foi, e continua a ser, um interessantíssimo trabalho de pesquisa sobre plantas oceânicas e continentais que compõem juntamente com as autóctones e xerófitas a palete de plantas que se encontram no nosso jardim e nos nossos projetos.
Quais são as plantas mais raras que aí podemos encontrar?
A este contínuo estudo de um novo habitat, junta-se a nossa curiosidade e predileção por espécies mais raras, diferentes na sua “arquitetura vegetal” ou na sua estética original, ou ainda nas suas funções complementares à horticultura, ou enquanto espécies ameaçadas. Sobretudo [sempre] bem-adaptadas às necessidades ambientais deste local difícil em que nos encontramos. Aqui podem encontrar-se variadas espécies de ácer, camélias, cicadáceas, fetos arbóreos, suculentas, entre outras.
Fale-nos um pouco sobre o vosso processo de produção, até porque, ao contrário dos outros viveiros, as plantas não são dispostas em vasos.
Estas plantas que cuidamos e vendemos provêm da multiplicação de existentes ou de aquisições que depois transplantamos, podamos, fertilizamos biologicamente de modo a conseguir obter o melhor potencial de cada planta. Depois, e com todo o cuidado, apresentamo-las de modo integrado na paisagem, a fim de se enquadrarem no ambiente do jardim, tornando-se parte da decoração.
Como escolhem as peças de decoração que têm disponíveis? Têm alguns fabricantes específicos?
Sempre considerámos a grande mais-valia de fazer interagir arte com jardim, por isso, optámos por uma série de estruturas de exposição, assim como peças que vendemos, provenientes de artesãos de Timor, do Zimbabué e do norte da Europa, o que nos garante uma oferta diversificada e de grande originalidade.
O que é que vos apaixona no mundo dos jardins e das plantas?
Para nós, a Natureza é verdadeiramente fascinante. Optar por viver promovendo-a, respeitando-a, cultivando-a e servindo-a é para nós um privilégio. Partilhar a nossa vida com a fauna e flora deste jardim, lutando para conseguir um pequeno ecossistema bem equilibrado e, simultaneamente, obter o provento de cada dia, é um projeto e um desafio apaixonantes.
Podemos considerar que este viveiro é também o jardim de vossa casa?
A produção, a decoração, a manutenção, o estudo das espécies que pretendemos ambientar ou consolidar e a transmissão deste conhecimento, desta experiência de mais de 30 anos, aos visitantes e clientes deste jardim é a nossa dedicação, o nosso trabalho, a nossa vida.
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