Nomes comuns: Couve de folhas, couve portuguesa, penca de chaves, tronchuda, couve-penca, couve cedovem, couve de Portugal.
Nome científico: Brássica Oleracea var. costata DC ou B. olerácea var tronchuda L. H. ou Bailey.
Origem: Europa (costa mediterrânica ou norte da Europa).
Família: Crucíferas ou Brássicas
Características: Trata-se de uma couve com cerca de 35-90 cm de altura e tem uma morfologia intermédia entre a couve “repolho” e uma couve de folhas da var. acephala. Forma um repolho que é mal definido (pseudo-repolho central), pouco firme, rodeado por folhas abertas e bem desenvolvidas, com uma boa espessura e uma nervura principal suculenta.
Fecundação/Polinização: As flores são brancas, hermafroditas, Auto férteis e são na sua maioria polinizadas por abelhas.
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Factos históricos
As couves são consumidas desde tempos pré-históricos à 4000 A.C. A origem das couves é muito variada, encontrando-se formas silvestres em lugares como Dinamarca, Grécia, mas sempre em zonas costeiras. Já era conhecida dos egípcios desde 2500 a.C., sendo mais tarde cultivada e consumida pelos Gregos no século IV a.C. Até ao final da Idade Média, as couves de folhas (incluindo a Portuguesa) eram as mais cultivadas e consumidas na Europa. Eram o sustendo de muitas famílias e também era utilizada a nível medicinal, para facilitar a digestão e eliminar a embriaguez.
A couve-Portuguesa, deve ter sido, o resultado da hibridação de uma couve tipo repolho e de uma couve de folhas tipo “Galega”, tendo sido selecionada na Península Ibérica. Podemos dizer que cada português consome 15-20 Kg de couves ao ano e cerca de metade são do tipo “Portuguesa”. Devido à sua rusticidade, podemos vê-la, nas hortas familiares, campos baldios e até em zonas de declive acentuado, junto as autoestradas. É muito consumido na ceia de dia 24 de dezembro, véspera de Natal.
Ciclo Biológico: Planta bienal (5-8 meses), mas podem durar até 2 anos, espigando depois.
Variedades mais cultivadas: Existem algumas sementes que pertencem a este grupo de couve, mas são todas muito parecidas. Assim temos a “Penca de Chaves”, “Portuguesa”, “Penca da Povoa”, “Murciana” e “Gloria de Portugal”, “Penca da Povoa verde”, “Tronchuda”.
Parte comestível/utilizada: Folhas e inflorescências.
Condições ambientais
Solo: Adapta-se a vários tipos de solos, mas prefere solos de textura média ou argilosa, soltos, bem drenados, profundos frescos, ricos em húmus e bem drenados. O pH deve ser de 6,5-7,0.
Zona climática: Zona Mediterrânica e temperada. Tolera bem as brisas marítimas.
Temperaturas: Ótimas: 15-20ºC; Temperatura crítica mínima: -8ºC; Temperatura crítica; Máxima: 35ºC; Zero da vegetação: -9ºC
Exposição solar: Gosta de sol, tem a floração em dias longos, com mais de 12 horas.
Humidade relativa: Elevada
Fertilização
Adubação: Aplicação de estrume de ovelha e vaca, bem decompostos. A couve, sendo uma variedade rústica, é uma planta que aproveita bem os estrumes de curral, compostos caseiros e os resíduos sólidos urbanos bem decompostos.
Antigamente a cal em pó se utilizava como um grande estimulador do desenvolvimento e do crescimento. Em terrenos ácidos deve-se juntar cálcio ao composto, Lithothame (algas) e cinzas. Sendo a couve-Portuguesa mais rústica é menos exigente em nutrientes do que as outras couves.
Adubo verde: Azevém, luzerna, trevo branco, medicago lupulina e favarola.
Exigências nutritivas: 2:1:3 (azoto: fósforo: potássio)
Técnicas de cultivo
Preparação do solo: Pode utilizar-se um escarificador de bico curvo de ponta dupla, para uma lavoura profunda, fragmentar os torrões e destruir as ervas daninhas. No terreno podem ser feitos camalhões com 1-1,25 m de largura.
Data de plantação/sementeira: Quase todo o ano, embora recomende setembro-outubro ou julho-agosto (para colher no inverno)
Tipo de plantação/sementeira: Em tabuleiros de sementeira em alfobre.
Germinação: 6-15 dias com temperaturas entre 20-30ºC.
Faculdade germinativa (anos): 4 anos
Profundidade: 0,5-2 cm
Compasso: 45-80 entrelinhas x 30-40cm entre plantas na linha
Transplantação: 6-7 semanas depois da sementeira ou quando tiverem 10-20 cm de altura com 3-5 folhas (antes ou durante o mês de novembro).
Consociações: Cenoura, alface, cebola, batata espinafre, tomilho, acelga, hortelã-pimenta, salsa, funcho, aipo, tomate, alfazema, feijão, ervilha, pepino, beterraba, valeriana e espargos.
Rotações: As plantas do grupo das Solanáceas (tomate, beringela, etc.) e cucurbitáceas (abóbora, pepino, aboborinha etc.) são bons precedentes desta cultura. Depois de retirada a cultura não deve voltar ao terreno durante pelo menos 5-6 anos.
É uma boa cultura para terrenos em que o estrume ainda não esteja totalmente decomposto. Pode até iniciar um esquema de rotação de culturas (embora seja uma cultura esgotante).
Amanhos: Sachas, amontoas, tutorCoamento quando a couve ultrapassa 1 m de altura, “mulching” ou empalhamento.
Regas: Por aspersão ou gota-a-gota.
Entomologia e patologia vegetal
Pragas: Lagarta da couve, pulgão, larva mineira, lesmas e caracóis, nemátodos, áltica e mosca da couve, nóctuas, traça da couve.
Doenças: Míldio, oídio, alternariose, podridão, ferrugem branca, potra e viroses.
Acidentes: Pouca tolerância à acidez, espigamento prematuro, necrose marginal, carências de boro e molibdénio.
Colheita e utilização
Quando colher: Corta-se manualmente com uma faca ou tesoura de poda o colo na base da planta (dezembro ou março-abril), 100 a 200 dias depois da sementeira. Cada couve deve ter 3-6 Kg. Depois de cortada a “cabeça”, produzem-se uma série de rebentos laterais.
Produção: 15-17 t/ha/ano
Condições de armazenamento: 0-1ºC e 90-95% de humidade relativa, durante 5-6 meses, com CO2 e O2 controlados.
Valor Nutricional: Este tipo de couve é mais rica em carotenoides e clorofila, sendo ricas em pró-vitamina A, vitamina C, B1, B2, cálcio, ferro, magnésio, enxofre, cobre, bromo, silício, iodo e potássio.
Usos: É muito utilizada em Portugal, para acompanhar pratos como: o cozido á portuguesa, feijoada a transmontana, arroz de grelos, polvo cozido e na elaboração de sopas (caldo verde). É muito consumido na ceia de dia 24, véspera de Natal.
Medicinal: A maioria das couves previne a incidência de alguns tipos de cancro. Tal acontece porque têm na sua constituição glucosinolatos, que determinam o aroma e previnem o início do cancro. Tem efeitos anti anémicos, diuréticos, energéticos, remineralizantes, anti-inflamatórios e antibacterianos.
Conselho do especialista
Aconselho esta cultura para plantação no outono-inverno (resistente a baixas temperaturas), ou julho-agosto, caso a queira para consumo na época natalícia. Adapta-se a quase todas as zonas e climas de Portugal (solo e temperatura), devido à sua rusticidade.
O seu grande poder antioxidante, torna esta couve num alimento medicinal, que combate o cancro. O único problema é que a couve é uma planta “desgastante”, que precisa muito de azoto e outros nutrientes que vai alimentar-se do solo, empobrecendo-o.
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Fotos: Pedro Rau
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