Aromáticas e Medicinais

Da casca do salgueiro à revolução médica

da casca do salgueiro ao ácido salicílico

 

A jornada do ácido salicílico

 

Desde os primórdios da História que o uso de plantas medicinais teve um papel preponderante na sobrevivência e no bem-estar das comunidades humanas.

Os conhecimentos adquiridos acerca dos usos das plantas medicinais, fruto da observação e experiência acumulada ao longo de gerações, contribuíram para a medicina tradicional e para o desenvolvimento de novos medicamentos na farmacologia moderna. As plantas medicinais continuam a ser uma fonte de tratamento acessível e sustentável em muitas partes do mundo, mas é importante ser consciente na sua utilização; acautelar a preservação dos seus ecossistemas é garantir a disponibilidade dos seus valiosos recursos.

 

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Muitos medicamentos modernos foram desenvolvidos a partir de compostos encontrados em plantas medicinais. A aspirina, por exemplo, foi sintetizada a partir do ácido salicílico encontrado na casca de salgueiro. A partir das plantas, os cientistas podem identificar e isolar substâncias ativas para o desenvolvimento de medicamentos. Não se sabe com precisão quando terão sido descobertas as propriedades associadas ao salgueiro, mas foram vários os contributos para a disseminação desta informação: c. 1550 a.C., na publicação O Papiro de Eber, é feita referência à casca do salgueiro; c. 400 a.C. Hipócrates, pai da medicina, aponta a casca de salgueiro para o alívio das dores do parto; c. 30 d.C., Celsus, utiliza as folhas de salgueiro para tratar inflamações; c. 50 d.C. Dioscórides documenta, no seu livro De Materia Medica, o uso medicinal das casca de salgueiro. Depois de vários estudos e ensaios ao longo dos séculos XVIII e XIX – desenvolvidos em Inglaterra, Alemanha e Itália –, no final do século XIX o potencial da salicina era já claro no combate à dor, febre e inflamação. Alguns dos maiores inconvenientes associados à sua utilização eram o sabor amargo e a existência de efeitos secundários, como a irritação do estômago. Em 1897, o químico alemão Félix Hoffmann, sintetizou uma fórmula modificada do ácido salicílico – o acetilsalicílico – e, em 1899, a Bayer lança o medicamento Aspirin, comercializado inicialmente em pó. A Aspirina foi uma verdadeira inovação que veio revolucionar a saúde, cerca de 100 anos depois do início da sua comercialização, em 1900; foi o primeiro medicamento a ser comercializado sob a forma de comprimido. A marca é registada em 1906, passando a ser conhecida como “a droga maravilha”. É importante referir que o ácido salicílico pode ser encontrado noutras plantas além do salgueiro, nomeadamente na Spiraea ulmaria.

Salix alba L. (salgueiro-branco)

Árvore caducifólia, de crescimento rápido, com copa larga e irregular. A sua principal área de distribuição natural é da Europa ao norte da China, e noroeste de África. Ritidoma cinzento, de aspeto fendido. Folhas simples, lanceoladas, alternas, glaucas em ambas as páginas (embora menos na inferior), o que lhes confere um tom prateado. Inflorescências, em espiga alongada, eretas. Flores masculinas amarelas/esverdeadas reduzidas a dois estames e uma glândula produtora de néctar; e as femininas reduzidas a um pistilo. O fruto é uma cápsula, bivalve, com numerosas sementes.

Família: Salicaceae.
Altura: Até 25 metros.
Floração: Março a maio.
Curiosidades: A sua casca possui propriedades medicinais. É habitual encontrar esta espécie em zonas ribeirinhas (margens de rios, ribeiras e zonas húmidas). É uma espécie Muito suscetível a doenças (e.g. antracnose do salgueiro, causada pelo fungo Marssonina salicicola, e a marca d’agua, causada pela bactéria Erwinia salicis).

 

Filipendula ulmaria L. (ulmária, rainha-dos-prados)

Erva vivaz, a sua área de distribuição natural é da Europa ao extremo Oriente russo e Irão. Folhas compostas, de cor verde-escura na página superior e branca na página inferior, aromáticas. Inflorescências do tipo cimeira, compostas por flores de pequenas dimensões, de cor branca, também elas aromáticas.

Família: Rosaceae.
Altura: Até 1,5 metro.
Floração: Junho a outubro.
Curiosidades: A ulmária tem vindo a ser utilizada em várias formas de medicina tradicional (e.g. infusões, decocções, extratos e pomadas) devido às propriedades medicinais das várias partes da planta, como flores, folhas e raízes. É habitual encontrar esta espécie em comunidades herbáceas altas, em solos húmidos, como em margens de rios, lameiros, soutos e carvalhais.

 

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