Desde a Antiguidade que eram já muito apreciadas pelos antigos egípcios, gregos, romanos e árabes. Na Europa, era muito comum o uso das ervas aromáticas mediterrânicas, como a salva; a murta; o anis; o funcho ou o sumagre. Algumas eram utilizadas no fabrico de licores, outras como conservantes de alimentos e muitas também para fins medicinais.
A utilização de especiarias e ervas aromáticas na culinária
Os usos culinários de algumas ervas aromáticas cingiam-se às casas e cozinhas ricas, não sendo a sua utilização tão comum pelas classes mais pobres, que apenas as usavam muito pontualmente e mais para fins terapêuticos.
Hoje, a nossa alimentação é muitas vezes artificial e pouco saudável. Grande parte das pessoas, principalmente em meio urbano, não pára para pensar nas consequências que têm as escolhas feitas todos os dias.
Especialmente no momento em que decidem o que vão cozinhar para o jantar, para o almoço ou para qualquer refeição. Essas escolhas, que deveriam ser conscientes, têm um enorme impacto na saúde do planeta e no bem-estar de cada um de nós.
“O nosso alimento é o nosso medicamento”
Por essa razão e porque deixámos de saber comer, assistimos atualmente a uma verdadeira epidemia de doenças oncológicas, neurológicas e sociais. Deixámos de saber cuidar de nós, permitindo que o mercado e os interesses financeiros ditem as regras e decidam por nós aquilo que devemos comer.
As prateleiras dos supermercados transbordam de produtos que nem sequer deviam ser considerados alimentos, mas são-no.
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As pessoas consomem estes alimentos sem querer saber o que significam todos aqueles códigos de números e letras e nomes estranhos, como glutamato monossódico; espessantes; estabilizantes; edulcorantes; antiumectantes e conservantes.
Há 40 anos que pratico uma alimentação saudável, biodiversificada e biológica. Por isso, dói-me assistir a esta falta de questionamento daquilo que nos impõem como sendo alimento e que está longe, muito longe, de o ser. Estes produtos servem apenas um senhor, o dinheiro resultante da industrialização maciça e destrutiva da saúde pública.
Especiarias: a pimenta (Piper nigrum), o gengibre e a curcuma
Ao utilizarmos, a pimenta nos cozinhados, estamos a estimular os sucos digestivos e a contribuir para uma melhor metabolização dos alimentos. A piperina é essencial na absorção da curcumina presente na curcuma, especiaria oriunda da Ásia e muito estudada pelas suas propriedades anticancerígenas.
Pertence à família das Zingiberáceas, é prima e muito semelhante ao gengibre, conhecido e utilizado pelos seus usos culinários e medicinais, já aqui descritos em artigos anteriores.
É sempre bom lembrar, no entanto, o inestimável valor que o gengibre deve ter nas nossas cozinhas, sobretudo no inverno, pois aquece e conforta o corpo e a alma.
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Especiarias: o cravinho ou cravo-da-índia (Syzygium aromaticum)
Pertence à família das Mirtáceas, sendo utilizados os botões florais e o óleo essencial. O botão da sua flor, seco, é utilizado como especiaria desde a antiguidade, empregado na culinária e no fabrico de medicamentos. O óleo essencial de cravinho é um potente antisséptico.
Usa-se no tratamento de náuseas, flatulência, indigestão, diarreia, tem propriedades bactericidas e é também usado como anestésico para o alívio de dores de dentes, tem propriedades analgésicas, podendo ser usado também no alívio de enxaquecas e dores musculares.
A importância das especiarias na alimentação as especiarias e ervas aromáticas têm um valor inestimável na alimentação e na saúde. Algumas delas, as mais exóticas, como a pimenta, o cravinho e a noz-moscada, estiveram na origem de guerras e atos de pirataria e saque, tal era o seu valor.
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A noz-moscada
Muito utilizada no tratamento de diarreias, febres e insónias.
O cardamomo
É uma planta da família do gengibre, com folhas grandes e frutos secos de cor esverdeada contendo sementes negras. Tem aroma intenso e gosto forte, levemente apimentado.
Tem propriedades antissépticas, digestivas, diuréticas e expetorantes. O cardamomo é muito utilizado para aliviar cólicas intestinais, flatulência e espasmos. É uma boa opção para auxiliar no tratamento de gripes e constipações, por ter propriedades expetorantes. Indicado também para baixar a febre.
O anis-estrelado (Illicium verum)
Nada tem a ver com a Umbeliferae (Pimpinella anisum), pertence à família das Iliciáceas (Magnoliáceas), sendo utilizado o fruto em forma de estrela. Tem um sabor forte, picante e algo doce. Alivia cólicas, combate o reumatismo, é diurético, digestivo e estimulante.
Usa-se contra dores nervosas, catarros, tosse crónica e digestões lentas. As sementes, em infusão, abrem o apetite, eliminam gases e cólicas infantis e aumentam a secreção de leite nas mães grávidas. Evita náuseas, enjoos e vómitos, ajuda a tratar a gripe, o reumático e a congestão nasal.
Na Europa, era muito comum o uso das ervas aromáticas mediterrânicas. Algumas eram utilizadas no fabrico de licores, outras como conservantes de alimentos e muitas também para fins medicinais.
A canela
A canela já foi mais preciosa do que o ouro e a prata. Em pau ou moída, é extraída da casca de uma árvore natural do Ceilão. Contém um óleo essencial com atividade anti-bacteriana, antiviral e analgésica.
A canela é útil no tratamento da diabetes, equilibrando os níveis de glicose no sangue e limitando a sua acumulação como gordura. Reduz as inflamações das vias respiratórias e a produção de expetoração.
A canela estimula o sistema digestivo, circulatório e respiratório, tendo ação revigorante sobre o organismo. É utilizada para combater vários problemas gastrintestinais como flatulência; perda de apetite; diarreia; parasitas; espasmos intestinais e dores menstruais.
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Veja o vídeo Tutorial: Mini jardim de aromáticas
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