Aromáticas e Medicinais

História do cravinho

Cravinho (Syzygium aromaticum)

Neste mês de festas natalícias, o destaque vai para o cravinho, muito utilizado nesta época na confeção de pratos festivos em Portugal assim como noutros países. Hoje fique a conhecer alguns dos factos históricos mais importantes por detrás desta especiaria.

História e expansão

Os primeiros a escreverem sobre o cravinho (Syzyium aromaticum) terão sido os chineses. Mencionavam-no nas suas utilizações culinárias e terapêuticas 400 anos a.C.

O cravinho era tão importante para esta cultura que para solicitar uma audiência com o Imperador, os súbditos levavam na boca cravinho que iam mastigando para purificar o hálito.

Existem registos arqueológicos de vasilhas sírias encontradas com resíduos de cravinho, datadas de 1721 a.C.

Os romanos eram grandes apreciadores de cravinho. Todos os anos gastavam fortunas nesta especiaria que vinha da Ásia através da rota das especiarias; realizada por terra e por mar através do Mar Vermelho e do Golfo Pérsico e controlada pelos árabes.

No séc. XV, com a descoberta do caminho marítimo para a Índia e a assinatura do Tratado das Tordesilhas, Portugal passou a ter o monopólio da rota das especiarias. Este facto trouxe muito dinheiro à coroa portuguesa mas também invejas e guerras, principalmente com os espanhóis e holandeses.

Em 1630 travou-se uma batalha ao largo do arquipélago das Molucas, na Indonésia, entre holandeses e portugueses. Nessa altura os portugueses eram os únicos conhecedores do caminho marítimo para essas ilhas onde cresciam em abundância estas árvores.

Tendo os holandeses ganho a batalha e querendo ser os únicos detentores do comércio desta valiosíssima especiaria, começaram a destruir as árvores que cresciam nas ilhas vizinhas, o que causou grande raiva nas populações locais, pois era hábito em muitas culturas da região a plantação de uma árvore de cravinho quando nascia um filho, estando a saúde e bem-estar da prole diretamente ligado à árvore.

A companhia holandesa das Índias orientais foi a primeira multinacional do Mundo com todas as características modernas das multinacionais – monopólio, trabalho feito por mercenários e escravos, desrespeito pelas populações locais e morte aos rivais. Foram eles que durante dois séculos mantiveram o controlo da rota das especiarias; canela, cravinho, pimenta, gengibre e noz-moscada.

Este monopólio durou dois séculos até 1776, ano em que o botânico francês Pierre Poivre conseguiu levar sementes para as ilhas Maurícias e aí começar uma plantação. No séc. XVI, 1 kg de cravinho valia 7 gramas de ouro e mais tarde, no séc. XVIII valia o seu próprio peso em ouro.

Atualmente, o maior produtor é Zanzibar. Pode encontrar-se também em Moçambique, Brasil, Caraíbas, Madagáscar, Tanzânia, Índia e Indonésia, que consome 50% da produção mundial devido ao fabrico que aí se faz de cigarros com cravinho com o nome de Kretek.

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