Hoje vamos conhecer duas espécies de insetos muito ativas nas hortas de Lisboa, pertencentes à família dos Estafilinídeos.
Muitas vezes, nas nossas hortas ou jardins, encontramos insetos e outros animais que não sabemos se são bons ou maus para as nossas plantas. Por isso temos de conhecer quem são os verdadeiros auxiliares do agricultor. Vivem no solo em zonas com muita matéria orgânica, no estado larvar e adulto. Nesta família, além destas duas espécies, existem mais 3100, a maioria das quais são auxiliares muito úteis nas hortas e jardins.
Nome científico
A Ocypus olens (Staphylinus olens), a espécie maior da família, e a Ocypus ophthalmicus, um pouco mais pequena, mas também muito útil, são as mais comuns na horta.
Família
Estafilinídeos.
Nomes comuns
Lacrau-russo, cocheiro-do-diabo, diabos-de-capelo, escaravelho-errante, “O diabo”, besouro-cavalo, alacroa (Ocypus olens – espécie maior). Em relação à espécie de menor tamanho (Ocypus ophthalmicus), os nomes mais comuns são besouro, estafilinídeo, estafilinídeo-comum e escaravelho-errante-azuladado.
Habitat
Preferem normalmente áreas húmidas com muita matéria orgânica sólida e, em Portugal, podem ser encontradas praticamente durante o ano inteiro, apesar de terem atividade mais reduzida nos meses de verão (julho e agosto). Durante o dia, refugiam-se debaixo de troncos em decomposição, esporos de fungos, cascas de árvores, ninhos abandonados de aves, turfeiras, fardos de palha, tábuas e caixas de colheita de frutas, estrume em decomposição ou fresco, pedras, folhas caídas secas ou verdes. Também gostam de locais com flores.
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Características
Trata-se de insetos com preto na suas cor e corpo delgado e alongado, com a particularidade de terem um abdómen muito desenvolvido, com seis segmentos. Podem ter 17-35 mm de comprimento, cor preta e duas pinças na cauda. Têm pequenas asas (élitros) e cobrem o tórax, o abdómen fica descoberto, tendo a sua musculatura muito desenvolvida. Conseguem voar, embora quase não aconteça; quando o fazem, é pouco duradouro. Em situações de ameaça, apresentam um comportamento de defesa, erguendo o seu longo abdómen, mas não têm órgãos venenosos. Apesar de não terem esporão (como os lacraus ou escorpiões), são bastante agressivos e podem morder com as suas mandíbulas, o que é doloroso para os animais (humanos incluídos) atacados. Também emitem um líquido oleoso com odor pestilento a “éter acético” como mecanismo de defesa, proveniente das glândulas situadas na extremidade do abdómen.
Ciclo de vida
A fêmea deposita os ovos quando o tempo começa a esfriar (no outono) duas a três semanas depois de acasalarem. Estes ficam junto de uma fonte de alimento ou em zonas com muita matéria orgânica, debaixo de folhas ou pedras. A larva nasce e mantém-se nos solos húmidos ricos em material em decomposição, alimentando-se de larvas, pupas de lagartas e cadáveres de insetos, durante uns meses, passando três estádios ou instares (o último demora cerca de 5-6 meses), até se transformar em pupa no solo.
Quando os adultos nascem no verão, são muito ativos, especialmente à noite (não gostam de sol e calor intenso), e o acasalamento acontece no fim do verão e outono. O Ocypus olens tem uma esperança de vida de cerca de um ano.
Hábitos alimentares
São ativos desde o entardecer até ao amanhecer, pois não gostam de raios de sol nem de temperaturas altas. As larvas, no estado de larvar ou adulto, são predadoras de ovos, pupas e adultos de algumas pragas: lesmas, caracóis, ácaros, tripes, mosca-branca-da-cebola, mosca-da-raiz (Delia spp.), mosquitos dos fungos (Sciaridae), alfinete da batateira (Agriotes spp.), afídios, larvas e pupas de várias moscas, traças, besouros-da-madeira ou caruncho (Bostriquídeos), bichos-de-conta, podendo ainda comer larvas e ovos de formigas. As espécies mais pequenas de estafilinídeos alimentam-se de fungos, são detritívoras e parasitoides de várias pragas.
Inimigos deste auxiliar
O Homem com os seus pesticidas e a agricultura intensiva, as lagartixas, pássaros e ratos.
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