Virado a sul, as condições extremas de vento e desidratação rápida não impedem que este jardim tropical prospere e brilhe.
Passeando visualmente pela área que agora podemos intitular de jardim do apartamento, notamos que toma a atenção de todos, na subtil função que tem como extensão da casa para o exterior. Esta foi a primeira característica que quis enaltecer quando reestruturei o espaço para devolver a imensa expectativa que o dono da casa mostrava perante o desafio. Mencionei lhe que ali precisávamos de dotar bem-estar associado a um ambiente de frescura para contrapor o calor do verão. Optei pela escolha de folhagem ornamental primordialmente verde-lustrosa. O brilho lustroso que algumas espécies oferecem impôs a seleção para que o trabalho final promovesse a frescura visual permanente que unicamente estes espécimenes proporcionam. A aparente sensação de frescura está, assim, assegurada. Um truque visual que contraria a perceção humana em ambientes originalmente hostis pelo intenso calor e vento que se fazem sentir no local.
As notas de cor assimilavam o rosa que cobre as paredes de todo o edifício, tendo centrado o foco nalgumas espécies de tons dentro do espectro rosado, mais ou menos intenso, como a Cordyline australis “Pink Passion”. A passagem até ao vermelho é gradual e alonga-se pelas floreiras que acompanham a guarda de vidro, onde se percebe a ausência de cor de origem inorgânica. Assim, a liberdade para expor uma cor diferenciada está garantida. É o caso do vermelho da Russelia equisetiformis.
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Como havia referido, a predominância da cor rosa do edifício constrange as decisões de design a aplicar neste pequeno terraço. Apesar de ser uma cor relativamente fácil, suave e comunicativa com o ambiente de jardim, reduz, por outro lado, a paleta de cores e padrões ornamentais das espécies de plantas a escolher, uma vez que foi minha absoluta intenção envolvera arquitetura do espaço e diluí-lo no jardim.
Não quis jamais conduzir a atenção unicamente para as opções de plantas usadas na composição, mas sublinhar uma leitura integral e a sua relação com os materiais e cores destes comas plantas. Usei grandes floreiras lacadas de branco-pérola feitas manualmente que, com modernidade, conectam o rosa das paredes com as linhas clássicas do toldo, essencial para a boa condição dos exemplares e a fruição do terraço durante todo o verão.
O efeito do vento fortíssimo que se faz sentir em permanência é reduzido pela massificação de exemplares que assim se auto protegem. A densidade filtra as correntes de ar e, em simultâneo, privilegia a estética visual. O agrupamento de vasos de várias alturas cria a dinâmica e desconstrói a eventual monotonia que as linhas retas das floreiras assumem. Quis constantemente provocar quem entre neste terraço, através da quantidade e insistente de verde que plantei em detrimento da cor. Esta concentrou-se no vermelho e sempre aquando da floração da Russelia, Metrosideros e Aloe. A espécie de assinatura recai nos vasos onde expus a Alcantarea imperialis, tornando especial a lista de plantas do jardim! Agrada-me conseguir integrar a coleção de plantas reunidas pelo proprietário até à intervenção e valorizá-las na nova composição. Tenho, desta forma, mantido uma mensagem de convite e estímulo a todos aqueles que me pedem para redesenhar espaços ajardinados, sublinhando o interesse sobre plantas e jardins, preservando a alma de jardineiro dos proprietários, trabalhando também comas suas plantas. Regozijo-me na transformação do terraço em pleno sol, num lugar recuperado ao apartamento, que passou de um espaço incómodo a um recanto visualmente fresco onde finalmente cresce um jardim de plantas e emoções. O terraço transformado é agora o motivo de verão principal na fruição desta casa lisboeta onde o prolongamento do verde se faz desde logo a partir do janelão da sala de estar!
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