
Lesões circulares
Doença que pode ter alguma importância nas culturas que permanecem no terreno mais de um ano e nos agricultores que aproveitam sempre os propágulos das culturas anteriores.
Nomes comuns: Phomopsis, crestamento das folhas, mancha das folhas, mancha de Dendrophoma e, por vezes, também mancha castanha.
Nomes científico: Dendrophoma (=Phomopsis) obscurans.
Plantas e variedades mais sensíveis: Apenas aparece em cultivares de morangueiros.
Características
São fungos que aparecem na parte superior das folhas do morangueiros e dão origem a picnídios, negros ou castanho-escuros e globosos ou em forma de garrafa em cujo interior se formam os conídios (unicelulares e fusiformes) que são dispersos pela água para gerar a infeção.
Ciclo biológico
Esta doença pode ser introduzida por propágulos infetados do viveiro ou restos de plantas da cultura anterior. O patógeno (na forma de picnídios) permanece nas coroas, lesões foliares e nas culturas vivazes que ficam durante o inverno até se libertar na forma de conídios assim que as condições atmosféricas forem favoráveis. Este fungo desenvolve-se com temperaturas altas, sendo o ótimo de 26-30oC e humidade elevada, infeta ou coloniza as folhas jovens, mas só se manifesta quando as folhas ficam mais velhas. A doença só aparece no fim do verão e no outono.
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Propagação
Assim que as lesões aparecem, desenvolvem-se pequenos esporos que podem espalhar-se através da água da rega ou das chuvas (72 horas de humidade nas folhas) para outras plantas e muito vento também pode ajudar na dispersão.
Condições ambientais
Gosta de temperaturas altas de 26-32oC, humidade relativa do ar elevada e chuvas abundantes.

Lesões necróticas
Sintomas/danos
Aparecem inicialmente 5-6 manchas necróticas, que podem ter 5-25 mm de diâmetro. Estas lesões são circulares, de cor castanha, circundadas por um “anel” vermelho-púrpura. Quando existem lesões abundantes, podem crescerem grupo e ter a forma angular ou forma de V, sendo limitado pelos veios principais da folha. Aparecem zonas vermelhas ou amarelas. As manchas maiores ficam com três zonas bem distintas, centro com coloração castanho-clara, circundada por um castanho mais escuro e a borda vermelho-arroxeada. Esta doença pode alastrar aos estolhos e cálice, levando à sua morte. As plantas com 25-39 dias são as mais suscetíveis de serem contaminadas (plantas filhas), afetando muito os viveiristas. As consequências são perda de folhas e consequente redução da capacidade fotossintética, levando a uma redução da produtividade que pode ser de 20-41%. Os frutos ficam moles e podres (manchas arredondadas rosa-claro).
Prevenção/aspetos agronómicos
- Não semear ou plantar morangueiros em zonas de sombra.
- Retirar as plantas e folhas infetadas.
- Mondar as plantas espontâneas, que tendem a alojar muitos fungos, infetando com facilidade as culturas.
- Não plantar demasiado denso, para o ar circular.
- O excesso de azoto acelera e agrava o desenvolvimento da doença.
- Utilizar cultivares mais resistentes; apenas na variedade F. ananassas e podem encontrar alguns cultivares. Não se conhecem cultivares muito resistentes ou imunes.
- Comprar sempre variedades sãs.
- Fazer rotações de culturas com intervalo de 3-4 anos.
- Efetuar policultura e consociação de culturas para impedir a disseminação.
- Utilizar técnica de mulching ou cobertura com tela antierva, a qual impede o crescimento das ervas e o movimento da água que transporta os fungos para outros locais.
- Controlar as regas, que devem ser localizadas.
Luta química biológica
Fungicidas com substâncias ativas à base de cobre na forma de hidróxido, oxicloreto, óxido cuproso, sulfato tribásico e calda bordalesa
Pulverizar as plantas com decocção de erva-cavalinha (Equisetum arvense), aplicação preventiva.
Luta biológica: Não são conhecidos nenhuns biofungicidas no combate a esta doença do morangueiro.