Também chamado acolchoado, é uma técnica já utilizada há muitos séculos na agricultura para proteção dos solos, não deixando “nus”, sujeitos a erosão.
É uma técnica baseada na vida nas florestas e outros ecossistemas naturais onde as folhas, ramos flores e outros “materiais orgânicos” vão caindo no solo, formando a “manta morta” que “sustenta” as plantas e todos os seres vivos que habitam nestes meios. Nos bosques, ninguém retira as ervas espontâneas nem as folhas que caem e, no entanto, as plantas crescem saudáveis durante séculos.
Os materiais mais utilizados são orgânicos, mas também se utilizam algumas vezes materiais sintéticos como telas de plástico − embora este material não seja muito ecológico e não tenha as vantagens dos materiais orgânicos, é mais fácil de aplicar.
Vantagens desta técnica:
Fatores climáticos − Protege a atividade biológica do solo de fatores climáticos como a chuva intensa, queimadura do sol, frio intenso e variações bruscas de temperaturas. Mantém o solo mais fresco e húmido no verão e quente no inverno.
Vida biológica do solo − Alimenta a vida biológica do solo (minhocas insetos, bactérias e fungos favoráveis as culturas), já que com o tempo o material orgânico vai decompor-se e incorporar-se no solo. Beneficia as bactérias nitrificantes que conseguem fixar azoto.
Água no solo − Evita a excessiva evaporação de água do solo, melhorando as condições de humidade e reduzindo as regas.
Controlo das ervas espontâneas − Reduz a quantidade de ervas anuais; muitas acabam por não germinar, ficando “abafadas”, e outras podem rebentar e sair, mas são fáceis de arrancar porque saem debilitadas.
Fertilidade do solo − Aumenta a absorção dos nutrientes com a decomposição dos materiais. A riqueza depende do tipo de mulch orgânico utilizado.
Erosão do solo − Impede a compactação e erosão do solo, melhorando a sua permeabilidade e drenagem. Um solo nu facilmente é arrastado, levando grandes quantidades de elementos fertilizantes.
Doenças e pragas − Aparecem menos doenças e pragas, os materiais orgânicos utilizados fazem crescer as plantas mais saudáveis. Evita o contacto dos frutos com a terra (ex.: abóboras, melancias, morangos, melões, etc.) e o aparecimento de doenças fúngicas.
Materiais utilizados
Os materiais utilizados nesta técnica dependem da superfície a aplicar, da matéria-prima disponível e da cultura, podendo-se até aplicar mais de dois materiais ao mesmo tempo:
Palha de cereais − Melhora o arejamento, humidade e incorporação de grande quantidade de húmus, demorando dois a três meses a decompor-se. Deve ser humedecido e colocado com outro material orgânico rico em azoto (relva). Ideal para terrenos argilosos e pesados com tendência a compactação. Utilizar espessura de 5-10 cm (dura uma estação). Utilizada em culturas como a abóbora, pepino, melão para evitar que o fruto entre em contacto com a terra. Aplicar nas batatas a seguir à plantação (5-10 cm).
Folhas mortas de árvores − As folhas de tílias, avelaneira, ameixeira e nogueira fornecem húmus bom para a estrutura do solo. A espessura deve ser de 3cm. Triturar as mais rijas e maiores (dura 4-8 meses).
Fetos − Muito parecido com a palha, mas a decomposição e mais rápida. Relação C/N razoável de 56. A espessura deve ser 15-20 cm, sendo mais aconselhado para solos arenosos.
Composto − Tem a vantagem da palha e das ervas; conservam a humidade do solo e limitam o crescimento das ervas espontâneas. Pode ser utilizado simultaneamente com todos os materiais. Não existem limitações de espessura, embora se recomende 20-25 cm.
Feno − Mais rico em nutrientes que a palha, mais permeável ao ar e a água, mas tem geralmente sementes que acabam por germinar. A espessura deve ser de 3 cm (dura 4-8 meses.)
Relva fresca e seca − Propriedades opostas à da palha. Não pode ser utilizada em grande quantidade pois impede a circulação do ar, tem decomposição rápida aumenta a fertilidade em azoto do solo e humidade das plantas. Espessura de 1-3cm na relva fresca e 5-8 cm na seca. Deixar a relva fresca repousar duas semanas antes de aplicar. Dura 2-6 meses. Útil em quase todas as culturas esgotantes, desaconselhável em solos argilosos.
Ervas espontâneas − Utilizar plantas que não tenham sementes e deixar secar num monte antes de aplicar. Bom para pomares.
Casca de pinheiro triturada − O pH é muito ácido e tem a relação C/N muito alta. Espessura deve ser de 5-10 cm e utilizado em pomares e plantas que gostam de acidez no solo. Dura cerca de um ano.
Mulching: É uma técnica de cobertura do solo, com materiais orgânicos ou sintéticos de modo a protegê-lo, combater as ervas espontâneas e, eventualmente, alimentar a terra.
Caruma de pinheiro − Dura mais tempo. Colocar apenas em plantas que gostam de solos ácidos, como morangos e batatas. Usar uma camada de 5-10 cm de espessura.
Serradura − Como a relação C/N é alta, devem incorporar-se materiais ricos em azoto e deixar decompor durante 4-5 meses antes de usar. A espessura deve ser de 7 cm, para que a água consiga entrar. Ótimo para mirtilos.
Bagaço de uva − Bom no controlo de ervas espontâneas e contribui para controlar pragas e doenças. Deve estar cerca de oito meses a decompor antes de se usar e deve ser misturado com outros materiais.
Tojo − Não acidifica o solo, evita ervas daninhas, diminui a evaporação da água e fornece azoto. Relação C/N muito boa de 35.
Cartão e papel − Bom para misturar com palha ou feno e usar nos caminhos entre os canteiros para impedir crescimento de ervas. Colocar sempre o outro material, por cima do cartão ou jornal (seis páginas de jornal sobrepostas).
Tela plástica (polipropileno) − Impede o crescimento das ervas. O tecido é permeável, permite que a água, o ar e os nutrientes alcancem sem dificuldades as raízes. Evita a erosão e cria condições de humidade e temperatura do solo ideal, ao mesmo tempo que protege da geada durante o inverno e poupa na água de irrigação durante o verão. Ideal para culturas de ciclos maiores. Faz a proteção de raios UV e dura alguns anos.
Tela plástica biodegradável − Leves e fáceis de instalar, são mais utilizados no controlo de plantas infestantes, duram mais tempo e deixam o solo respirar e receber água das chuvas.
Técnica
Em climas como o nosso, ligeiramente seco e quente, pode ser realizada no outono, primavera e verão (quando o solo está mais quente).
Sachar o solo até ficar solto e limpar as ervas daninhas existentes.
Incorporar corretores do solo ou fertilizantes biológicos se necessário.
Nivelar o terreno.
Colocar o material ou materiais adequados, tendo o cuidado de não tocar nos caules ou troncos das plantas (5 cm de distância) por causa do risco de doenças fúngicas.
O mulch deve ser renovado assim que o solo deixe de estar coberto e deve fazer-se uma nova sacha antes de se juntar um novo material.
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