Originário das terras tropicais da América do Sul, o cajueiro é mais do que uma simples planta; é um símbolo da exuberância tropical que cativa todos aqueles que têm o prazer de o conhecer.
A história do cajueiro remonta há vários séculos, no nordeste do Brasil, onde as comunidades indígenas já reconheciam as suas frutas e castanhas como uma importante fonte alimentar e medicinal. O cajueiro é considerado um símbolo de prosperidade e boa sorte por diversos motivos. A notável capacidade de produção de frutos e pseudofrutos em abundância, juntamente coma sua enorme versatilidade – cada parte do cajueiro é aproveitada de maneiras distintas – ou a sua capacidade de adaptação a condições adversas, tudo isso contribui para sua reputação como uma árvore auspiciosa.
Foi com a chegada dos portugueses que o cajueiro ganhou destaque internacional, levando a que se espalhasse pelo mundo, adaptando-se a diferentes climas e culturas, e conquistando novos horizontes. As árvores de caju foram uma das muitas culturas tropicais introduzidas pelos portugueses no continente africano no século XVI. Na Ásia, os cajueiros terão sido provavelmente introduzidos através de Goa (Índia), a principal povoação de Portugal nas Índias Orientais no século XVI. Como resultado da adaptação das árvores de caju às condições do solo na Índia, os produtos do caju foram explorados além do fruto seco, como a bebida fermentada local – ofeni– feita a partir de maçãs de caju maduras. Após a sua introdução na Índia, as árvores de caju espalharam-se para o sul da Ásia – ilhas Molucas e Indonésia – e posteriormente para os atuais países do Vietname, Filipinas, Malásia, Tailândia e Sri Lanka.
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Apesar das diferentes cronologias de introdução, as árvores de caju foram inicialmente estabelecidas com o intuito de ajudar a combater o desmatamento nestes países africanos e asiáticos. Nas últimas duas décadas, o aumento do consumo mundial de caju levou a um aumento da procura global do mercado internacional, impulsionado principalmente pela crescente consciencialização dos benefícios para a saúde dos frutos secos. O caju está atualmente entre os frutos secos mais valiosos nos mercados internacionais, depois das amêndoas e das nozes. A recente popularidade da castanha-de-caju, natural ou torrada, é atribuída principalmente a uma tendência para hábitos alimentares mais saudáveis, sendo uma fonte rica de proteínas vegetais e minerais dietéticos e, devido ao seu baixo teor de gordura, é rica em ferro e vitamina K, o que contribui para um sistema imunitário forte e para a saúde do sangue e dos ossos.
Descrição da planta
Família: Anacardiaceae
O cajueiro é uma árvore de porte médio a grande, que pode atingir até 12 m de altura. Folhas alternas, simples e inteiras de formato oval a oblongo, textura coriácea e cor verde-escura brilhante. Flores pequenas e discretas, com cinco pétalas de cor amarelada a esbranquiçada, agrupadas em inflorescências (panícula). Aparte suculenta e colorida do cajueiro é um pedúnculo floral alargado, conhecido como maçã do caju, e é na verdade um pseudofruto ou falso fruto. O verdadeiro fruto, a castanha-de-caju, é a estrutura anexa à extremidade inferior da maçã do caju. O caju é a semente oleaginosa que está contida dentro do fruto, semente essa que se encontra protegida por uma casca dura com um líquido corrosivo (Cashew Nut Shell Liquid– CNSL), que precisa de ser removida e processada antes de a semente poder ser consumida. É uma árvore resistente, com a capacidade de crescer em solos pobres e secos, e tolerar condições climáticas adversas, como temperaturas altas e períodos de seca.
Usos
O cajueiro é cultivado sobretudo pelas suas castanhas, mas também é apreciado pelo seu pseudofruto e pela sua madeira resistente. Além das deliciosas castanhas-de-caju, são de referir o sumo feito a partir da sua maçã e a aguardente de caju. As cascas das castanhas são utilizadas na produção de tinturas naturais, enquanto as fibras do pseudofruto, transformadas em tecidos e vestuário, apresentam uma alternativa sustentável ao algodão convencional. Na medicina tradicional, várias partes do cajueiro são valorizadas pelas suas propriedades terapêuticas. É de referir ainda a utilização do seu óleo na culinária e em cosmética.
Curiosidades
- Foram os exploradores portugueses, os responsáveis pela “viagem” e introdução do cajueiro nos continentes africano e asiático, levando à sua adaptação a diferentes climas e culturas.
- A parte suculenta e colorida do cajueiro é na verdade um pedúnculo floral alargado chamado de maçã do caju sendo um pseudofruto ou falso fruto. O verdadeiro fruto é a estrutura anexa à extremidade inferior da maçã do caju, designado por castanha-de-caju, um fruto seco em forma de rim.
- A expressão “maçã dourada” é uma metáfora que se refere ao pseudofruto do cajueiro, a parte colorida e suculenta, muitas vezes chamada maçã do caju. O segredo por trás da maçã dourada está relacionado com a sua origem e a sua função na planta. A cor e o sabor atrativos da sua maçã são uma estratégia evolutiva para atrair animais que, ao consumi-la, dispersam a sua semente.
Artigo escrito em colaboração com Ana Raquel Cunha e Filipa Monteiro.
Referências bibliográficas
Mendes Ferrão, José (2005).A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses. Lisboa: Chaves Ferreira Publicações. Monteiro, F., Catarino, L., Batista, D., Indjai, B., Duarte, M. C., & Romeiras, M. (2017).Cashew as a high agricultural commodity in West Africa: Insights towards sustainable production in Guinea-Bissau.
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