Ornamentais

Orquídeas nos jardins e nas casas dos portugueses

Orquídeas nos jardins
Cymbidium lowianum.

As orquídeas fazem, cada vez mais, parte do quotidiano dos portugueses.  Estão de muitas formas presentes nos espaços de lazer onde embelezam  as casas, escritórios e jardins de Portugal.

As Phalaenopsis são, hoje em dia, as plantas de interior mais produzidas e vendidas em todo o mundo, mas, no nosso País, ficam em 2.º lugar em popularidade.

Em Portugal, são os Cymbidium as orquídeas mais cultivadas por se adaptarem bem às condições climáticas do nosso País e assim poderem ser mantidas, em quase todo o País, no exterior, sem grandes cuidados.

As orquídeas madeirenses

Cymbidium lowianum plantado no chão no jardim do Palheiro na ilha da Madeira.

Quem as cultiva há mais tempo associa-as à ilha da Madeira. Muitos pensam mesmo que são daí originárias, o que é totalmente errado. Os Cymbidium são originários da Ásia.

É verdade que as orquídeas fazem parte da cultura madeirense, mas a origem desta ligação perdeu-se no tempo.

Terão sido algumas caravelas vindas do Oriente que, ao fazerem escala na ilha, deixaram algumas plantas? Ou serão mais recentes as suas origens e estas devem-se à chegada, na segunda metade do século XX, de orquidófilos estrangeiros que se fixaram na ilha e aí espalharam o seu gosto  e as suas plantas?

O clima da ilha da Madeira é muito favorável ao cultivo  de orquídeas, mais do que o continente, e foram vários os géneros adoptados pelo povo madeirense.

Os Cymbidium (principalmente a espécie Cymbidium lowianum e a Paphiopedilum insigne) são os mais encontrados.

Os últimos são mesmo utilizados como planta decorativa nos canteiros espalhados pela cidade  do Funchal. Mas podem-se encontrar outras espécies nos jardins privados madeirenses.

As Stanhopea oculata (apelidadas de “Melrinhos”), as Coelogyne cristata (conhecidos como véu-de-noiva”), a Coelogyne massangeana (orquídea de cacho) e as Sobralia macrantha (orquídea de cana) são algumas das espécies que se encontram facilmente.

Outras diferentes podem ser vistas em jardins públicos madeirenses, nomeadamente nos jardins da Quinta da Boa Vista e nos Jardins do Palheiro, ambos perto do Funchal.

Uma tradição portuguesa

A primeira coleção de orquídeas registada em Portugal aparece no nosso mais antigo jardim botânico, o Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa. Aqui, no final do século XIX, houve uma magnífica coleção de orquídeas com exemplares bastante raros.

Em 1880, foi publicado por Luiz de Mello Breyner, diretor do jardim nessa época, um Catálogo Geral de Orchideas em Cultura no Jardim Real do Paço da Ajuda.

Estes exemplares eram alojados na estufa de D. Luís, mandada construir propositadamente para elas e cujas particularidades  de aquecimento, ventilação, iluminação e temperatura, muito modernas na época, eram adequadas para manter estas plantas tão diferentes  e estranhas, vindas das terras longínquas por onde  os portugueses viajavam.

O intercâmbio com os povos era comercial e cultural. A nível botânico, a curiosidade era muita e o gosto de D. Luís de Portugal, como também de outros monarcas, fez com que toda a Europa procurasse cada vez mais as novidades. Era também uma forma de ostentar riqueza.

A estufa de D. Luís mantém-se, mas a coleção original de orquídeas foi completamente perdida.

Esta estufa é agora habitada por uma coleção de orquídeas vindas da Finlândia, pertencentes a Pekka Ranta, que as trouxe para Portugal e as alojou na Ajuda e no Jardim Botânico do Faial.

Neste momento tenta-se repor a coleção original de D. Luís juntamente com os restantes exemplares da coleção finlandesa. Há também alguns exemplares da vasta família das Orchidaceae noutros jardins públicos portugueses.

Exemplos são o Jardim Botânico do Porto, a Estufa Fria, Lisboa, os jardins de Monserrate e a estufa recentemente recuperada no Parque da Pena, Sintra.

A facilidade de cultivo das orquídeas

Cattleya hibrida.

Para manter orquídeas não é necessário ter um jardim ou um grande espaço. Felizmente é no interior das nossas casas que a maioria das espécies tropicais pode ser cultivada.

Qualquer casa com alguma luminosidade é ideal para manter orquídeas  e há orquídeas de todos os tamanhos, formas e cores, para todos os gostos.

A popularidade destas plantas tem vindo a crescer nos últimos anos e a criação de clubes e associações orquidófilas ajudou bastante na sua divulgação, bem como encontros e exposições  a acontecer um pouco por todo o País.

A Internet veio também tornar possível o acesso e a partilha de informação com apaixonados de todo o mundo. Pelas suas particularidades, ainda há muita gente que acha difícil manter orquídeas.

Para entender o cultivo destas plantas, proponho que tentem conhecer os seus hábitos de crescimento na natureza. Assim, tudo se tornará mais fácil. Aqui deixo alguns princípios básicos para um bom cultivo e florações de sucesso.

Tropicais

Grande parte das orquídeas que se encontram à venda são originárias de locais de climas tropicais. Assim, as nossas casas são mais indicadas para cultivar orquídeas do que o exterior.

As orquídeas são encontradas à venda como “plantas de interior”. Um intervalo entre os 16 e os 28 graus é ideal para cultivar grande parte das orquídeas.

No entanto, as espécies que vivem a maiores altitudes são geralmente mais resistentes a baixas temperaturas e são plantas que podem ser cultivadas no exterior no nosso País.

O conhecimento das origens das orquídeas e dos seus habitats, bem como a troca de experiências entre orquidófilos, é meio caminho andado para o sucesso.

Phalaenopsis parishii

Uma vida nas árvores

Um grande número de orquídeas crescem agarradas a árvores ou a rochas, muitas com as suas raízes expostas. Ao serem cultivadas, temos de ter em atenção os vasos e os substratos onde são plantadas.

Um simples vaso de plástico ou barro é suficiente desde que tenha drenagem e que não retenha a água nas raízes.

Os substratos são compostos por materiais grados como casca de pinheiro, fibra de coco, pedaços de carvão, argila expandida ou musgo para que exista arejamento nas raízes das plantas como elas teriam se estivessem na natureza somente agarradas ao tronco de uma árvore.

Nas florestas húmidas

Muitas orquídeas, não tendo as raízes enterradas, contam com a humidade do ar e as chuvas para obterem água e nutrientes.

Os habitats nas florestas nebulosas e chuvosas são ideais para muitas orquídeas, mas o excesso de água pode ser a principal razão da morte destas plantas.

Conseguir um equilíbrio entre a temperatura, humidade e circulação do ar é o nosso objetivo.

A luz

Vivendo em zonas arborizadas, as orquídeas recebem a luz filtrada pela copa das árvores.

Apesar de essencial para a vida das plantas, a luz demasiado intensa pode causar queimaduras irreparáveis e fatais. Nas nossas casas, devemos escolher um local sem sol direto ou colocar uma rede de sombra, uma cortina ou outra proteção.

E todos teremos plantas que morrem. Por uma ou outra razão, acontece e o importante é não desanimar, perceber os porquês e tentar de novo.

O prazer também está no desafio e cada floração é uma vitória!

Fotos: José Santos

Leia também: O que precisa para cultivar orquídeas

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