Jardins & Viagens

Parque D. Beatriz do Canto

Parque D. Beatriz do Canto

 

No domingo, 30 de abril, saímos de Ponta Delgada às 9 horas com chuva torrencial. A chuva forte continuou a acompanhar-nos ao longo da via rápida e a esperança de visitar o Parque D. Beatriz do Canto, nas Furnas, foi desvanecendo. A previsão meteorológica indicava chuva forte e moderada. Melhoria só lá para as 13 horas. A visita guiada estava programada para as 10 horas. Não queríamos falhar o compromisso e avançámos com prudência. Por volta das 9 h 30 m, quando já estávamos em Vila Franca do Campo, recebemos uma mensagem de São Pedro a informar que tinha mandado parar a chuva mais cedo, que poderíamos continuar a viagem e realizar a visita.

No horário previsto, com o sol a espreitar entre as nuvens e com a chuva ausente, percorremos os 3,7 hectares do parque numa agradável conversa sobre a flora, prestando uma especial atenção às árvores notáveis.

 

Parque D. Beatriz do Canto

 

As sequoias (Sequoia sempervirens), as araucárias (Araucaria heterophylla, Araucaria bidwillii) e os carvalhos (Quercus palustris, Quercus rubra, Quercus robur) impressionaram os visitantes, que ficaram maravilhados com a extraordinária alameda de plátanos (Platanus acerifolia) e deslumbrados com os monumentais tulipeiros-arbóreos (Liriodendron tulipifera) naquele momento em início de floração.

 

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Apreciámos o belo exemplar de castanheiro-dos-cavalos (Aesculus x carnea), na margem direita da ribeira, carregado de vistosas flores cor-de-rosa e as cameleiras (Camellia japonica) com especial atenção para as variedades conhecidas em São Miguel pelas engraçadas designações de ‘Taça de Formosura’ e ‘Bidona’. Muitas outras espécies de árvores, arbustos, trepadeiras e herbáceas povoam este parque construído na década de sessenta do século XIX no leito da Ribeira das Murtas.

Projetado por George Brown (1813-1881), o Parque das Murtas foi mandado construir por uma sociedade de cinco homens ricos de São Miguel com o objetivo de proporcionar um espaço público de lazer ao estilo dos jardins românticos ingleses. O projeto contemplava, também, a construção de uma casa de veraneio para cada um dos cinco coproprietários, o que nunca se concretizou. Ernesto do Canto (1831-1900) comprou as quotas dos outros sócios e passou a ser o único proprietário do Parque das Murtas, onde construiu um chalet de influência franco-suíça, projetado em 1866.

 

Parque D. Beatriz do Canto

 

Beatriz do Canto Faria e Maia (1902-1988), neta de Ernesto do Canto, por diversas vezes teve de reconstruir o jardim após cheias repentinas provocadas por deslizamentos de terras no Salto do Fojo. Reconhecidos, os descendentes atribuíram o seu nome ao parque.

O Parque das Murtas, atual Parque D. Beatriz do Canto, apenas está aberto ao público em agosto e as entradas são gratuitas. Nesse mês são criados um lago e uma cascata, através da colocação de uma comporta na ribeira.

Aconselho vivamente uma visita. E se lá for, maravilhe-se com a riqueza da flora, desfrute da singular beleza do chalet, divirta-se a atravessar a ponte pênsil e refresque-se com a água da nascente da Camarça.

 

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