A abelha-melífera merece todos os encómios como animal superior. Vejamos, dos seus constantes e determinados labores e comportamentos, o que acarreta para a despensa da sua família – um verdadeiro superorganismo – e como a trata.
As suas capacidades cerebrais e cognitivas – próprias dos animais superiores – manifestam-se a cada momento e em qualquer local e situação. A riqueza da sua inteligência (coletiva) e as suas capacidades de autodisciplina, autogestão, autodomínio e autodefesa são contínuas realidades.
E sobre o seu sistema de comunicação? Vejamos alguns dos naturais aparelhos biológicos de que se mune:
Hormonal, olfativo, táctil, visual, sonoro, danças e estímulos eletromagnéticos, transferência alimentar boca a boca.
E sobre o seu labor diário (sem férias, fins de semana, preguiças, subsídios, escolaridade obrigatória e reforma obrigatória)?
Traduzamo-lo através da rigorosa escola de aprendizagem e labor no seu próprio meio familiar, cujo desenvolvimento, merecidamente, aqui trarei mais tarde. No entanto, não deixarei de o exaltar noutros locais e momentos! O que tenho aprendido, em comunhão prática com esta sociedade, tem sido deveras enriquecedor, neste projeto-lema, pró-educação integral – “(Re)Aproximação do Homem á Natureza” – que trilho e que conta já 31 anos de existência, no terreno, através das suas próprias disciplinas e métodos de procura de matérias-primas, produção, gestão, conservação, distribuição equitativa e controlo de qualidade de meia dúzia dos seus bem diferenciados e distintos produtos.
Uma afirmação ousada: O Homem vai deixando de viver, respeitar e acompanhar as cadências da Terra que esta mantém, sem alteração, quanto às suas velocidades de movimentos rotacionais e translacionais. Arrisco nesta afirmação pessoal: apesar de servido e facilitado pelos
múltiplos e sofisticados canais de comunicação humana, nunca em toda a sua História, o Homem esteve tão distante da Natureza como hoje; de costas e tão distante de si próprio!
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Frequentei as universidades dos homens. Trabalho e frequento as universidades naturais. Daqui, observo e concluo que temos muito por aprender com plantas e animais na nossa edificação pessoal e social! Que homem, por mais dotado de inteligência (cientista, investigador, professor, investidor, artista, presidente, reitor, consultor, observador, inventor, opinante, aventureiro, idolatrado, endinheirado…) pode alcandorar-se, alguma vez, a produzir uma ínfima parte do que produz este minúsculo ser bem vivo, agora, em limiar de tão sério risco da sua
extinção?
Temos vindo a ser formatados para sabermos e embicarmos, profissionalmente, num só saber, num só saber fazer. Nestes moldes, quantas vezes se faz pouco do pouco que se sabe fazer?
As plantas
Quanto às suas parceiras da mutualidade, reparemos, mais uma vez (todas têm vindo a ser poucas!) nos bouquets de diversidade de substâncias ativas que reúne cada uma da maioria das plantas. Andamos muito distraídos e acompanhados de muitos destruidores. Observemos e apontemos a diversidade de indicações e utilidades práticas que, de mão beijada, se nos oferecem no que à saúde e alimentação diz respeito. Por não podermos sintetiza-los no nosso próprio laboratório pessoal, os oligoelementos ou micronutrientes de que carece o nosso corpo são previamente reunidos e sintetizados, em misturas equilibradas, no seio das plantas para, elas próprias, no-los oferecerem, através da tão verbalizada cadeia alimentar.
Na sequência da coexistência planta-abelha, vejamos mais adiante, no próximo ano, o que acontece ao mel daí originado, no seio das relações
simbióticas, contrapartidas, permutas ou mutualismos, estrita e consequentemente, no campo destes dois seres irracionais!
O mel
O mel é um complexo composto e guardião de dezenas de substâncias ativas. Daí os seus ancestrais e múltiplos préstimos na saúde e alimentação humanas. Nestes campos, é difícil ter presente todas as suas valências e potencialidades: é antibacteriano, antitússico, antioxidante, antisséptico, antialérgico, antifúngico, anti-inflamatório, antiviral, cicatrizante (na cura e cicatrização, a maioria desconhece-o ou negligencia-o!).
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