A romãzeira é um arbusto ou arvoreta bastante ramificada, com ramos espinhosos e cuja longevidade pode alcançar os 200 anos. Algumas variedades são cultivadas apenas como ornamentais.
A romã (Punica granatum) é dos frutos mais curiosos e cultivados há mais tempo pela Humanidade. Oriunda dos Balcãs e da Ásia Menor, é uma fruta já mencionada nos milenares textos bíblicos, associada a uma imagética de fecundidade e paixões. Os gregos consideravam-na um símbolo do amore da fecundidade, tendo sido por isso consagrada à deusa grega Afrodite. Seria uma das árvores de frutos que demonstraria a fertilidade da Terra Prometida e já teria sido cultivada pelo rei Salomão. Outros povos que a cultivaram na Antiguidade foram os gregos, os egípcios e os fenícios. Em Roma, foi igualmente cultivada e apreciada em diversos ritos e cultos.
Foi levada para o Novo Mundo pelos espanhóis, primeiro para a América Hispânica e mais tarde para o território da Califórnia. Os maiores produtores mundiais são a Índia, a China, o Irão, a Turquia e o Afeganistão. A maior produtora europeia é a Espanha.
Origem: Balcãs e Ásia Menor.
Altura: Entre 2 e 5 metros.
Propagação: A maioria das vezes, vegetativa, menos frequentemente, por semente.
Plantio: Outono
Solo: Solos profundos e argilosos, bem drenados.
Clima: Considerada rústica em Portugal.
Exposição: Sol pleno.
Colheita: Final do verão, até princípio do inverno.
Manutenção: Podas, regas, adubação. A romãzeira requer podas no inverno e, por vezes, também no fim do verão. A poda é utilizada nas árvores jovens, para eliminar ramos laterais mal colocados, e nas árvores adultas, para manter um arejamento saudável e eliminar ramos mortos. Aprecia muita água.
Leia também:
O medronheiro
A romãzeira em Portugal e no mundo
Em Portugal a romã é cada vez mais cultivada, sobretudo em áreas de regadio em torno do Alqueva, mas mesmo assim o País depende na maioria de importação de Espanha e da Turquia.
É uma planta bem aclimatada ao nosso País, mas que também pode aguentar temperaturas negativas, tudo depende da variedade cultivada. Aquelas cultivadas na Ásia Central, em países como o Turquemenistão são muito mais resistentes ao frio.
A Espanha é a grande produtora mundial de romãs, seguida pela Turquia e Tunísia. A Espanha domina os mercados de França, do Reino Unido, e mesmo de Itália, pois usa métodos de cultura intensiva, que lhe garantem uma grande produção.
Cultivo e colheita
A romãzeira é uma planta de fácil cultivo, rústica no nosso País. Prefere zonas sem chuvas prolongadas, que podem potenciar o aparecimento de doenças fúngicas, e sem geadas tardias. Adapta-se a diversos tipos de solos, prefere os fundos e bem drenados, tolera malo encharcamento.
Existem mais de 500 cultivares da romãzeira, a grande parte desconhecidos entre nós e com certa variação em termos de cor, maturação, acidez e doçura.
Sendo apreciadoras de muitas horas de sol, resistentes à seca, ao frio moderado e à salinidade, em Portugal cultivam-se sobretudo a sul do Tejo, sendo o plantio efetuado no outono. O Algarve concentra o forte da produção portuguesa de romã, com uma área de cultivo que tem vindo a reduzir-se, sendo a oferta no mercado nacional quase 100% espanhola. As exportações também são muito reduzidas. As variedades mais cultivadas são a ‘Mollar’, a ‘DeElche’, a ‘Dejativa’ e a ‘Asseria’.
Algumas variedades podem ser cultivadas em vaso, sendo uma opção cada vez mais escolhida para espaços pequenos, seja para fins de frutificação, seja sobretudo para fins ornamentais.
Manutenção
No geral, as romãzeiras são plantas de baixa manutenção. Contudo, sabemos que o cuidado das plantas aumenta a sua longevidade, protege-las de pragas e de doenças e aumenta a qualidade dos frutos, o que é de grande importância, sobretudo nos pomares comerciais. A romãzeira necessita de uma fertilização na primavera e de outra no fim do verão e é comum após a colheita fazer-se uma poda de manutenção para eliminar os ramos mortos e doentes. Nas plantas jovens, faz-se uma poda de formação. O rácio NPK do fertilizante deve conter elevado teor de fósforo. Duas vezes por ano, pode aplicar-se uma adubação de micro-nutrientes, incluindo boro, cálcio, magnésio e enxofre.
As regas devem ser abundantes, mas sem correr o risco de encharcamento, deixando a terra secar entre as regas. Ajudarão a melhorar a produção e a atingir o pleno vigor da romãzeira.
Pragas e doenças
A romãzeira é uma planta resistente a doenças e pragas, mas pode ser atingida por algumas. A antracnose da romãzeira e as doenças fúngicas são as mais comuns nesta planta. Quanto às pragas, destacam-se as cochonilhas, os pulgões e a mosca-branca. Como sempre, a prevenção é a palavra de ordem, devendo evitar-se o encharcamento para prevenir as doenças de origem fúngica e atacar nas fases iniciais as pragas, para impedir maiores complicações e o recurso a químicos de elevada toxicidade.
Propriedades e usos
A romã é uma fruta saudável e rica. Muitas pessoas não apreciam consumi-la ao natural, tal como é colhida da planta, mas o seu sumo é muito apreciado, sobretudo em certas zonas da Europa e do Médio Oriente, onde teve um extenso uso culinário, sobretudo antes da introdução do tomate. Existem vários pratos tradicionais do Irão, da Turquia, do Paquistão que envolvem ouso de sumo ou outros preparados de romã.
O conteúdo das romãs é sobretudo água, mas inclui também valores elevados de vitaminas B9 (com teores mais pequenos de outras vitaminas do complexo B), C e K. Também possui uma pequena percentagem de vitamina E. Em termos de minerais, contém potássio, manganês, zinco e magnésio. Rica em vitaminas e minerais, a romã combate o colesterol e tem um grande poder antioxidante. Ajuda ainda na prevenção de doenças como a diabetes, a obesidade e a hipertensão. Fortalece o sistema imunológico prevenindo infeções e doenças virais e é anticancerígena; há quem diga que é um fruto afrodisíaco.
As sementes secas das romãs são usadas como especiaria na culinária indiana e paquistanesa, e as romãs podem também ser usadas para a preparação de bebidas alcoólicas.
Leia também:
Citrinos: como tratá-los com sucesso
Gostou deste artigo? Então leia a nossa Revista, subscreva o canal da Jardins no Youtube, e siga-nos no Facebook, Instagram e Pinterest.