Revista Jardins

Saiba como e porque podar as suas espécies fruteiras

Para se desenvolverem bem, as fruteiras, como é comum referir-se, precisam de poda. Na verdade, esta afirmação, não sendo de todo incorreta, carece de esclarecimento.

As razões para se podar uma planta podem ser variadas, mas estão todas mais relacionadas com a necessidade que temos de condicionar o desenvolvimento destas plantas, por motivos de frutificação mais abundante, por motivos sanitários, etc., do que com as necessidades da planta, que pode perfeitamente sobreviver, crescer e reproduzir-se sem intervenção humana.

Estes motivos conduzem-nos a uma das temáticas relacionadas com a poda mais discutíveis, a época de a realizar.

A fenologia

A fenologia é o ramo da ecologia que estuda os fenómenos periódicos dos seres vivos e as suas relações com as condições do ambiente, tais como a temperatura, a luz e a humidade. A floração e a frutificação das plantas são exemplos de fenómenos cíclicos estudados pela fenologia.

Em termos de fruticultura e em particular no que concerne à poda, é fundamental reconhecer em cada espécie a tipologia de frutificação, a localização das suas flores e, por conseguinte, a sua frutificação, pois só assim é possível efetuar de forma consciente os diversos tipos de poda que se pretendam em cada situação.

Desta forma, é facilmente percetível que os diversos estados fenológicos e os timings em que os mesmos ocorrem não serão iguais em todo o País nem tão-pouco em todos os anos.

Na verdade, o fator data não será de facto o mais importante, mas sim o próprio estado fenológico, isto é, o estado de desenvolvimento da planta, pois dependente deste está toda uma série de operações culturais a realizar, manutenção de solo, fertilização, poda, tratamentos sanitários, etc.

A época de poda

Do ponto de vista teórico, visto o exercício da poda ser uma intervenção sobre as estruturas produtivas da árvore, a mesma deveria ser efetuada durante o repouso vegetativo (dezembro a fevereiro). Assim, deve-se evitar podar após o reinício da atividade vegetativa de primavera, pois nesta fase a planta já está a translocar reservas para a nova rama que se perderia com a poda.

Na prática, de acordo com as diversas espécies e com os objetivos da poda, as épocas poderão divergir. Assim, um aspeto a considerar será que a poda deve ser realizada antes da rebentação dos gomos vegetativos e/ou da diferenciação floral — pois em cada uma destas fases o dispêndio energético é elevado.

Podar após estas fases implica que, além de se perderem reservas nutritivas fulcrais, destruir-se-iam os novos rebentos e os primórdios dos botões florais, comprometendo assim a floração e a frutificação.

Aceita-se então que inclusive durante o período vegetativo se possam efetuar podas, designadas em verde desde que a remoção de folhagem não seja superior a 25-30% da sua estrutura produtiva.

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O objetivo da poda em verde

Se, no caso dos citrinos e da nogueira a poda é na sua generalidade efetuada em verde, nas restantes espécies, esta poda surge como complemento da poda de inverno.

Na gestão da vegetação, a poda em verde é uma das principais atividades.

Esta intervenção cultural tem como ações realizar o desladroamento, a desfolha e a desponta de ramos.

Entende-se por desladroamento a supressão das gemas e dos ramos que se desenvolvem nos troncos e nas braças, assim com os ladrões que se desenvolvem no tronco e /ou no porta-enxerto.

A remoção de gemas inchadas ou de lançamentos da parte inferior do tronco de uma planta jovem é realizada com o intuito de concentrar o crescimento num ou em mais ramos situados na parte superior, os quais formarão a copa da planta. A remoção dos ladrões geralmente é feita manualmente, entre a brotação e a floração da planta, numa ou mais vezes, se necessário.

A desfolha

Deverá ser vista como uma operação que visa a remoção de folhagem, geralmente na proximidade dos órgãos frutíferos, facilitando o desenvolvimento/maturação destes. Esta prática tem como principais objetivos aumentar a temperatura, a insolação e o arejamento na região dos órgãos frutíferos, melhorar a coloração e a maturação dos frutos; reduzir a incidência das doenças nos frutos, entre outros.

A desfolha, da mesma forma que a desponta, deve ser feita com cuidado, pois, se for inadequada, pode comprometer a atividade fotossintética da planta.

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A desponta

Consiste na ablação da parte apical de ramos desenvolvidos, podendo os seus objetivos serem diversos. Parte dos objetivos desta intervenção são similares aos da desfolha, nomeadamente os relacionados com a frutificação. Salientando-se contudo o facto de permitir concentrar a atividade fotossintética apenas na zona do ramo que se pretende e permitir manter a forma e volume da copa ou da vegetação.

A desponta deve ser feita manualmente a partir da floração, repetindo-se duas ou três vezes se necessário.

Neste contexto, as podas de verão, também designadas em verde, assumem-se, não tanto dum ponto de vista estrutural das espécies fruteiras, como uma medida de alta importância na manutenção da condições de frutificação, as quais se querem elevadas e de qualidade.

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