Pequeno, mas não assim tanto, é este terraço quando se engana a realidade do seu tamanho, dispondo um cómodo sofá de jardim bem direcionado para o céu de Lisboa.
O projeto
Quando o proprietário, João Loureço, me convidou para desenhar o seu espaço com plantas, ocorreu-me desde logo usar a combinação da elegância das linhas clássicas que a topiária garante com o exotismo com que sempre assinei o design de jardins.
No final, este trabalho resultou numa sala de verão, onde o céu azul faz de teto, o sol ilumina de vida a brancura do mobiliário e funciona de tela a uma cena que se rege pelos tons de verde.
O foco principal está na dimensão das folhas e na forma como romperão com a rotina ao moverem-se com o vento. As grandes folhas do Thaumatophyllum bipinnatifidum syn. Philodendron bipinnatifidum, que dão a projeção e profundidade ao terraço, servem de ponto de fuga. Atraem a atenção na disposição em leque e elevada sobre o sofá de modo propositado para que se conjugue na encenação lida a partir da sala interior da casa.
Os Cupressus sempervirens talhados em forma salomónica ladeiam com simetria rigorosa que a regra clássica académica dita, interpretada aqui com um tempero tropical. São dispostos nos cantos da área para melhor pontuar, com suavidade e elegância, todo o cenário. A partir daqui todo o preenchimento é feito com a liberdade e o arrojo que as linhas de design moderno permitem; a flexibilidade de itens decorativos, como as lanternas, vasos de vidro, encontro de vários materiais de floreiras, e o apontamento da pequena cascata que embeleza com a melodia da água, fecham o ambiente exótico e distinto que o elenco de espécies escolhidas consegue fazer sobressair.
O uso de algumas bromélias avançam com os padrões preciosos para fazer notar a tendência tropical rara do terraço Lutheria splendens syn. Vriesea splendens é talvez a referência que se distingue sobretudo quando colocada num plano elevado para que a transparência faça sobressair o ritmo zebrado tão particular das suas folhas. O tronco seco foi preservado para que o proprietário, entusiasmado com a construção do seu pequeno paraíso, se envolva como jardineiro curador. Nele poderá explorar o posicionamento dos exemplares de espécies de bromélias, como a Guzmania ligulata, preparadas para esse propósito.
A mesa de refeições recebe uma instalação de plantas montada para reproduzir um pequeno episódio da floresta tropical húmida, com fetos
Pteris quadriaurita em tabuleiro raso, de onde surge o apoio para plantas epífitas recorrendo aos materiais naturais como os troncos e as suas belas formas retorcidas.
O encontro das espécies clássicas de temática mediterrânica abraça a predominância tropical, acentuando a sua presença através do discurso
de tons de verde-cinza: alfazema, Lavandula angustifolia e a oliveira Olea europaea são as eternas referências de escolha insubstituível que causam sensação ao serem facilmente reconhecidas no meio.
Todo o trabalho foi realizado em equipa com o próprio proprietário, que se envolveu com a dinâmica de um jardineiro desperto para novas interpretações no design urbano de jardins. Entusiasmado com a proposta, fez-se jardineiro!
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