Jardins & Viagens

Tapada da Ajuda

Observatório Astronómico

Observatório Astronómico

 

Um laboratório vivo com 100 hectares em Lisboa.

 

A Tapada da Ajuda, com uma área de cerca de 100 hectares e os seus quase 400 anos de existência, apresenta um vasto património natural, paisagístico, arquitetónico, cultural e histórico.

Na primeira metade do século XX, a expansão urbana da cidade de Lisboa reforçou a importância que este parque botânico assumira desde o século anterior, e a permanência do Instituto Superior de Agronomia nesta tapada, já com um século de história, introduziu novas potencialidades à sua utilização, onde se salvaguarda e valoriza um património que constitui um espaço verde de referência na cidade, conciliando o ensino e a investigação com o recreio, a educação ambiental, o lazer e a conservação da Natureza.

 

Vinha, campos agrícolas da Tapada da Ajuda

Vinhas na Tapada da Ajuda

 

História

Localizada em plena cidade de Lisboa, os primeiros registos que se referem à Tapada da Ajuda, como antiga Tapada Real de Alcântara, começam em 1637 através da existência de um “Couteiro-mor da Coutada de Alcântara”. Em plena Dinastia Filipina, era utilizada pelo rei e sua corte como parque de caça incluída na coutada de Lisboa, onde se podiam encontrar perdizes, lebres, coelhos e gamos. Bosque rico em matos de carrasco, extensos zambujais e excelentes vistas panorâmicas. Em 1645, o primeiro rei da Dinastia de Bragança, D. João IV, decreta por escritura a sua criação, sendo-lhe atribuído formalmente o nome de Tapada de Alcântara, devido ao Paço Real com o mesmo nome, tendo reis e respetivas famílias habitado este espaço.

Durante os anos seguintes, continuou a ser usada em regime privado ou semiprivado, com períodos de utilização mais ou menos intensos. Com o Terramoto de 1755, a residência real do Terreiro do Paço ficou destruída e pensou-se então construir um novo Paço na Ajuda, que só viria a concretizar-se no século XIX. Durante este período, a corte instalou-se numa construção de madeira (Real Barraca) no alto da Ajuda que serviu de palácio provisório até se perder num incêndio em 1796. Com a mudança da residência dos reis para os altos da Ajuda, a Tapada Real de Alcântara passou a denominar-se Tapada Real da Ajuda. Em 1862, quando D. Luís vai habitar o Palácio da Ajuda, a “Tapada da Ajuda” ganha um novo prestígio como tapada de caça menor tais como coelhos, perdizes, pombos e ocasionalmente animais de maior porte, como veados.

 

Jardim da Rainha

Jardim da Rainha

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A vocação da Tapada da Ajuda como espaço pedagógico provém desde os tempos da sua formação, em 1645. Primeiramente, como espaço de aprendizagem das artes de cavalaria, preparando para a guerra, destinada à realeza e nobreza através da prática cinegética e, posteriormente, com a abertura ao público durante o século XIX através de exposições agrícolas ou simples espaço urbano de passeio

Em 1910, com a Implantação da República, este espaço passa a dedicar-se ao ensino da agricultura e silvicultura, denominando-se Instituto Superior de Agronomia (ISA), decretado a 12de dezembro do mesmo ano: «A Tapada estará aberta ao público permanentemente, servindo para passeio, para instrução dos agricultores ou de quaisquer outros visitantes, bem como para a lição de coisas, às crianças e alunos de todas as escolas».

O reconhecimento do seu valor patrimonial conduziu à sua classificação como imóvel de interesse público (conjunto intramuros), encontrando-se a Tapada da Ajuda sob um regime de proteção de acordo com o Decreto n.º 5/2002,Diário da República n.º 42, de 19 fevereiro de 2002.

 

Atual distribuição dos usos dos espaços da Tapada da Ajuda

Espaços e coleções florestais (com uma área de cerca de 35 hectares, correspondendo a 35 % da ocupação total):

Estes encontram-se essencialmente a rematar o muro da tapada, e nas zonas Norte, Este e Oeste da tapada que, apesar de apresentarem vestígios de alguma vegetação autóctone, também apresentam coleções florestais. Incluem-se nesta categoria a Reserva Botânica Natural D. António Xavier Pereira Coutinho e coleções florestais, como a Mata de Cupressus com Cupressus lusitanica, o Pinhal de Junot, com Pinus pinea, o Arboreto dos Coalas, com diversidade de eucaliptos e o Projeto Agro (com Pinus pinea, Quercus suber e Quercus rotundifolia).

 

Pavilhão de Exposições

Pavilhão de Exposições

 

Campos agrícolas e experimentação (com uma área de cerca de 31 hectares, correspondendo a 31% da ocupação total):

Estas zonas encontram-se divididas em vários tipos de culturas, conforme a utilização dos talhões disponíveis; os talhões das culturas arvenses são sujeitos todos os anos a culturas, de acordo comum planeamento da tapada; áreas de vinha, pomar, olival, horta, horto e viveiros.

 

Anfiteatro ProfessorFrancisco Caldeira Cabral

Anfiteatro Professor
Francisco Caldeira Cabral

 

Jardins e enquadramento paisagístico (com uma área de cerca de 18 hectares, correspondendo a 18% da ocupação total):

Fazem parte deste conjunto todas as áreas de jardins, de canteiros e de espécies vegetais com espaços de recreio: a área ajardinada pertencente ao Pavilhão de Exposições e a área adjacente, em frente à Abegoaria; o espaço da Lagoa Branca; os espaços verdes que envolvem o Observatório Astronómico de Lisboa (que pertence à Universidade de Lisboa); o Jardim da Parada e da Rainha contêm espécies vegetais de interesse paisagístico e peças arquitetónicas, como lagos e bancos revestidos de azulejos; o Jardim do Anfiteatro Professor Caldeira Cabral é um projeto de grande valor paisagístico por conter espécies vegetais de interesse dentro de um desenho integrado na paisagem, por estar associado a um anfiteatro de pedra que pode oferecer um conjunto de atividades diversas e porque constitui um legado do pioneiro da arquitetura paisagista do nosso país; pode ainda enquadrar-se nesta categoria o Miradouro, por ser um espaço peculiar na tapada e que ocupa o ponto mais alto da propriedade e oferece um enquadramento panorâmico sobrea tapada e o estuário do Tejo.

 

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Com a colaboração de Ana Raquel Cunha e Maria Manuel Romeiras (Coordenadora do Parque Botânico da Tapada da Ajuda, Professora Auxiliar no Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa)

Referências bibliográficas:

Decreto-Lei n.º 61, de 16 de dezembro de 1910 – Criação do Instituto Superior de Agronomia, edificado na Tapada da Ajuda, para o ensino dos cursos de agronomia e silvicultura; anexação do Jardim Botânico da Ajuda ao Instituto Superior de Agronomia.

Decreto n.º 5/2002,Diário da República n.º 42, de 19 de fevereiro de 2002

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