Onde os jardins contam histórias
Na Verdizela, a Relva Pura, uma pequena empresa familiar, alia criatividade, sustentabilidade e uma visão emocional do espaço verde, mostrando como a paixão pode florescer em negócios únicos.
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Pedro Ricardo não começou com um plano; começou com vontade. Em 1997, sem formação específica em jardinagem, registou-se como jardineiro na Câmara Municipal do Seixal e iniciou um percurso que viria a transformar-se num caso raro de empreendedorismo verde. Nascia a Pedro Ricardo Jardinagem.
A semente da visão
O seu olhar curioso e espírito autodidata rapidamente fizeram crescer a empresa. Em 2010, com uma base sólida de clientes e uma vasta experiência prática, transformou o projeto na Relva Pura. A ideia era simples e inteligente: como comprava muitos materiais para os jardins que construía, porque não adquiri-los diretamente aos fornecedores, com critério, e criar uma oferta própria para venda?
A Relva Pura tornava-se não apenas uma empresa de serviços, mas um espaço de descoberta: um garden center com uma seleção cuidada de plantas, objetos decorativos e soluções de jardinagem. O foco deixava de ser apenas o jardim do cliente para incluir também a experiência de
escolher, sonhar e criar.
Pedro foi ainda mais longe: percebeu o valor dos materiais descartados nos jardins antigos — troncos, pedras, madeiras envelhecidas — e começou a reutilizá-los em novos projetos. Esta abordagem ecológica, antes de ser tendência, já fazia parte do ADN da empresa.
Verdizela: Um jardim por natureza
Localizada na Verdizela, a Relva Pura beneficia dum enquadramento privilegiado. Rodeada por pinhais, perto das praias da Costa da Caparica e da Fonte da Telha, e a escassos 25 minutos de Lisboa, esta zona tornou-se nos últimos anos um refúgio para famílias e investidores em busca de qualidade de vida. Este contexto natural inspira diretamente o trabalho da Relva Pura. Aqui, os jardins são pensados para dialogar com o ambiente — não para competir com ele. A Natureza não é apenas uma referência estética; é o coração do projeto.
A inspiração não vem apenas da paisagem. Vem também das viagens. Pedro tem o hábito de viajar para descobrir o que de melhor se faz no mundo da jardinagem. Um dos sítios onde mais gostou de ir foi a Estufa Fria de Lisboa, um local que o marcou profundamente. Sonhou, desde então, com a criação dum espaço onde cada recanto tivesse uma história, uma emoção, uma intenção.
Foi nesse mesmo local que conheceu Mónica — designer criativa, autora de um blog sobre jardinagem e, mais tarde, sua companheira de vida e de projeto. A colaboração entre Pedro e Mónica revelou-se transformadora. Ela trouxe sensibilidade estética, capacidade de comunicação, visão de marca. Juntos, fundaram a alma da Relva Pura: um espaço onde o amor pelas plantas se traduz em ambientes únicos e envolventes.
A força da equipa e o cuidado com o cliente
Hoje, a Relva Pura conta com 35 colaboradores, organizados em três grandes áreas: loja, manutenção e construção. A equipa de manutenção cuida de mais de 140 jardins por semana, e a de construção dá vida a cerca de 15 novos projetos por mês.
Pedro, hoje um paisagista autodidata, canaliza toda a sua experiência para pensar jardins que não sejam apenas bonitos, mas funcionais, duráveis e ecológicos. Preocupa-se com o tipo de solo, a exposição solar, o uso futuro do espaço. As suas escolhas são sempre “inteligentes”: materiais de longa duração, baixo consumo hídrico, espécies adaptadas ao clima.
O maior segredo do seu sucesso, porém, talvez esteja na relação com os clientes. Muitos dos seus clientes de manutenção tornaram-se amigos. E é nas conversas, nos detalhes do dia a dia, que Pedro encontra as ideias mais valiosas. Escutar é a base de tudo. Entender como a família vive o jardim, que hábitos tem, que memórias deseja criar — isso orienta cada projeto.
A loja física, ou Garden Relva Pura, reflete esta filosofia. É um showroom-jardim onde cada recanto foi cuidadosamente criado para inspirar. As plantas convivem com objetos decorativos, fontes, pedras, caminhos e sombras. Tudo pode ser adquirido. Tudo pode ser vivido.
