Ornamentais

As orquídeas nas estações frias

Phalaenopsis Mini Mark

Com a aproximação dos dias mais frios verificamos que as nossas orquídeas reagem de maneira diferente. Enquanto alguns géneros estão em plena floração, outros cessam a sua atividade durante algumas semanas, período ao qual chamamos de dormência. O que fazer então com as nossas orquídeas nas estações frias? Mais uma vez, depende de que orquídeas temos.

Atividade ou dormência?

Na minha coleção costumam florir nos últimos meses do ano algumas Cattleya, Paphiopedilum, as Prosthechea cochleata, tanto a normal como a alba, os Oncidium Wild Cat e mais algumas espécies pontuais. Os grandes campeões das florações de inverno são, sem sombra de dúvida, os Cymbidium. Começa pelas espécies ou híbridos que gostam de um pouco mais de calor, normalmente florescem em setembro e outubro, passando depois à grande variedade de híbridos, sempre mais ou menos pontuais, até março ou abril.

Estas orquídeas, mesmo com temperaturas mais baixas, não deixam de estar em atividade. Muitas até usam a descida das temperaturas com estímulo para florir. Há no entanto algumas orquídeas que nos períodos mais frios diminuem a sua atividade. Como muitos animais hibernam, também elas entram em repouso. Não crescem, muitas até perdem algumas (ou todas) as suas folhas que amarelecem no final do verão e caem, e muito menos florescem. Durante algumas semanas, dois ou três meses, não mostram sinais de vida. Mas não estão mortas… estão a ‘dormir’. Falo deorquídeas como Dendrobium, Cycnoches, Catasetum, Pleione e tantas outras, sem falar nas terrestres que desaparecem completamente, reduzindo-se a bolbos subterrâneos que ‘dormem’ durante o inverno.

Cymbidium ‘Lilliput’

Geralmente, as orquídeas que têm um período de dormência têm bolbos subterrâneos ou pseudobolbos onde conseguem armazenar energia e alimento. Outras tipos de orquídeas, de crescimento monopodial e que não têm bolbos, como as Phalaenopsis, podem ter um período curto de menor atividade mas nunca entram verdadeiramente em dormência. Para as orquídeas que entram em dormência, este período é necessário para que produzam novos pseudobolbos e para que floresçam. Muitas vezes, em meios artificiais, nas nossas casas ou em estufas aquecidas em que não existem verdadeiras ‘estações’ frias, as plantas limitam-se a dar novos pseudobolbos e folhas mas dão muito menos flores. Elas precisam dos seus ciclos naturais como teriam nos seus habitats.

O que fazer então quando as orquídeas entram em dormência? Como me disse um professor há alguns anos – esqueçam-se delas por umas semanas! Resistam à tentação de as regar pois correm o risco de causar o apodrecimento das raízes ou de toda a planta. Algumas orquídeas como os Cycnoches ou Clowesia podem até ser retiradas dos vasos e deixadas só em cima do substrato. Durante umas semanas as regas serão reduzidas a uns ligeiros borrifos duas ou três vezes por semana. Tal evita que os pseudobolbos desidratem demasiado e comecem a ficar enrugados. Também não precisam de ser fertilizadas. Deixem-nas descansar e vigiem-nas somente para se assegurarem de que não estão a ser atacadas por alguma peste. Quando a planta decidir acordar e lançar novos rebentos aí podemos reenvasá-las em substrato novo e, gradualmente, começar a regar e a fertilizar. Iniciamos assim um novo ciclo para a planta.

Fotos: José Santos

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