Pragas e Doenças

Buxo, doenças que o atacam

Saiba quais são e como fazer para as combater.

O buxo, desde a Antiguidade, tem sido utilizado nos jardins com diversas finalidades, nomeadamente a estruturação e organização do espaço ou influenciar os visitantes através do jardim. Com efeito, um pouco por toda a Europa, os jardins do período renascentista caracterizam-se pelo uso em larga escala de sebes composta por buxo.

Esta espécie assume-se assim como uma das mais relevantes no contexto dos jardins portugueses dessa época. Contudo, a ação conjunta
de agentes abióticos (solo e clima) e de agente bióticos (pragas e doenças) tem debilitado nos últimos anos a condição sanitária das sebes de buxos em muitos dos jardins portugueses.

Doenças do buxo

Míldio do buxo

A espécie Cylindrocladium buxicola, recentemente identificada em Portugal, é atualmente uma das principais doenças do buxo.

A doença poderá passar inicialmente despercebida, sendo apenas reconhecida aquando de uma desfoliação intensa. As folhas apresentam manchas acastanhadas marginadas em tom mais escuro. Na página inferior das folhas e com humidade elevada, poderão observar-se massas de esporos esbranquiçados. Nos lançamentos recentes podem surgir listas negras e fendilhamento da casca. As plantas, sobretudo as mais
jovens em virtude da desfoliação intensa, poderão morrer. Este fungo não infeta as raízes.

Para o controlo deste fungo é importante controlar a humidade elevada, o ensombramento e a má circulação de ar, pois são condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo. Adicionalmente devem-se arrancar e queimar as plantas mortas; podar os ramos doentes, remover as folhas caídas e a parte superficial do solo na proximidade de plantas doentes e desinfetar os instrumentos utilizados na poda (utilizar lixívia).

É importante não confundir a sintomatologia associada a C. buxicola com os sintomas causados pela infeção de Volutella buxi.

Vollutela buxi

Vollutela buxi

Cancro do buxo

O fungo Volutella buxi pode afetar todas as espécies de buxo, mas ataca sobretudo Buxus sempervirens cv. ‘suffruticosa’.

O quadro sintomatológico é vasto. Apresenta frutificações rosadas nas folhas e nos ramos, sendo que antes de surgirem os desenvolvimentos primaveris, as folhas dos ápices dos ramos infetados mudam de verde-escuro para cor de bronze e, finalmente, para amarelo-palha. Com o avanço da doença, as folhas verticalizam e tornam-se adjacentes aos raminhos. De entre a sintomatologia mais evidente, destaca-se o facto de alguns ramos inibirem os novos lançamentos primaveris e não apresentarem o vigor característico da espécie.

Para evitar e controlar esta doença, deve-se, através da poda, promover a circulação do ar e a penetração da luz. Na presença dos primeiros sintomas, devem remover-se os ramos infetados, os quais deverão ser cortados cerca de 10 cm abaixo dos tecidos doentes. É igualmente importante a remoção de todas as folhas e resíduos que se tenham acumulado dentro da sebe.

Podridão das raízes

A doença em causa é atribuída aos fungos do género Phytophthora sp., que atacam sobretudo Buxus sempervirens cv. ‘suffruticosa’, mas já se registaram em Buxus microphylla.

A doença geralmente inicia-se num ramo ou numa parte da planta e gradualmente vai-se manifestando noutros ramos, até atingir toda a planta. A sintomatologia das plantas atacadas caracteriza-se pela presença de folhas onduladas com as margens enroladas para dentro e mudando verde-escuro para uma tonalidade palha. Não se verifica a desfolha. As raízes ficam diminuídas das suas capacidades e com tonalidade escura. Os caules adquirem tom escuro, a casca apodrece e tem tendência a soltar-se, sendo que a casca do caule principal pode desprender-se abaixo do solo e expor os tecidos descolorados.

Para o controlo da doença é crucial garantir a boa drenagem dos solos de forma a que a zona do raizame não fique exposta ao excesso de humidade. Após o início da infeção a aplicação de caldas fúngicas à base de fosetil de alumínio poderão ser uma solução, ainda que com resultados pouco promissores.

Puccinia buxi

Puccinia buxi

Ferrugem das folhas do buxo

A doença causada pelo fungo Puccinia buxi é uma das doenças mais características do Buxus semperviriens.

Numa fase inicial, sobre as folhas, forma pequenas pontuações alaranjadas de contorno irregular e, na sequência do desenvolvimento, originam pústulas castanhas-escuras e purulentas na página inferior das mesmas folhas. Estes esporos hibernam e contaminam as folhas novas, as quais perdem a cor natural, e as manchas adquirem tonalidade mais escura. Quando o ataque é muito agressivo, ocorre a queda prematura da folhagem.

O controlo químico pode ser feito através da aplicação de fungicidas, nomeadamente enxofre.

 

A condição atual das sebes de buxo deve-se pois a um conjunto de fatores que podem conduzir, a médio prazo, ao declínio destes exemplares e normalmente envolve a ação conjunta ou por vezes isolada de um vasto leque de pragas e/ou doenças que importa controlar em tempo útil.

 

Leia ainda sobre a traça-do-buxo, uma praga que está a dizimar esta espécie.

 

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