Revista Jardins

Como podar árvores e arbustos ornamentais

Depois da abordagem efetuada aos diversos tipos de poda e execução de cortes, desta vez vou abordar as diversas metodologias de poda para condução das espécies vegetais. As plantas são bastante variadas no seu tipo de rebentação, podendo-se multiplicar por rebentação a partir da base ou por rebentação nas extremidades, variam no tipo de folhagem, no tipo de floração, entre outras características.

A forma como se deve compreender a sua poda também deve ser de acordo com as características próprias de cada espécie. É fundamental compreender, por um lado, o que se pretende da planta em si e, por outro lado, identificar alguns aspetos fisiológicos da planta, nomeadamente o tipo de rebentação e os hábitos de floração.

Regeneração das plantas

Existem plantas que se renovam principalmente pela base, ou seja, a esmagadora maioria dos arbustos, e existem outras plantas que se multiplicam com maior vigor através das extremidades dos ramos, isto é, todas as árvores e muitos arbustos.

Contudo, estas duas situações não devem ser entendidas como únicas, pois existem plantas que se encontram numa posição intermédia relativamente à sua regeneração, por exemplo, há espécies que se multiplicam com maior vigor nas extremidades dos ramos, mas ainda assim possuem capacidade de emitir rebentos a partir da base.

Tipo de floração

As plantas podem ser agrupadas em duas grandes categorias quanto à floração: as que florescem em ramos do próprio ano, ou em botões prontos, isto é, as plantas que dão flor em botões que se formam, se desenvolvem e dão flor no mesmo período vegetativo e que geralmente dão flor mais tarde e sempre no final dos lançamentos; em alternativa, há espécies que florescem em gomos formados nos ramos do período vegetativo anterior, mas que, por ação das temperaturas invernais, passam por um processo de repouso, designando-se assim por botões hibernantes, acabando por se desenvolver e florir no final do inverno ou cedo na primavera, muitas vezes ainda antes de surgir a rebentação nos próprios ramos. Como exemplo do primeiro grupo de plantas podem ser enunciadas as roseiras, os hibiscos, etc., ao passo que, no segundo caso, enumeram-se as cameleiras, as magnólias de folha caduca, entre outras.

Assim, nos próximos tópicos são explanados os diversos métodos de poda a considerar, em função das características fisiológicas, sobretudo de renovação e de floração de cada espécie.

Metodologia I: Regeneração basal

Regeneração basal com atarraque
Características das plantas:

Rebentação: Mais vigorosa na base dos caules.

Folhagem: Sobretudo plantas de folha caduca.

Floração: Botões prontos e ramos floríferos de curta duração.

Execução: Eliminam-se junto ao solo todos os caules, exceto os surgidos no próprio ano, sendo estes atarracados de forma inversamente proporcional ao seu vigor (quanto maior a redução maior a estimulação vegetativa).

Época: Inverno.

Metodologia II: Prolongamento em estrutura (perene/semiperene)

Características das plantas

Rebentação: Mais vigorosa nas extremidades dos ramos.

Folhagem: Folha caduca.

Floração: Botões prontos.

Outras: Aplicável a árvores conduzidas em espaços confinados.

Execução: Inicialmente estabelece-se uma estrutura equilibrada na qual se efetua todos os anos uma poda por atarraque “a talão” dos ramos surgidos no próprio ano. À exceção destes prolongamentos, toda a rebentação é eliminada na poda.

Época: Inverno e primavera. Principais espécies: Roseiras, hortênsias, hibiscos, budleias, árvores-de-júpiter, lantanas, fotínias e todas as árvores conduzidas com restrições de espaço.

Metodologia III: Limitação de volume

Características das plantas

Rebentação: Mais vigorosa nas extremidades dos ramos.

Folhagem: Sobretudo plantas de folha persistente, mas não em exclusivo.

Floração: Indiferente.

Execução: Com a tesoura de poda, nas plantas de folhas de maior dimensão ou nas que apresentam ramificações menos densas, ou com o tesourão corta-sebes nas plantas de folhas mais pequenas e/ ou de ramificações mais densas e/ou em sebes formais, efetua-se com regularidade a redução da dimensão dos ramos (sempre junto a uma axila folear) controlando o seu alongamento e promovendo a densidade da folhagem.

Época: Com regularidade.

Principais espécies: Cameleiras, roseiras trepadeiras, cerejeiras-de-jardim, buxos, alecrim, alfazemas, urzes, escalónias, brincos-de-princesa, hera, medronheiro, berbéris, budleias, lava-garrafas, olaias, cotoneasteres, pilriteiros, azevinhos, loureiros, magnólias, loendro, azáleas, lilases, folhados, entre outras.

Ao fazermos a remoção regular dos ramos cruzados, mortos e ladrões, garantimos uma forma equilibrada da planta.

Metodologia IV: Valorização da estrutura

Características das plantas

Rebentação: Mais vigorosa nas extremidades dos ramos

Folhagem: Indiferente.

Floração: Indiferente.

Outras: Não aplicável em situações com limitação de espaço. Aplicável a todas as árvores conduzidas em porte livre.

Execução: Promove-se a formação de uma estrutura vegetal equilibrada, com as principais ramificações bem distribuídas no espaço, sem bifurcações que promovam casca inclusa, sem ramos cruzados, e eliminando regularmente os ramos mortos e os ramos “ladrões”.

Época: Em qualquer altura do ano, mas sempre no respeito pela fisiologia da planta.

Principais espécies: Cameleiras, hibiscos, cerejeiras- -de-jardim, medronheiro; lava-garrafas, olaias, azevinhos, pilriteiros, árvores-de-júpiter, magnólias, fotínias, romãzeira, lilases e a generalidade das árvores conduzidas em porte livre.

A poda de árvores e arbustos ornamentais não pode assim ser vista como uma tarefa isolada no tempo, mas antes como uma tarefa progressiva que deve ser cuidadosamente planeada e implementada de forma continua sobre as plantas, observando sempre os dois principais requisitos da poda: o objetivo da planta enquanto elemento ornamental e os seus processos fisiológicos.

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