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Conheça o novo Manual técnico elaborado por uma equipa de investigadores do MED, no âmbito do projeto “Plantas Nativas na Cidade – Repensar os Espaços Verdes Urbanos”

“Projetar em espaço urbano com espécies nativas acarreta para o projetista a necessidade de trabalhar na relação com o cliente uma componente pedagógica e de educação ambiental que fundamente e valorize conceitos e soluções que, não raras as vezes, chocam com um paradigma instalado assente no uso de espécies exóticas.

Para que esta nova abordagem ao desenho dos espaços verdes urbanos se enraíze, essa contextualização junto do dono da obra e da população em geral é essencial, tanto mais quanto mais próximas sejam as comunidades da paisagem rural. Paralelamente, e não menos importante para o sucesso desta forma de reinventar o projeto no espaço público urbano, é o conhecimento e a sensibilidade do projetista para ler a paisagem em que se inscreve o espaço de intervenção e consequentemente ter a capacidade de desenhar com ela, espaços ecologicamente mais ricos e sustentáveis com que a população se possa identificar.

O projeto com espécies nativas, para além das claras vantagens na sustentabilidade e na introdução de diversidade ecológica no espaço urbano, deve explorar e ensinar a valorizar as qualidades estéticas da vegetação, a variação cromática na sazonalidade, a resiliência e capacidade de adaptação à seca, bem como a valorização das suas propriedades aromáticas ou medicinais e a sua importância cultural. Se no que respeita aos cuidados de instalação não existe diferença significativa por comparação com os espaços que se constroem com ornamentais ou exóticas, as vantagens na manutenção de espaços desenhados com plantas nativas são expressivas.

Por exemplo, as necessidades hídricas diminuem à medida que as plantas se instalam e fixam no solo, permitindo reduzir os consumos e, findo o período de instalação, pode retirar-se, total ou parcialmente, a rega. É fundamental monitorizar essa redução, atendendo às especificidades de cada espécie, conscientes de que o excesso de água tende a comprometer a sua sobrevivência.

Em termos de manutenção, não é necessário efetuar qualquer tipo de poda, exceto para eliminação de ramos mortos ou, após a floração, como no caso dos tomilhos, para melhorar o crescimento vegetativo.

Este manual foi elaborado no âmbito do projeto “Plantas Nativas na Cidade – Repensar os Espaços Verdes Urbanos”, financiado pelo Fundo Ambiental, e surge com o intuito de promover a biodiversidade e uma gestão mais eficiente e sustentável destes espaços.

A lista de espécies nativas apresentadas, neste manual, não é de todo exaustiva nem reflete a abrangência de aplicação destas espécies, uma vez que nele estão incluídas apenas espécies plantadas nas áreas verdes requalificadas, no âmbito do referido projeto, na cidade de Évora. Cada espécie é ilustrada e acompanhada de uma descrição da sua ecologia, incluindo, quando aplicável, informação sobre interações específicas entre a planta e alguns animais.

Em cada ficha de espécie, são também indicados a época de floração, a tolerância a períodos de seca, a luminosidade preferida, a persistência das folhas, as dimensões médias, as técnicas de multiplicação e o seu valor estético para uso em áreas verdes.

Os mapas de distribuição aqui apresentados são representações esquemáticas dos territórios que são mais propícios à utilização de uma dada espécie, porque correspondem, grosseiramente, à sua área nativa de distribuição. Foram elaborados com base nos conhecimentos próprios dos autores deste guia, nas áreas de distribuição presentes na plataforma Flora-On (http://www.flora-on.pt), na obra global da Flora de Portugal de Amaral Franco e em Bingre et al. (2007).

O método de multiplicação indicado na ficha de espécie é o mais eficiente e simplificado e, em igualdade de circunstâncias, foi privilegiado sempre a sementeira, em detrimento da propagação vegetativa, por favorecer a diversidade genética.”

Excerto de Belo, A.; Pinto-Cruz, C.; Meireles, C.; Castro, C.; Ma- chado, M.; Simões & Matos R. (2020). Plantas Nativas na Cidade – Manual técnico. Universidade de Évora.

Descarregue-o gratuitamente AQUI.

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