Apresento três personalidades vegetais, bem como os seus atributos, da família das Poáceas (Poaceae), de que fazem parte a cana comum e o bambu.
Também elas foram arrastadas, entre continentes, pelas correntes migratórias após os descobrimentos. A primeira é procedente do Sudoeste Asiático; as restantes navegaram da América do Sul e América Central. Apresentam parecenças no que respeita ao caule e folhagem até ao início da formação do fruto.
1- Lágrima-de-jobi (Coix lachryma-jobi)
A planta não cresce além de um metro; as sementes surgem separadas e expostas. Naturalmente destituídas de carpelos, são em forma de lágrima, duras, brilhantes, de várias cores, comestíveis e até ornamentais. Pertencem ao elenco das medicinais.
De propriedades calmantes e muito diuréticas, as lágrimas têm ainda uma outra função: em Cuba e na Colômbia, são usadas em contas ou vistosos colares, porque aí se crê que evitam as cáries.
2- Teosinto (Euchlaena mexicana)
Planta vigorosa, cujo porte pode alcançar três metros, de excelente massa vegetal para forragens, mas de exígua produção de grão para
alimentação humana. Será o mais ancestral milho, conforme atestam vários achados arqueológicos e registos históricos.
Conhecida há cerca de sete mil anos, terá evoluído através de sucessivas seleções e domesticações até chegar ao milho (Zea mays) do nosso tempo. Esta, além de básica e universal planta alimentar e medicinal, é modernamente de primordial importância como matéria-prima para extração e preparação de amidos, tecidos, plásticos e biocombustíveis. Não tem servido apenas, desde o início da Grande Depressão dos EUA, para estoirar e encher baldes de cinemas!
Antigamente, a sua espiga não ia além dos três a quatro centímetros.
Hoje, o seu comprimento pode atingir os 30. Daí ter honras palacianas e assento no Mitchell Corn Palace, no Dakota do Sul – terra onde mais de 50% da produção mundial lhe pertence e da qual mais de 80% é O.G.M (organismo geneticamente modificado).
As suas barbas, depois de cortadas e antes de estarem secas, postas de “molho”, prestam-se a infusões, decocções, xaropes e extratos líquidos para difíceis distúrbios urinários, distúrbios prostáticos, cálculos renais, cistite, retenção de líquidos…Cada um dos seus pés produz várias espiguetas ausentes de carolo. Cada uma delas, protegidas por carpelos, apresenta apenas uma fi la de grãos imbricados uns nos outros. Os grãos são castanhos e de forma mais ou menos piramidal.
3- Minho-doce (Zea mays varsaccharata)
Planta mais baixa que a do milho comum e muito utilizada em comidas pré-confecionadas ou processadas; é de excelente sabor, de suave doçura e de fácil conservação (experimentem a sua maçaroca assada ou cozida). No domínio das aparências, este grão, quando seco, é pouco atractivo, deprimido, até desprezível.
Todavia, ele encerra grande potencial germinativo. No mundo há colecionadores de quase tudo. Junto-me a eles como produtor/colecionador. Nesta vertente, muitos sabem que o meu enfoque vai direito a este ser que, quando lançado à terra, é nascente de vida e, quando colhido, é reserva de vida, celeiro, mealheiro ou como lhe quiserem chamar.
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