Entrevistas

Especial Selva Urbana: Plant Lover – Bárbara Morais

Sou de Matosinhos, somos uma família de seis, eu, o André (marido), a Flor (filha), a Kim (cadela), o Kobe (cão), e o Bean (tartaruga). Vivemos numa casa muito pequena com jardim.

Sou formada em Arquitetura, mas não trabalho na área, trabalho atualmente no Lidl, e a criação da página de Instagram e do YouTube foi uma forma de voltar as minhas raizes e aquilo que amo, interiores e plantas.

De que forma e quando é que nasceu esta paixão pelas plantas?

Até há pouco tempo não sabia o porquê, mas depois de a minha avó (paterna) ter visitado a minha casa, ela disse-me “és tão parecida comigo. Eu também tinha imensas plantas e adoro trazê-las para casa; a forma como falas delas e como as tratas faz-me lembrar eu própria”.

Toda a minha infância foi passada em união com espaços verdes, o que influenciou a minha ligação com as plantas. Comecei por ter apenas suculentas e catos no quarto.

Quando engravidei e me mudei para a minha primeira casa, houve algo que despertou em mim e a paixão por plantas escalou. Acho que os verdinhos se transformaram na minha cura contra o stresse.

A minha coleção começou a recolher plantas abandonadas ou deixadas no contentor do lixo; para mim, nenhuma planta merece esse destino e, juntando o facto de não ter muitas possibilidades económicas,
trazer plantas abandonadas para casa foi o meu “escape”.

Qual é a sensação de viver rodeada por centenas de plantas?

Quem vê a nossa casa diz que vive- mos numa floresta, e o mais engraçado é que é esse o meu objetivo, trazer a floresta, a Natureza para dentro de casa.

A sensação de que vivo “dentro de quatro paredes” já não existe, sinto-me em casa. O Homem sempre viveu assim, no meio da floresta, mas com todos os perigos associados (predadores), atualmente vivo, segura, na floresta.

E o que muitas pessoas não imaginam é que a casa agradece. Quando vi a nossa casa pela primeira vez, estava cheia de humidade e é muito pequena, mas comigo foi amor à primeira vista!

A questão da humidade foi maioritariamente resolvida com as plantas, já que as mesmas ajudaram a diminuir a humidade presente no ar e este tornou-se mais puro.

Sabe quantas plantas tem?

Deixei de as contar a partir das 183, mas contei hoje e tenho 215. Sinceramente? Fiquei desiludida! Achava que tinha mais, preciso definitivamente de ir a um horto.

Que benefícios sente desse contacto permanente com as plantas?

Desde o meu primeiro dia de partilhas no Instagram que o nosso quarto foi a divisão da casa que mais dúvidas despertou porque sempre tive imensas plantas.

Há estudos que provam que as plan- tas certas no quarto purificam o ar e ajudam a dormir melhor e eu quis mostrar que isso é realmente verdade. Foi aí que fiz o meu primeiro vídeo no Youtube, Extreme makeover, quarto purificador.

Os benefícios são imensos! Desde a purificação do ar à absorção de humidade e de toxinas, passando pelos efeitos calmantes provocados pela libertação de perfume durante a noite. Também contribui para conseguir gerir o stresse. As plantas são a minha “medicação”.

Tem alguns rituais especiais com as suas plantas?

Acho que no meu caso são as festinhas… mexer nas folhas acalma-me imenso. Acabo sempre a sorrir e dou por mim a mexer nas plantas todas.
Gosto de as observar, de tirar fotografias, gravar vídeos a mostrar todos os pormenores.

Acho que quem ama plantas sente que a ligação com elas é inexplicável. Fazem parte de mim. Todos os dias lhes digo “és tão bonita” e, quando nascem bebés, a felicidade interior é indescritível!

“O HOMEM SEMPRE VIVEU ASSIM, no meio da floresta, mas com todos os perigos associados (predadores), atualmente vivo, segura, na floresta.”

Também gosto imenso de propagar plantas, está a tornar-se cada vez mais viciante vê-las multiplicarem-se e crescerem.

Quantas horas por dia ou por semana lhes dedica?

No inverno, o tempo que lhes dedico é inferior ao resto do ano, porque é uma altura muito “parada” em termos de desenvolvimento e necessidades para as plantas.

A partir da primavera, esse tempo aumenta, porque elas precisam que se faça a mudança de vaso, que se mude a terra, que se limpe e regue, etc. Gosto de cuidar delas com calma, sem pressas. Por isso, em média, gasto quatro a cinco horas semanais.

Quais as principais tarefas de manutenção que as plantas exigem?

Tenho de ter uma atenção especial aos sinais do aparecimento de pragas e cuidados para tentar evitar que apareçam. Principalmente nos meses de calor, porque, quando se tem uma selva urbana, é muito fácil e rápida a propagação das pragas a todas as plantas e muito difícil acabar com elas.

Alguns dos cuidados que tenho são limpar bem as folhas com um pano humedecido apenas com água, regar apenas o necessário, conhecer bem as plantas e as suas necessidades, tomar sempre atenção aos primeiros sinais de pragas.

É essencial saber quando regar e o truque está em conhecer as necessidades de rega de cada planta. Como hoje em dia a maioria das plantas são originárias de países tropicais, quando são compradas e postas em casa, ressentem muito a falta de humidade no ar.

É necessário aumentar o índice de humidade no ar e para isso ou so de um humidificador em conjunto com o medidor de humidade é um bom aliado. Ter plantas em casa é mais fácil do que parece.

A manutenção que lhes faço faz parte da minha rotina, nunca me esqueço de tratar delas, até porque passo grande parte dos meus dias a admirar a sua beleza. Deve ser por isso que elas crescem tanto!

Qual o top 5 das suas plantas preferidas e porquê?

A primeira planta que apanhei do lixo e que ficou guardada na varanda dos meus pais até irmos para a nossa casa, foi a agave. É, sem dúvida, a minha preferida.

A segunda pertence a mais um dos tipos de plantas pelos quais sou apaixonada: trepadeiras! A forma como crescem e a facilidade com que as consigo propagar é incrível.

A terceira é a Strelitzia nicolai, a minha perdição. Ultimamente tenho comprado plantas maiores, porque gosto da variedade de tamanhos entre as plantas. E a estrelícia dá um ar muito tropical ao ambiente!

Depois são os fetos, para mim são todos lindos. A forma como crescem as folhas, vê-las a desenrolar aos poucos… é por isto que eu amo plantas.

E, por fim, a maranta ou Calathea (por exemplo a Maranta leuconeura). A forma como ela dança ao longo do dia relembra-me que a vida tem movimento, que são seres vivos, que as plantas não são só uma peça de decoração, e a maranta relembra-me disso todos os dias. É incrível olhar para ela de manhã e, quando olho outra vez passado umas horas, está completamente diferente.

Que conselho dá aos nossos leitores que pretendem tornar as suas casas mais verdes? Por onde devem começar para trazer a Natureza para dentro de casa?

É imperativo começar aos poucos. É muito importante perceber como é a casa, a diferente luminosidade que cada canto tem, por que motivo há plantas que gostam de muito sol e há exatamente o oposto, plantas que adoram uma boa sombra.

Por isso, primeiro, deve-se perceber a orientação solar da casa e colocar as plantas de acordo com as suas necessidades. É importante não desistir. É normal errar. É normal matar algumas plantas!

Eu já matei imensas, mas hoje sei que foi uma das formas de conhecer as minhas plantas e a minha casa! Isto não é uma ciência exata, é uma questão de tentativa e muito amor.

Quer deixar uma mensagem de esperança para quem está em casa nesta primavera diferente?

É o tempo perfeito para jardinar, para mexer na terra, para parar, respirar e viver, sem necessariamente ter de sair.

É possível respirar um ar mais saudável dentro de casa, é possível ter um pedacinho de Natureza connosco todos os dias. É importante percebermos o que é a nossa essência, o que gostamos de fazer, conhecer a nossa Natureza e eu sei que a maioria vai voltar a querer mexer na terra.

Faz parte de nós. E às vezes tudo aquilo que precisamos é de voltar às raízes que já só os nossos avós e bisavós conhecem. O contacto com os elementos verdes que tanta vida nos dão.

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