Atualmente algumas zonas de Portugal atravessam um período de seca extrema e, para a combater, temos que saber gerir e rentabilizar a água de rega na nossa horta caseira.
Para produzir um kg de milho, precisamos de 1222 litros de água; a couve-lombarda requer 237 l/kg; o pepino, 353 l/kg; a batata, 287 l/kg; a alface, 237 l /kg; e tomate, 214 l/kg. São pegadas ecológicas referentes ao consumo de água sobre os quais precisamos de refletir…
Esta gestão vai passar pelo sistema de rega, condições ambientais (solo, clima), técnicas de cultivo, culturas escolhidas, tempo e hora para rega.
Sistemas de rega que podemos utilizar na horta
1. Mangueira: Mais utilizado e fácil de instalar, deve ser flexível, resistente ao desgaste e à pressão da água, não deve torcer nem dobrar.
2. Regador: Mais cansativo trazer o regador cheio, se a torneira ficar longe. Aplica-se a pequenos espaços.
3. Aspersor móvel: Pouco adequado, pois muitas plantas não gostam de água nas folhas, mas, se optar por este sistema, regue sempre de manhã para as folhas secarem rapidamente. Bom para grandes extensões de terreno.
4. Sistema de rega localizada (gota-a-gota ou microaspersão): Mais eficácia e maior poupança de água (mais de 40-50% em relação aos outros sistemas), a água é fornecida por gotejadores de diversos caudais que são inseridos em tubos rígidos. Também podemos utilizar o sistema de fitas de plástico flexível com emissores colocados a várias distâncias (T-tape).
5. Programador de rega automático: Em regime de férias, pode usar um programador automático de rega, ligado a um dos sistemas referidos anteriormente. No caso de ter sensor de humidade, a poupança da água é maior.
Quando e como devo regar?
1. Verificar se a terra está seca nos primeiros 5-15 cm de profundidade (com uma pá ou com o dedo). Existem também vários instrumentos, como os tensiómetros e sondas com registo contínuo (mais fáceis de gerir pelos agricultores).
2. Sempre no início da manhã; não se recomenda regar durante o crepúsculo, porque a água que permanece em repouso fomenta o crescimento de fungos e bactérias prejudiciais as plantas.
3. Regar mais as plantas nos períodos críticos e as que precisam de mais água no verão e primavera (se a precipitação for fraca).
4. Ver os sinais das plantas e, por exemplo, se estiverem murchas, regar de imediato.
5. Quase todas as plantas devem ser regadas na base junto ao caule (pé da planta), pois, se as folhas ficarem húmidas, podem aparecer fungos que são prejudiciais (ex.: abóboras e curgetes). Pode-se regar por cima alfaces, alho-francês ou couves quando o sol não está forte, para se evitar queimaduras.
6. Os solos arenosos precisam de mais regas do que os argilosos (retêm mais água). Nos solos argilosos, deve-se espaçar mais a rega e deve ser intensa.
7. Existem plantas que, devido ao seu sistema radicular superficial (ex.: alface, morangueiro), precisam de mais água que outras que tem as raízes mais profundas (couve-galega e tomateiro).
8. Mais lentamente, de modo que o terreno absorva a água e não se perca para outros locais. Em períodos de seca, não deve regar com tanta frequência, mas mais espaçadamente e com mais abundância.
9. Calor excessivo. Leva a evapotranspiração alta (perda por evaporação do solo e transpiração das plantas), por isso é necessário regar mais.
Técnicas culturais e outras formas de poupar na água da rega
1. Usar empalhamento ou mulching. Podemos cobrir o solo e colocar uma camada de palha, composto, folhas, casca de pinheiro, jornais (preto e branco) com relva cortada e mesmo uma tela antierva, etc. Estes materiais impedem a evaporação da água.
2. Plantar culturas da região. Colocar as plantas que precisam de mais água nas zonas húmidas e escolher sempre as espécies que melhor se adaptam ao clima do local da horta, preferindo plantas naturais da região (autóctones) que requerem menos rega.
3. Proteger do vento. Protege as zonas ventosas com sebes naturais ou outros corta-ventos, pois o vento seca o solo e faz aumentar a evaporação das plantas.
4. Usar matéria orgânica. O solo rico em matéria orgânica (composto) retém a água e melhora a estrutura do solo (fornece espaço para a água e ar).
5. Manter-se informado do estado do tempo. Estar atento aos avisos meteorológicos, especialmente aos períodos de chuva, evitando regas desnecessárias.
6. Mondar ervas espontâneas. Limpa os canteiros destas ervas, evitando que estas consumam água.
7. Sachar. Diminui a evaporação do solo, destruindo os canais onde a humidade ascende. O ditado diz: “Uma sacha vale duas regas”.
8. Depósitos de água. Fazer uma ligação do algeroz de uma casa para um depósito de água e assim aproveitar a água das chuvas.
9. Aproveitar águas residuais. Aproveitar a água de uso doméstico (ex.: lavagem de legumes e frutas).
10. Pré-germinar as sementes. Deixar as sementes de molho em água tépida 12-36 horas antes de as semear em tabuleiros ou no próprio solo.
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