O Jardim Municipal do Funchal começou a ser construído em agosto de 1880 no terreno onde, desde o século XVI, esteve instalado o Convento de São Francisco.
Segundo o Elucidário Madeirense, “as primeiras plantas introduzidas no Jardim Municipal vieram de Paris, tendo chegado depois outras do Porto e de mais algumas procedências” (Silva, F. A. e Menezes, C.), prova de que a globalização do mercado das plantas ornamentais não é um fenómeno recente.
Do convento apenas resta um brasão em mármore com as armas dos Franciscanos e do Reino de Portugal que está exposto num pequeno relvado no recanto sudeste.
“Em 1 de Outubro de 1885 deu a Câmara ao novo jardim o nome de Jardim Municipal, mas em 6 de Setembro de 1897 foi esse nome substituído pelo de Jardim D. Amélia, o qual se conservou até 27 de Outubro de 1910, em que foi resolvido restabelecer a denominação dada em 1885 ao mesmo recinto. Em 21 de Março de 1902 inaugurou-se ali a iluminação eléctrica…” (Silva, F. A. e Menezes, C.).
Leia também:
O jardim inicial era envolvido por uma galeria em ferro, abrindo-se ao exterior por quatro portas que encerravam à noite. Em 1935, aquando da extensão da Avenida Arriaga para oeste, foi subtraída uma faixa no lado sul e a vedação foi retirada, ficando o jardim permanentemente aberto. A área atual é de 8300 m2.
Com uma forma quase quadrangular, possui mais de duas dezenas de canteiros sem padrão geométrico definido, separados por passeios largos com piso de pequenos seixos rolados, uma marca identitária dos jardins madeirenses. Na parte sudoeste, há uma lagoa com repuxos e, no sector norte, um auditório com um pequeno anfiteatro.
Recentemente identifiquei neste santuário localizado no centro histórico do Funchal cerca de 70 espécies de árvores, predominantemente originárias de regiões tropicais e subtropicais. Algumas destacam-se pelo porte monumental – pinheiro-de-damara (Agathis robusta), araucária (Araucaria heterophylla), pinheiro-da-nova-caledónia (Araucaria columnaris), canforeira (Cinnamomum camphora), barbusano (Apollonias barbujana) e til (Ocotea foetens).
Os frutos são a principal atração de três espécies – árvore-das-salsichas (Kigelia africana), mangostão-amarelo (Garcinia xanthochymus) e macadâmia (Macadamia integrifolia).
Muitas prendem a atenção pelas notáveis florações – chuva-de-ouro-brasileira (Cassia ferruginea), coralinas (Erythrina lysistemon, Erythrina speciosa), fernandoa (Fernandoa magnifica), pluméria (Plumeria rubra), marcâmia (Markhamia lutea), jacarandá (Jacaranda mimosifolia), tipuana (Tipuana tipu), sumaúma (Ceiba speciosa), brassaia (Schefflera actinophylla), loncocarpo (Lonchocarpus sericeus), árvore-da-chuva (Albiziasaman), árvore-das-orquídeas (Bauhinia variegata), hibisco-arbóreo (Hibiscus elatus) e grevílea (Grevillea robusta).
Há flores de árvores, arbustos e herbáceas para apreciar todo o ano, mas é em abril e maio que o Jardim Municipal do Funchal atinge o expoente máximo de beleza. Margaridas, susanas-de-olhos-negros, sálvias, maravilhas, alteias, goivos, zínias, cravos-túnicos, raquéis, eufórbias, cinerárias, calêndulas, cigarrinhos, papoilas, estrelas-do-egito e esporinhas juntam-se numa sinfonia de aromas e cores para festejar o início da primavera.
Leia também:
Gostou deste artigo? Então leia a nossa Revista, subscreva o canal da Jardins no Youtube, e siga-nos no Facebook, Instagram e Pinterest.