Jardins & Viagens

Jardins de Portugal: Rota do Baixo Minho

Conheça os Jardins da Rota do Baixo Minho

Associação dos Jardins Históricos

Aqui pode descobrir santuários, cercas conventuais, quintas de recreio e um conjunto de jardins e parques municipais em Braga, Guimarães e Barcelos.

Cobre os territórios das bacias hidrográficas dos rios Cávado e Ave, com nascentes nas serras do interior – Larouco e Cabreira – e correndo perpendicularmente ao Atlântico. Inclui ainda a bacia do rio Sousa, o vale do Românico.

Para esta rota turística contribuem monumentais santuários, cercas conventuais, quintas de recreio e um conjunto de jardins e parques municipais em Braga, Guimarães e Barcelos. Estes sítios encontram-se numa paisagem humanizada.

Braga encontra-se sobre a linha divisória das bacias do Cávado e do Ave. O santuário do Bom Jesus, várias vezes reconstruído, é a inspiração de tantos outros: Senhora de Porto de Ave e Senhora do Pilar na Póvoa de Lanhoso ou, mais longe, a Senhora da Abadia ou, ao lado, Santa Maria Madalena da Falperra. As cercas conventuais são diversas, umas foram dispersas, mas outras mantêm uma grande autenticidade e integridade, como as dos mosteiros de Tibães e Landim. As quintas estão dedicadas, de um modo geral, à vinha e ao vinho e ao alojamento local, tendo assim as portas abertas aos visitantes. Quinta da Aveleda, Casa de Juste, Paço de São Cipriano, Casa de Margaride, Villa Beatriz, Quinta da Costa. 

Os portais anunciam pátios, ora de aparato, ora agrícolas, abrindo para a entrada de casas a que se aconchegam jardins, bosquetes, campos e pomares articulados por caminhos de ramadas que conduzem a plantações de vinha e a matas. Os jardins e os parques públicos surpreendem pela sua história escondida e pela qualidade do seu projeto – a Penha, em Guimarães; São João do Souto, em Braga; Parque das Termas de Vizela; ou o Campo da Feira, em Barcelos.

1. AVENIDA CENTRAL/ANTIGO PASSEIO PÚBLICO DE BRAGA

No centro histórico é um dos principais eixos da cidade, junto à torre de menagem do antigo castelo de Braga e das chamadas “Arcadas” até à Senhora-a-Branca e a Igreja de São Vítor, tendo o santuário do Bom Jesus do Monte no seu enfiamento. Conhecido como campo de Sant’Ana, fez parte da obra do arcebispo D. Diogo de Sousa (1461-1532).

As primeiras referências remontam ao século XIV, falando de um caminho rural que unia a Porta do Souto à Igreja de São Vítor conhecido como Corredoura. A partir dos finais do século XVII, adquiriu importância como eixo urbano e construíram-se em redor vários conventos e casas. O Passeio Público foi construído em 1857, vedado com grades, com coretos e pequenos lagos, espaço de encontro social, permanecendo assim até 1914, quando deu lugar a uma avenida. Em 1983, foi reabilitado e adaptado a novos usos segundo projeto do arquiteto paisagista Manuel Sousa da Câmara. 

2. CASA DE JUSTE

É uma quinta com origens no século XV. A casa sofreu grandes alterações nos séculos XVII e XVIII, sendo dessa época essencialmente o que se vê. Hoje desenvolve intensa atividade de turismo de habitação. Na entrada da quinta, encontra-se a casa de receção e venda de produtos da quinta. Por um caminho chega-se ao terreiro da casa com capela. A fachada sul da casa é percorrida por uma varanda alpendrada com escada para um jardim dentro de muros com canteiros de buxo, uma fonte central e um tanque. Este tanque está ligado extramuros através de um canalete a um enorme tanque no topo da vinha junto à entrada da mata, resultado de uma intervenção recente.

Caminhos cobertos por ramadas percorrem a quinta, chegando a zonas convertidas para turismo, como o antigo sequeiro, à horta, ao pomar, à mata ou à vinha. A mata oferece um percurso ascendente ladeado por rododendros, camélias e azáleas, e, no alto, encontram-se dois lagos artificiais, regressando-se à casa em percurso descendente. Quinta abundante em recantos e vistas e onde prima o bom acolhimento.

3. CASA DE MARGARIDE/VILLA MARGARIDI

Lugar antigo, intimamente ligado à história de Guimarães. É propriedade dos descendentes do conde de Margaride, estando na família desde meados do século XVII. Mas sabe-se da sua história desde o século X através do legado da notável e poderosa condessa Mumadona Dias, fundadora do mosteiro de Santa Maria de Guimarães, do inventário (1059) de Fernando I de Leão, da doação, em 1314, da quintã de Margaride para o Cabido da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães… a primeira descrição da casa data de 1507.

Integrada em espaço urbano, parte dos seus terrenos deram lugar ao Parque da Cidade e hoje é constituída por um bosque por onde se acede, com a casa ao fundo, precedida por terreiro murado, envolto em jardins, pomares e quintais. Recentemente restaurada a velha eira, hoje permite acolher turistas com uma bonita vista sobre o monte da Penha. 

4. CASA DE VILA FLOR

Possui um jardim composto por três patamares delimitados por balaustrada decorada por pináculos, urnas e estatuária, ligados entre si por escadarias de lanços opostos, e onde existem tanques e jardins de buxo com notáveis camélias. Foi mandada construir, em meados do século XVIII, por Tadeu Luís António Lopes de Carvalho da Fonseca e Camões, fidalgo da Casa Real e senhor dos Coutos de Abadim e Negrelos, mandando colocar nas fachadas as estátuas dos reis de Portugal. No século XIX, era seu proprietário o 1.º conde de Arrochela; em 1852, aqui esteve hospedada a rainha D. Maria II durante a sua visita ao Minho. 

A casa foi mudando de proprietário até que foi adquirida pela família Jordão, no início do século XX, altura que foi acrescentada a mansarda do palácio. A Câmara municipal adquiriu o imóvel em 1976 para aqui instalar um polo da Universidade do Minho. 

5. CASA DOS BISCAÍNHOS

A origem da casa dos Biscainhos em Braga remonta aos séculos XVI/XVII e o jardim é considerado “um dos mais expressivos testemunhos do jardim barroco, com notáveis introduções em estilo rococó, que sobreviveram em Portugal”. Com cerca de um hectare, o jardim é estruturado por um eixo central. Acede-se pelo rés de chão da casa que dá acesso a um amplo terreiro fechado por um murete, a que se segue um jardim de buxo com pequenas casas de fresco construídas com cameleiras e pequenos lagos ao centro. Num nível inferior, depois de um pequeno lanço de escadas, ladeado por um monumental e centenário tulipeiro com quase 30 metros de altura, seguem-se pomares e hortas, rematando num recinto amuralhado.

O jardim é amplamente ornamentado com alegretes, mirantes, estátuas, painéis de azulejos, fontes e um encantador pavilhão. Numa visita aos Biscainhos, não deixar de conhecer a casa visitando o museu e deambular no jardim, rendendo-se aos seus muitos encantos!

6. CERCA E CLAUSTRO DO MOSTEIRO DE LANDIM

Localiza-se em Famalicão, a escassos 5 km do rio Ave, e corresponde à antiga cerca do mosteiro. É porventura uma das nossas cercas conventuais mais bem conservadas. Em julho de 1770, um Breve Apostólico de Clemente XIV determinou a extinção de nove mosteiros da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, entre os quais se incluía o Mosteiro de Santa Maria de Landim. Passados dois anos, Manuel Baptista Landim (1715-1788), comprou o mosteiro e a cerca. Desde então, têm-se mantido na posse dos descendentes. 

O mosteiro foi fundado nos princípios do século XII. No adro da igreja, um portal dá acesso à cerca, acedendo-se ao claustro e aos jardins com os canteiros de buxo, camélias, alegretes, pombais, estufas – um rododendro monumental – e depois às hortas. Caminhos cobertos por ramadas com fontes e tanques, aquedutos e regadeiras conduzem à mata e aos campos agrícolas hoje ocupados por vinha. A mata tem grandes exemplares de eucaliptos, austrálias, carvalhos e pinheiros. Aqui existe um recinto do jogo da bola, com a Casa do Paço ao fundo, com sala única com amplas janelas e paredes revestidas de painéis de azulejos setecentistas, representando cenas das vidas de santos. 

7. CERCA E CLAUSTROS DO MOSTEIRO DE TIBÃES

Esta é a casa-mãe da Congregação de São Bento em Portugal, encontra-se a 6 km da cidade de Braga na meia encosta do monte de São Gens, na margem esquerda do rio Cávado. Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, passou a mãos privadas até à sua aquisição pelo Estado Português em 1988, em avançado estado de degradação. Hoje, estamos perante um dos mais notáveis mosteiros portugueses, envolto numa cerca murada que mantém um elevado nível de autenticidade.

O mosteiro atingiu o seu esplendor nos séculos XVII e XVIII, tendo-se tornado um dos maiores conjuntos monásticos, composto por igreja e dependências monacais, incluindo dois claustros e quatro pátios, e a cerca que se desenvolve pela encosta acima, a sul do mosteiro. A igreja foi construída entre 1628 e 1661, e o escadório, entre 1725 e 1734. O acesso ao mosteiro é feito a partir de um amplo terreiro, que se inicia com o cruzeiro de Tibães e remata na igreja e dependências monacais. A cerca mantém a estrutura organizativa inicial com os campos de cultivo, as matas, o escadório, o sistema de água, fonte, tanques e aquedutos. A mata de carvalhos, castanheiros, pinheiros, etc. acompanha o percurso, não faltando as cameleiras, as azáleas e as hortênsias.

8. JARDIM DE SANTA BÁRBARA

Ocupa um espaço de grande significado na cidade de Braga – o jardim do antigo paço arquiepiscopal de Braga, hoje Biblioteca Pública. É um espaço emblemático da cidade, marcado pela variada paleta de cores das plantas anuais dos seus múltiplos canteiros.

Encontra-se junto à ala mais antiga do paço, construída, em 1336, a mando do arcebispo D. Gonçalo Pereira, avô de D. Nuno Álvares Pereira. O jardim é aberto ao público e construído em plataforma elevada, vencendo o desnível da rua, apresentando junto ao paço diversos vestígios arqueológicos do mesmo, nomeadamente umas arcadas góticas. O chafariz que está no centro com a imagem de Santa Bárbara foi trazido do demolido Convento dos Remédios em 1911.

9. JARDIM DO MUSEU NOGUEIRA DA SILVA

O Museu Nogueira da Silva é uma iniciativa do comendador António Augusto Nogueira da Silva (1901-1976), empresário, filantropo e colecionador que, em 1975, doou a sua casa com o recheio à Universidade do Minho. Situado na Avenida Central, na sua traseira existe um jardim construído no século passado, da época da construção da casa, embora nele tenham sido instaladas obras de épocas anteriores, como é o caso das três fontes barrocas, uma delas conhecida como Fonte de São Beda, proveniente do Mosteiro de Tibães.

O acesso ao jardim é feito através da casa que dá acesso a um pátio em quota mais baixa, conhecido como “Terreiro Jorge Barradas”, devido ao autor dos painéis cerâmicos que revestem as paredes. O jardim desenvolve-se num patamar superior composto por jardim formal com canteiros de buxo, fontes barrocas, abundante presença de estatuária e painéis de azulejos, assim como de grandes árvores como magnólias de flor grande e ciprestes, camélias e pérgulas revestidas de glicínia. Tem hoje uma pequena casa de chá no jardim.

10. JARDIM PÚBLICO DE GUIMARÃES/ALAMEDA DE SÃO DÂMASO

Em pleno centro histórico de Guimarães, a sequência de três eixos constituída pelo largo do Toural, local extramuros onde se realizava a feira de gado, pela alameda de São Dâmaso e pelo Jardim de São Gualter é um dos locais mais emblemáticos da cidade. Aqui foi criado o Passeio Público de Guimarães, fechado por gradeamento e aberto em 1878. A zona da alameda foi ajardinada a partir de 1869. Em 1953, com o Plano de Urbanização de Guimarães do arquiteto Moreira da Silva, criou-se uma zona verde desde o Toural até ao largo da República do Brasil/Jardim de São Gualter, rematado pela Igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, por vezes referida como Igreja de São Gualter por nela existir uma capela dedicada a este santo, um franciscano enviado em missão a Portugal por São Francisco de Assis no início do século XIII. As “Festas Gualterianas” em sua honra decorrem no primeiro fim de semana de agosto, as também chamadas festas da cidade.

11. JARDINS DO CASTELO DE GUIMARÃES

Em torno do castelo de Guimarães sucedem-se os espaços públicos ajardinados e de uso público quer pelos vimaranenses quer por portugueses e estrangeiros: o Campo de São Mamede, com a Igreja de São Dâmaso de um lado e o castelo no outro extremo; a envolvente da Igreja românica de São Miguel do Castelo; a ampla envolvente do paço dos Duques de Bragança e o Largo Martins Sarmento, fronteiro ao antigo Convento do Carmo.

Trata-se de um vasto espaço verde na parte alta de Guimarães, desde 2001 incluído no Centro histórico de Guimarães inscrito na Lista do Património Mundial (UNESCO) com a exceção do Campo de São Mamede que se encontra na zona tampão. Aqui, contactamos com momentos da história de Portugal de grande significado, materializados em monumentos que chegaram até nós embora saibamos que tenham sido alvo de intenso trabalho de restauro. Trata-se assim de um espaço musealizado e monumental para o que muito contribui o castelo, a Igreja de São Miguel e o Paço dos Duques de Bragança classificados como Monumento Nacional desde 1910.

12. PAÇO DE SÃO CIPRIANO

Situa-se em Tabuadelo perto de Guimarães. Foi fundado em 1414, tendo existido aqui uma albergaria no caminho de Santiago de Compostela. O último morgado da casa, Dinis da Costa Santiago de Carvalho e Sousa, vendeu em 1898 o paço ao seu irmão João. Entre 1900 e 1901, foram feitas por ele profundas remodelações segundo projeto do arquiteto Nicola Bigaglia (1841-1908) ao nível da casa, com intervenções na torre, no jardim e na cerca.

A quinta conserva um conjunto de campos, quintais murados e tapadas onde há a destacar as matas, a “Matinha” a sul da casa e dos jardins e a “Mata dos carvalhos” com acesso através de portão fronteiro ao portal do terreiro, tendo à esquerda uma antiga casa de caseiro, um sequeiro e eira. Um passeio nesta mata leva-o entre caminhos ensombrados pelas copas das árvores até ao grande lago, num ponto alto. São Cipriano é uma referência do pioneirismo do turismo de habitação em Portugal, em 1982, perpetuando assim a vocação de vários séculos de albergaria.

13. PARQUE DAS TERMAS DE CALDAS DE VIZELA

Em pleno centro de Vizela, encontra-se o parque. O acesso principal fica no lado oposto ao balneário termal. As primeiras termas foram criadas, em 1785, em instalações precárias, registando-se uma grande afluência de pessoas, sendo que, em 1787, foram descobertas as antigas termas romanas. O atual balneário foi construído em 1870 e inaugurado em 1892.

O parque foi construído entre 1884 e 1886 pelo horticultor portuense José Marques Loureiro e pelo jardineiro paisagista Jerónimo Monteiro da Costa. Foi mandado construir pela Companhia dos Banhos de Vizela. Entra-se por uma alameda que conduz ao eixo do parque, com o lago ao fim, próximo do rio Vizela. Uma rede de caminhos percorre o parque onde se destacam espécies notáveis como sequoias, plátanos, cedros, tílias, magnólias, eucaliptos, plátanos e camélias, etc. Este é um parque que se distingue por ainda manter o carácter impresso pelos notáveis jardineiros paisagistas do Porto de finais do século XIX.

14. PARQUE DAS TERMAS DO GERÊS

Junto às termas do Gerês encontra-se um dos mais originais parques termais de Portugal. É atravessado pelo rio Gerês, num vale encaixado e num ambiente único. As primeiras referências ao uso termal remontam à época romana, mas foi no reinado de D. João V que se construíram os primeiros edifícios para banhos. Em 1888, a estância termal foi visitada pela família real.

Em 1897, foi iniciada a construção do estabelecimento termal datando o parque também dessa altura. A entrada faz-se por portão, possuindo dois percursos, ao longo de cada uma das margens do rio, ligados por pontes. Os percursos são ladeados por árvores de grande porte: plátanos, tílias, carvalhos, cedros, falsos plátanos, castanheiros, ciprestes, faias-rubras, pseudotsugas, abetos, sequoias e camélias. Pontuam zonas de merendas com bancos e mesas de pedra e, ao fundo, surge o lago com ilha, ponte e gruta com estruturas de pedra e betão naturalizado.

15. PARQUE DE SÃO JOÃO DA PONTE

Este é o lugar por excelência da festa do São João de Braga, à entrada de cidade, na proximidade do rio Este, onde existe a Capela de São João, construída em 1616. Localizado na Quinta da Mitra dos arcebispos de Braga, as origens remontam a 1570, altura em que o arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires mandou aqui construir uma casa de saúde para os enfermos, durante um surto de peste na cidade.

O parque encontra-se dividido em duas partes, separadas por muro com portão, o lado nascente, onde se encontra a Capela de São João sob denso arvoredo e, o lado poente, com um grande lago, rodeado por sequoias, tílias, abetos, cedros, azevinhos, camélias e sobreiros.

16. PASSEIO DOS ASSENTOS

Também chamado Jardim das Barrocas, fica contíguo ao adro da Igreja de Santa Cruz, ou do Bom Jesus da Cruz, uma devoção antiga de Barcelos que data dos inícios do século XVI. A igreja data do início do século XVIII, segundo projeto de João Antunes. O passeio começou a ser construído entre 1780 e 1783 no terreno das Barrocas cedido pela Casa de Bragança, no seguimento de um pedido de um passeio público feito por alguns barcelenses. Atualmente apenas restam as estruturas arquitetónicas, nomeadamente o emblemático muro barroco, recortado por fogaréus e volutas com duas fontes e escadaria ao centro ladeada por obeliscos. O jardim, constituído por canteiros de buxo com plantas anuais, roseiral e camélias, tuias e teixos talhados é fruto de remodelações do século XX. O chafariz chamado Largo da Porta Nova veio do claustro do Mosteiro de Vilar de Frades.

17. QUINTA DA AVELEDA

Em Penafiel, na Aveleda, encontra-se uma das mais notáveis quintas de recreio de Portugal, com um parque e jardins do século XIX, envoltos em campos de vinha. As primeiras referências à quinta remontam ao século XVI e a capela tem a data inscrita de 1671, quando a casa foi remodelada. Foi Gonçalo de Meireles Freire que instituiu por testamento o vínculo do morgadio da quinta a favor de D. Catarina de Meireles, sua irmã, que se casou com Manuel Pedro Guedes da Fonseca, fidalgo da Casa Real, passando a Aveleda a pertencer à família Guedes. Em 1850, Manuel Pedro Guedes da Fonseca instalou-se aqui e investiu na plantação de vinhas e na produção de vinho, fazendo grandes alterações na propriedade, inclusive no jardim.

Os jardins em volta da casa e o parque, influenciados pela arte dos jardins ingleses, são percorridos por caminhos, sob frondosa vegetação: carvalhos, rododendros, sobreiros, sequoias, eucaliptos, plátanos, magnólias, cedros, tulipeiros, cerejeiras e camélias e azáleas. No parque existem várias construções, lago, ruínas fingidas, casinha de colmo, casa das cabras, fontes, bancos e mesas. 

18. QUINTA DE AZEVEDO/HONRA DE AZEVEDO

Situa-se no concelho de Barcelos, pertenceu aos condes de Azevedo, até ao século XX. O senhorio de Azevedo remonta à época medieval, e Godinho Viegas de Azevedo, rico-homem do tempo do conde D. Henrique, terá sido o primeiro a usar o nome. A fundação da torre é anterior a 1536 e só nos séculos XVIII e XIX é que foi acrescentado o corpo residencial. 

A quinta tem 20 hectares, sendo dois de jardins que se desenvolvem a partir da fachada sul da casa. O jardim é murado e está organizado numa sucessão de pátios e patamares. As camélias, as azáleas e as rosas são uma presença a par com gingkos, magnólias, carvalhos-americanos ou tulipeiros. Atualmente está posse da família Guedes, da empresa de vinhos Sogrape, que aqui tem uma extensa área de vinha. O proprietário, Fernando Lobo Guedes (1931-2018), reconstruiu os jardins com o arquiteto paisagista Ilídio de Araújo (1925-2105); em 1983, Fernando Guedes transferiu para aqui diversos elementos arquitetónicos como arcos em pedra e esculturas.

19. QUINTA DE CURVOS

Em Forjães, Esposende, esta quinta oferece um parque notável a par de uma intensa atividade vitivinícola. O Morgadio da Quinta de Curvos foi instituído em 1709 pelo reverendo Egínio Vilas Boas. A quinta foi vendida em 1882 e novamente em 1916; foi depois adquirida por um casal inglês que modificou a casa e enriqueceu o parque sobretudo com diversas espécies de camélia. Desde 1974 que se encontra na posse dos atuais proprietários.

É um parque bem ao estilo de Jacintho de Mattos, o jardineiro paisagista portuense mais ativo na arte de projetar jardins do Porto da primeira metade do século passado. Passa-se o portal e segue-se por uma alameda de plátanos. O parque desenvolve-se de ambos os lados, percorrido por caminhos com espécies arbóreas notáveis. Lateralmente à alameda vão surgindo construções em betão naturalizado, uma gruta com fonte, formando casa de fresco encimada por um mirante − um original guarda-chuva gigante − e uma fonte com caramanchão. O elemento mais surpreendente é o lago, com ilha, ponte e uma gruta encimada por um torreão. O interior da gruta é repleto de detalhes com vasos, estalactites artificiais, bancos e mesas. 

20. QUINTA DO SOUTO

Encontra-se na margem direita do rio Este, em São Pedro d’Este, a 5 km de Braga, no sopé da vertente nascente do monte Espinho, onde se localiza o Santuário do Bom Jesus do Monte. Foi uma quinta com uma extensão considerável, constituída por campos na veiga do rio Este e várias bouças. Uma planta datada de 1850, assinada pelo engenheiro Manuel Couto Guimarães, de um modo geral representa a quinta como ela é hoje.

Desde 1931 que a quinta pertence aos descendentes de José Maria Braga da Cruz (1888-1979), advogado e deputado parlamentar. Os jardins e as hortas desenvolvem-se a poente da casa em patamares onde se situa o jardim de buxo, o jardim do tanque com uma fonte e ainda as hortas de baixo e de cima, onde se encontra a antiga fonte de Santo António. O jardim de buxo, um enorme rododendro, as coleções de camélias portuenses antigas e de rosas antigas dão-lhe uma importância própria enquanto pequeno jardim privado representativo do período áureo da jardinagem paisagista e da horticultura do Porto oitocentista.

21. SANTUÁRIO DA FALPERRA

Numa área limítrofe entre os concelhos de Guimarães e Braga, encontra-se o Santuário de Santa Maria Madalena da Falperra, a cerca de 450 metros de altitude, oferecendo uma panorâmica memorável. A capela é monumento nacional. Foi projetada nos finais do século XVII e, em 1752, a irmandade contratou André Soares (1720-1769) para fazer o projeto da fachada assim como da grande escadaria. 

Acede-se pela EN 309, subindo a mítica “Rampa da Falperra”, e à direita fica o acesso à Capela de Santa Marta das Cortiças e ao monumento a Nossa Senhora da Assunção. Pouco depois, à direita, uma alameda conduz à Capela de Santa Marta do Leão e entra-se num amplo recinto, espaço de merendas, limitado por um antigo convento franciscano que hoje funciona como hotel, seguido do famoso restaurante D. Júlia. Aqui uma escadaria conduz ao adro da capela e deste sai para norte uma alameda em direção à Ermida de Santa Maria Madalena Penitente e um cruzeiro datado de 1775. Este santuário tem mantido ao longo dos séculos o seu carácter autêntico; a sua capela e escadaria constituem das obras mais marcantes de André Soares.

22. SANTUÁRIO DA PENHA

 Situa-se no alto do monte da Penha em Guimarães envolto no Parque da Penha. A igreja encontra-se a uma altitude de 617 metros, tornando a Pena identificável à distância. Lugar antigo, na proximidade de uma estação arqueológica, cujos vestígios remontam à pré-história. Data da Idade Média a primeira ermida no local, dedicada inicialmente a São Mamede e, mais tarde, em 1528, a São Jerónimo. Nossa Senhora do Carmo é há muito aqui venerada e formou-se a Irmandade de Nossa Senhora do Carmo em 1872. Em 1931, deu-se início às grandes obras de reconstrução da igreja, segundo projeto do arquiteto José Marques da Silva (1869-1947).

Entre as penhas há caminhos e escadas por onde se circula, pequenas capelas, mirantes naturais sobre o vale do Selho que corre para o rio Ave e sobre os sacromontes de Braga e Guimarães − Sameiro, Falperra. A vegetação é rica, com a presença dos carvalhos, dos sobreiros, dos medronheiros. Não faltam espaços de merenda, frescos, entre penhas e outras diversões. Várias festas ocorrem neste santuário, a principal, de Nossa Senhora da Penha no 2.º domingo de setembro. Um bom modo de aceder à Penha é utilizar o teleférico que sai junto ao largo das Hortas, a cinco minutos do centro histórico de Guimarães.

23. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA ABADIA

 Situa-se em plena serra do Gerês, no concelho de Amares. A partir do Mosteiro de Santa Maria de Bouro, passa-se a aldeia de Paradela, segue-se o vale encaixado do rio Nava, onde pontuam grandes penedos e extensas áreas de pinhal. Começam a surgir as sete capelas da Via Sacra e as oito capelas dedicadas a Nossa Senhora, após o que se entra no terreiro com uma alameda de plátanos ladeada de quartéis de peregrinos com as arcadas ao nível do solo e varandas alpendradas corridas no piso superior e, ao fundo, a igreja em cuja fachada, no andar superior, existe um altar exterior. Atrás da igreja, há um parque de merendas e um escadório de acesso à pequena gruta da aparição. O caminho continua até ao Santuário de São Bento da Porta Aberta.

As origens remontam ao século VIII. No século XI, existiu um ermitério de monges beneditinos e o culto desenvolveu-se a partir de então. Em agosto de 1725, o santuário recebeu a visita de D. Rodrigo de Moura Telles, arcebispo de Braga e construtor do santuário do Bom Jesus de Braga, que, pensa-se, foi decisiva para o engrandecimento do santuário. As romarias e as procissões atraem visitantes, sendo a festa maior no dia 15 de agosto, o dia da Assunção de Nossa Senhora. 

24. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE E SANTOS PASSOS

Em pleno centro de Penafiel, situa-se o santuário no monte Sameiro, antigamente chamado São Bartolomeu. A igreja tem um amplo adro antecedida por ampla escadaria. Está envolta no chamado “Parque Zeferino de Oliveira”, em homenagem ao benemérito que financiou as obras do parque e da igreja. As capelas de Nossa Senhora da Piedade e dos Santos Passos foram destruídas em 1885 para construir a Praça do Mercado e a câmara municipal cedeu os terrenos do monte de São Bartolomeu para construção das capelas. O grande benemérito da construção da igreja foi Manuel Pedro Guedes, da Quinta da Aveleda. O projeto inicial do santuário foi do engenheiro Pereira Leite. Do final do século XIX e início do século XX data também o parque.

O parque possui uma densa rede de caminhos onde pontuam estruturas em betão naturalizado, como guardas, pontes, casa de fresco e coreto. Foi construído um lago, equipado com uma esplanada, e plantadas várias espécies como abetos, ciprestes-de-lawson, cedros, plátanos, loureiros, freixos, sobreiros e carvalhos.

25. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE PORTO DE AVE

Na margem direita do rio Ave, a cerca de 5 km da Póvoa de Lanhoso, encontra-se o santuário cujo percurso se inicia na igreja e depois continua por um escadório ascendente, culminando num recinto murado e arborizado, o terreiro do lago. Em 1730, Francisco de Magalhães Machado mandou edificar no local um oratório de culto à Virgem que, em 1744, D. José de Bragança, arcebispo de Braga, mandou ampliar com a construção da igreja, escadório e capelas. O santuário foi elevado à categoria de Santuário Real em 1874. 

Da igreja ascende-se ao Terreiro das Músicas, ladeado por quartéis de romeiros, após o que se retoma a subida a partir da capela-oratório. Ao longo do escadório, sob a sombra de árvores notáveis, nomeadamente carvalhos e pinheiros, aparecem as várias fontes capelas sobre a vida da Virgem: Anunciação, Visitação, Natividade, Circuncisão, Adoração dos Reis Magos, Apresentação de Jesus no Templo, Fuga para o Egipto e Jesus entre os Doutores. Nesta segunda parte do escadório, encontram-se exemplares notáveis de carvalhos e pinheiros. A romaria ao santuário ocorre no dia 8 de setembro, dia da Virgem. 

26. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO PILAR

Está construído no maior batólito de granito da Península Ibérica, sobre o qual se encontra a Igreja de Nossa Senhora do Pilar e o castelo de Lanhoso, à cota de 385 metros de altitude. O monte é densamente arborizado por muitas espécies como carvalhos, austrálias, falsos plátanos, azinheiras, oliveiras, pinheiros ou sobreiros, aproveitando-se alguns espaços para parques de merendas. Desde a base do monte, sobe uma Via Sacra composta por sete capelas de Via Sacra, a partir da capela do Senhor do Horto na base do monte, construída em 1750. No caminho de acesso ainda se pode visitar os vestígios de um povoado pré e proto-histórico romanizado.

A história do santuário começou em 1680, altura em que André da Silva Machado, comerciante abastado do Porto e natural da Póvoa de Lanhoso, obteve autorização para desmantelar a barbacã e as muralhas do castelo para aí construir o santuário dedicado à Senhora do Pilar. Sabe-se que, em 1724, já existiam a igreja e as sete capelas. 

27. SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO SAMEIRO

No alto do monte, encontra-se a igreja com as suas torres e zimbório, que se avista a grandes distâncias. Por sua vez, do Sameiro veem-se as serras do Gerês, da Cabreira, da Penha e da Franqueira e, em dias com maior visibilidade, é possível ver o mar. São várias as festas e peregrinações anuais ao Sameiro. No entanto, a visita mais memorável foi a do Papa João Paulo II, em 1982.

A construção do Sameiro é um processo de várias décadas. A fundação deve-se ao padre Martinho António Pereira da Silva, que, a partir de 1860, dinamizou aqui o culto mariano. Todo o espaço organiza-se em função da igreja, que está rodeada de adros e amplos espaços para as cerimónias religiosas. As plantações no monte do Sameiro iniciaram-se em 1926 e hoje o santuário possui uma densa mancha arborizada que dispõe de três parques de merendas.

28. SANTUÁRIO DO BOM JESUS DO MONTE

Este é o mais monumental dos santuários portugueses. Trata-se de uma paisagem cultural, obra combinada do Homem e da Natureza, construída e renovada ao longo de quatro séculos, inscrita na Lista do Património Mundial. Nas várias fases serviu de modelo a muitos santuários. Aqui os estilos arquitetónicos, sobretudo o barroco e o neoclássico, cruzam-se, e o granito e água são os elementos construtivos por excelência a par da vegetação. Enquanto monte-sacro, tem um programa completo relativo à vida, paixão e ressurreição de Jesus Cristo, organizado ao longos de quatro escadórios sucessivos: Via Crucis, Cinco Sentidos e Virtudes, conduzindo este à igreja monumental, e ainda o escadório da Ressurreição, que culmina no terreiro dos Evangelistas. Nos escadórios, sucedem-se 20 capelas evocativas.

Na cerca, distinguem-se duas áreas, o parque, a nascente da igreja, na parte superior do monte, e, a poente, na sua parte inferior, a mata de enquadramento. O parque foi criado na segunda metade do século XIX e tem como elemento central um lago, possui uma vasta rede de caminhos, uma enorme gruta encimada por um mirante e aqui foi colocada a casa de fresco setecentista proveniente do antigo paço arquiepiscopal de Braga da autoria de André Soares. Existem exemplares de árvores notáveis, carvalhos, sobreiros, cedros, sequoias, camélias, tílias.

Para mais informações e marcações de visitas: www.jardinshistoricos.pt

@associacaojardinshistoricos

FOTOGRAFIAS: AJH – JOÃO PAULO SOTTO MAYOR

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