São talvez o meu género de eleição dentro da grande família das orquídeas. São plantas diferentes com flores estranhas, têm cores e formas muito diferentes, são muito exóticas. São os Bulbophyllum.
É o género mais numeroso, com mais de 2000 espécies espalhadas por vários continentes, o que é muito raro acontecer, a grande maioria das espécies é originária da Ásia (Malásia, Indonésia, Nova Guiné, etc.) com várias espécies também na Austrália e Nova Zelândia. Depois vamos encontrar outros Bulbophyllum na Índia, em África e, especialmente, na ilha da Madagáscar e também na América Central e do Sul e ilhas das Caraíbas.
Com tantas espécies separadas por longas distâncias, é natural que as flores tenham evoluído para formas e cores muito diversificadas de modo a atrair os seus polinizadores. O seu nome descreve a planta; do grego bulbos (bolbo) e phyllon (folha), diz-nos que é constituída por pseudobolbos geralmente ovais com uma ou duas folhas a crescer na sua extremidade. As hastes florais brotam da base dos pseudobolbos e podem dar uma única flor ou várias flores, que podem estar dispostas em forma de leque, em cachos, aglomerados, simetricamente num ráquis achatado ou a crescer sucessivamente no mesmo “pé”. São só alguns exemplos.
As flores duram cerca de uma semana, algumas um pouco mais, mas são extraordinariamente belas. Há muitas características que são comuns às várias espécies, e uma delas é que praticamente todas crescem em zonas tropicais ou subtropicais. Crescimento simpodial, com pseudobolbos a crescer ao longo de um rizoma e de forma epífita, utilizando as árvores como suporte. As suas raízes não são muito grossas, mas são fortes e cobertas por velame que as fixa nos troncos e ramos das árvores.
O ambiente é quente e húmido. As raízes penetram pelas fissuras da casca das árvores onde também se acumulam vários tipos de detritos vegetais (folhas secas, agulhas, cascas), poeiras e onde se desenvolvem musgos, líquenes, fetos e outras pequenas plantas. A luz nunca é demasiado intensa e nunca estão expostos diretamente à luz solar, as copas das árvores protegem-nos do excesso de luminosidade. Há muitos anos, quando comecei a ter acesso a espécies mais raras, pensava que os Bulbophyllum eram muito difíceis de cultivar e de obter florações, mas tal não se revelou, sendo até plantas muito generosas, dando duas ou mais florações no mesmo ano. Tenho plantas com mais de 15 anos.
Para tentarmos imitar os seus ambientes, é necessário colocar os nossos Bulbophyllum num lugar com luz filtrada (protegidas com rede de sombra, debaixo de um telheiro, por exemplo) e onde as temperaturas nunca desçam abaixo dos 15 graus. Esta é uma condição essencial, as temperaturas máximas podem ir até mais de 30 graus com bastante humidade, mas nunca podem descer abaixo dos 15 graus. Nem de dia, nem de noite, nem no verão, nem no inverno. Nunca.
Como existem espécies de vários tamanhos, podem também ser cultivadas de várias maneiras. As mais pequenas montadas em cortiça ou placas de madeira e as espécies maiores em tabuleiros, cestos suspensos ou vasos. Como substrato teremos de usar uma mistura que tenha boa drenagem, casca de pinheiro (2 cm) e fibra de coco, e também que retenha alguma humidade, musgo de esfagno e perlite. As regas deverão ser feitas uma ou duas vezes por semana, conforme a velocidade com que a água evapora do substrato e há que ter atenção também ao arejamento do local. A colocação de uma ventoinha ou outra forma de circulação do ar evita a estagnação, que, com a humidade alta, vai proporcionar o desenvolvimento de fungos.
Um ambiente criado numa estufa, terrário, marquise ou jardim interior é o ideal. Como algumas espécies podem ter requisitos mais particulares para florir, aconselho que quem se queira iniciar no cultivo de Bulbophyllum comece pelos híbridos, que já se encontram facilmente em lojas da especialidade. Aqui vos deixo algumas fotos de plantas que floriram este ano em minha casa.
CURIOSIDADES
Como estas orquídeas são polinizadas por pequenas moscas, muitas delas têm cores avermelhadas para imitar a cor de carne em decomposição (reparem que a mosca da foto pousou no labelo vermelho-escuro). Também algumas têm um aroma muito agradável para as moscas, mas algo desagradável para nós humanos. Nada que uma janela aberta não resolva!
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