Passo a Passo

10 passos para criar a sua horta no jardim ou no quintal

O que precisa para ter uma horta no seu quintal ou jardim? Primeiro que tudo vontade. Depois, começar com calma e pouco a pouco. Conheça os 10 passos para criar a sua horta.

Esta é uma excelente época do ano para o fazer, pois grande parte das hortícolas são plantadas ou semeadas agora para consumir no final da primavera ou no verão.

1. Escolha do local

A maior parte das hortícolas gostam de bastantes horas de exposição solar (5 a 6 horas por dia), embora existam algumas menos exigentes. As melhores exposições solares para as hortas, sejam estas em jardim, terraço, varanda ou pátio são Nascente e Poente, (sol de manhã ou de tarde alternado).

A exposição Poente é de todas a melhor, pois tem mais horas de sol no verão. Se o seu espaço tiver uma exposição norte ou for totalmente ensombrado é muito difícil fazer vingar a grande maioria das hortícolas, aromáticas e até pequenos frutos.

Mas há algumas opções como os rabanetes, algumas couves, acelgas, manjericão, espinafre, erva-cidreira e rúcula que não se importam de estar à sombra e no verão até agradecem.

Se o seu espaço for virado a sul, cuidado com as regas no verão. Com sol pode plantar quase tudo: tomate, pimento, alface, abóboras, piripiri, cebolinho, alho francês, cenouras, favas, ervilhas, curgete, cebolas, alhos, entre outras.

2. Desenho e delimitação do espaço

Não é preciso grande espaço para cultivar hortícolas. Uma horta com 5, 10 ou 20 m2 já dá para produzir muito. Por uma questão de facilidade de manutenção e organização deve delimitar a zona da horta, quer seja com ripas de madeira, pedra, tijolo, etc.

Não se esqueça de deixar espaço para circulação.

Também pode optar por colocar uma pequena sebe de aromáticas perenes em toda a volta (o que é importante em termos de biodiversidade e de luta biológica).

Gosto especialmente de utilizar tomilho, alfazema, santolina, alecrim rasteiro, tagetes, malmequeres e chagas. Mesmo que não faça o limite da horta com estas plantações reserve uma zona para elas.

3. Divisão em parcelas

Divida a horta em quatro parcelas para ir fazendo as rotações que são essenciais à boa gestão da horta por mais pequena que esta seja.

4. Reserve uma zona para as sementeiras

Muitas vezes fazem-se as sementeiras em tabuleiros ou vasos (pois é mais simples ) mas se tem espaço pode reservar um canteiro (sobrelevado ou não para as suas sementeiras). Semeie em linhas e coloque uma etiqueta com a data de sementeira e a espécie.

sua horta

5. Preparação do solo/substrato

As hortícolas, dadas as suas características (crescimento rápido, múltiplas colheitas), necessitam de muita matéria orgânica que lhes deve ser adicionada pelo menos uma ou duas vezes por ano, de preferência composto produzido por si.

Uma boa mistura para cultivar hortícolas pode ser constituída por matéria orgânica/húmus de minhoca, 1/3 + areia, 1/3 + composto de plantação, 1/3 (da sua compostagem ou de compra).

Existem no mercado excelentes compostos de plantação agrícolas biológicos que já vêm fertilizados, poupam trabalho e dão uma maior garantia de sucesso.

O pH do solo para cultivar a maior parte das hortícolas deve ser muito próximo do neutro. Se o seu solo é pobre e duro, cave-o e adicione matéria orgânica (húmus ou estrume) e alguns sacos de substrato hortícola (pelo menos nos 10-20 cm superficiais) incorporando.

Faça ainda uma adubação (à razão de 50 g/m2) – pode fazer a lanço à mão, mas tenha o cuidado de “pesar a quantidade total de adubo para não exagerar. Se tem 10 m2 de horta coloque no máximo 500 g.). Se optar por colocar um substrato agrícola fertilizado não necessita de fertilização extra.

6. Definição do local da compostagem

Por mais pequena que seja a horta o compostor é essencial, porque há sempre folhagem, ramos, e os restos dos legumes, cascas, etc., da cozinha que passam a ter um fim mais ecológico.

Pode comprar ou construir o seu compostor. Se construir, tenha em atenção que este deve no mínimo ter uma capacidade de 0.5 m3 (500l) para conseguir armazenar o composto de todo o ano.

Leia também: Compostagem: o equipamento de que precisa

Como fazer composto

Podemos considerar dois tipos de materiais biodegradáveis para colocar no compostor:

  • Material castanho (ramos, folhas, flores e plantas secas, madeira triturada e palha);
  • Material verde (restos de comida, vegetais, fruta fresca e restos de plantas verdes)

Ao colocar o material no compostor deve ter o cuidado de alternar as camadas de resíduos verdes com as de resíduos castanhos. A camada que está por cima deve sempre ser de resíduos castanhos para evitar o problema dos odores.

De cada vez que coloca uma nova camada deve regar e revirar o composto – quando mais revirar maior será a oxigenação e mais rápida a formação de composto. O produto final (composto) deverá estar pronto a ser utilizado em 6-12meses.

O composto vai ter um aspeto de terra escura, sem cheiro e à temperatura ambiente. Depois de ser retirado tem de estar duas a três semanas em “repouso” antes de ser utilizado.

Para que serve o composto

O composto resultante é um excelente fertilizante orgânico:

  • Estimula o crescimento das raízes;
  • Aumenta a capacidade de infiltração da água no solo;
  • Mantém a temperatura do solo;
  • Mantém o pH do solo;
  • Ativa a vida dos microrganismos bons no solo;
  • Reduz o aparecimento de infestantes;
  • Reduz a utilização de herbicidas

Deve colocar nas suas plantações e sementeiras este composto pelo menos uma vez por ano (no outono e/ou na primavera).

7. Ponto de água/sistema de rega

Se tem uma horta maior do que 6 ou 7 m2 justifica montar um sistema de rega gota-a-gota. No verão, as hortícolas têm de ser regadas todos os dias e nos picos de calor às vezes duas vezes, o que justifica o investimento. Se não tiver rega automática tem de ter um ponto de água e uma mangueira que assegure a rega de toda a horta.

8. Ferramentas básicas para a sua horta

Para ter uma horta mesmo que com uma pequena dimensão, tem de ter algumas ferramentas básicas, caso contrário as suas tarefas serão bastante dificultadas. A lista seguinte é apenas um exemplo:

  • Enxada grande e/ou pequena (para cavar);
  • Ancinho (pentear e conchegar após sementeira);
  • Sachola (para mondar);
  • Pá larga para transplantar;
  • Pá de plantar;
  • Tesoura de poda;
  • Faca de colheita;
  • Regador de jato fino ou chuveiro.

Materiais

  • Cesto para colheita;
  • Balde;
  • Carrinho de mão (indispensável para transportar os materiais, plantas e substratos se a horta for grande);
  • Adubo orgânico;
  • Substrato.
sua horta

9. O que plantar e como?

  • Escolha as suas plantações seguindo critérios práticos:
  • O que gosta, o que consome, e o que se adapta às condições e dimensão do seu espaço?
  • Não se esqueça da importância das flores e das aromáticas para o equilíbrio da sua horta

Semeie e plante tendo em atenção que quando vai semear, por exemplo, favas ou ervilhas não as deve semear todas no mesmo dia, senão vai ter a colheita toda concentrada na mesma altura. Divida as suas favas e ervilhas em 3 ou 4 talhões e dê pelo menos duas semanas de intervalo entre os lotes que semeia ou planta.

Esta estratégia serve para todas as hortícolas que cultivar: alfaces, rúcula, espinafres, abóboras, entre outras. Faça um escalonamento pelo menos quinzenal.

Leia também: Planeamento de plantação

10. Cultivar a sua horta em modo de agricultura biológica

Para poder cultivar e planear a sua horta em modo de agricultura biológica, há uma série de conceitos que tem de conhecer e saber aplicar, pois só dessa forma poderá decidir corretamente o que plantar, onde, como e porquê.

São conceitos simples, essenciais e fáceis de perceber:

  • Compostagem (referida anteriormente)
  • Consociações
  • Rotações
sua horta
Consociações

Quando está a planear a sua horta deve dividi-la em talhões onde irá cultivar hortícolas diferentes todos os anos porque terá de fazer rotações de culturas. Para essas rotações terá de saber que plantas combinar em cada talhão.

A localização das plantas umas perto das outras não deve ser feita ao acaso, deve seguir o princípio de que todas as plantas têm uma capacidade de produzir substâncias através da raiz e influenciar as plantas vizinhas (a este fenómeno chama-se alelopatia), podem causar efeitos positivos, ou seja contribuem para um melhor desenvolvimento das plantas de quem são vizinhas (plantas companheiras) ou efeitos negativos inibir a germinação das plantas de que são vizinhas ou dificultar o seu crescimento (plantas antagónicas).

Devemos combinar as plantas nos talhões tendo o cuidado de no mesmo talhão só colocarmos plantas companheiras. O quadro  deverá servir de base à escolha das plantas a colocar em cada talhão (deve ser tido em conta quando em vasos ou floreiras).

Leia mais:

Como conjugar plantas na horta

Cultivar na horta: plantas companheiras vs antagónicas

Rotações

A rotação entre as culturas é uma prática agrícola muito antiga e consiste em ir alternando o cultivo de diferentes hortícolas nos diferentes talhões, segundo as suas necessidades especificas uma vez que as plantas têm formas diferentes de utilizar os nutrientes do solo. Deve existir sempre um talhão em repouso que permite ao solo recuperar uma vez que a horticultura é uma atividade que se não
for bem planeada conduz ao esgotamento do solo. Este talhão deve estar plantado com as plantas a que chamamos adubos verdes (luzerna, tremoço, mostarda). Divida a sua horta em quatro talhões, deixe de preferência um caminho de circulação no meio e pode subdividir os talhões em canteiros para facilitar a plantação e sementeira.

Quadro ano 1.

Em cada ano vai alternar o que cultiva em cada talhão para:

  • Evitar que os nutrientes do solo se esgotem
  • Evitar que algumas doenças das plantas proliferem.

No ano 2 o talhão 1 passa para o 2, o 2 para o 3, o 3 para o 4 e o 1 passa a repouso, e assim sucessivamente ao longo dos anos.

Colheita das hortícolas

Nada mais gratificante do que a primeira colheita de hortícolas. Tenha em atenção algumas regras básicas:

  • Colha as hortícolas ao fim datarde ou ao início da manhã, principalmente aquelas cuja parte comestível sejam folhas ou frutos, pois estão mais túrgidas e serão mais saborosas.
  • Nos legumes de folha (com algumas exceções como o repolho) corte apenas as folhas que necessita para uma refeição deixando a planta crescer. É uma boa forma de produzir num espaço pequeno.
  • O corte (tesoura de poda ou faca de colheita) é sempre melhor do que arrancar as folhas à mão, pois ao arrancar pode sem querer puxar com muita força, deixando as plantas jovens com as raízes expostas o que poderá prejudicar o seu desenvolvimento.
  • Em relação às cenouras, rabanetes, etc (legumes de raiz ou tubérculo), colha-os puxando-os com cuidado para não partir a rama.

, Teresa Chambel

Veja o vídeo: Como plantar uma salada

Leitura recomendada: Comece a jardinar: guia para principiantes

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