(PARTE I – OBJETIVOS E LOCAL DA HORTA)
As hortas na escola são cada vez mais uma realidade e uma excelente forma de alunos, professores e funcionários terem um maior contacto com a natureza e produzirem alguns dos seus alimentos.
A horta biológica na escola deve ser encarada como um projeto sério e que deve ser apoiado e incentivado por toda a escola, incluindo diretores, professores, alunos, auxiliares e até pais de alunos. A comunidade, através do Ministério da Educação, das câmaras e das freguesias municipais, pode contribuir, financeiramente é a nível técnico para este projeto hortofrutícola. A aprendizagem não deve ser só dentro da sala de aula, mas deve ser também feita em espaços verdes exteriores, nos quais se podem incluir a horta, pomar ou um jardim.
As escolas em Portugal, quando são projetadas, na grande maioria dos casos não incluem um espaço adequado para uma horta e muitas nem sequer têm um jardim com relva, árvores e arbustos. O espaço que “sobra” é muitas vezes adaptado para uma mini-horta ou umas floreiras ou vasos onde se plantam algumas hortícolas.
A FAO incentiva as escolas a criarem hortas para aprendizagem, de tamanho moderado, que possam ser facilmente geridas por alunos, professores e pais, mas que incluam uma variedade de vegetais e frutas nutritivas.
As crianças no trabalho na horta descobrem as origens e a sazonalidade das hortaliças; exploram o gosto e aromas dos legumes; descobrem a ligação entre os ciclos de vida das plantas e o nosso; a reciclagem dos restos das plantas para elaboração de composto para alimentar as plantas da horta; e que os alimentos frescos sabem melhor, e o trabalho duro e paciência levam a bons resultados.
Objetivos da horta na escola
1. Trabalho na horta Elaborar uma horta onde se pratica a agricultura biológica, de modo a produzir de uma forma sustentável alimentos seguros e saudáveis, fazendo “horticultura educativa” que é boa para o ambiente e para a saúde humana.
2. Nutrição/bem-estar Produzir alimentos de qualidade nutritiva, sanitária e organolética ótima, alterando a dieta das crianças, melhorando os seus hábitos alimentares e ao mesmo tempo incentivar estilos de vida mais saudáveis num meio ambiente rodeado de plantas.
3. Economia/marketing Adquirir competências de gestão económica, planificando as culturas durante a época escolar e vendendo e promovendo os produtos da horta durante as estações do ano.
4. Sensibilidade ambiental Melhorando os espaços verdes da escola, o seu ambiente e efetuando uma serie de práticas agrícolas biológicas, respeitando a Natureza. Fomentar e intensificar os ciclos biológicos no ecossistema agrário (flora e fauna) e manter sempre a fertilidade dos solos e a diversidade genética do espaço. O objetivo principal será sensibilizar os alunos para a preservação do meio ambiente tornando-se um cidadão consciente e responsável.
5. Aprendizagem Aplicar as disciplinas curriculares do 1.º e 2.º ciclos. Os professores encontram na horta novas maneiras abordar os programas escolares, realizando a prática de atividades experimentais, facilitando a compreensão das disciplinas do currículo escolar, como: Estudo do Meio, Matemática, Expressões Artísticas e Físico-motoras, Português, Inglês, História, Geografia, Ciências Naturais, Agricultura. Mesmo a Educação Física pode ser feita de um modo didático, ajudando nas tarefas da horta.
6. Relações humanas O projeto e trabalho na horta devem fomentar as relações positivas, dinamismo, relaxamento, prazer e diversão, entre os alunos e também professores e comunidade escolar.
7. Aquisição de competências Gestão de tarefas, planeamento e organização, responsabilidade, trabalho em equipa e disciplina são algumas das competências que podem ser adquiridas no trabalho na horta.
Localização da horta
Ao planear a horta, devemos ter sempre em consideração o biótopo (clima, solo e água) do local mas também outros fatores, que são muito importantes para que as hortaliças cresçam de uma forma saudável.
Factos a ter em conta antes de instalar a horta
1. Deve ser instalada na zona sul, sueste ou sudoeste da escola, pois o sol e as temperaturas são mais favoráveis (as hortas precisam, no mínimo, de 5-6 horas de sol direto).
2. Deve ficar longe da estrada, recreio ou de campos desportivos, para que as plantas fiquem mais protegidas. O ideal seria visível da sala de aula e o mais próxima possível.
3. Devem ser evitadas zonas ao lado de edifícios ou de grandes árvores que façam sombra.
4. Escolher um local junto de pontos de água (torneiras ou mangueiras), essenciais para a rega das plantas. Se tiverem um coletor de água das chuvas, ainda melhor.
5. Os terrenos devem ser planos ao nível do solo, pois se tiver um declive acentuado, podem causar problemas na época das chuvas. Caso não haja outra opção, terão de ser construídos canteiros em socalcos.
6. Verificar se a zona é frequentemente afetada por ventos fortes, pois poderá ser necessário plantar sebes para quebrar o efeito do vento.
7. Evitar zonas baixas que acumulem humidade excessiva e que não tenham drenagem. À falta de outra opção, poderão ser feitos canais para escoar as águas.
8. Escolher locais que tenham fácil acesso pedestre e carrinhos de mão.
9. O solo deverá ser fértil e ter pelo menos 30 cm de profundidade para a maioria das culturas hortícolas. Não plantar nada em zonas poluídas e degradadas.
10. Ter em consideração locais que sejam frequentados por espécies nativas ou gatos, cães e outros animais que possam interferir no espaço da horta.
11. Se possível, ter um local ou abrigo para arrumação de máquinas e ferramentas de trabalho.
12. Ter um compostor perto do local para evitar o transporte (grandes deslocações) do material compostado (adubo da horta) para o solo. Depois de escolhido o local, podemos complementar retirando uma amostra do solo para medir parâmetros como o pH, textura, percentagem de matéria orgânica e macronutrientes. Durante o ano, verifique se o local tem propensão a alagamentos e conte o número de horas de sol ao longo de cada estação. Todos estes fatores vão ser importantes para correções do solo e escolha das culturas.
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