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A idade das paisagens associa Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO a equipa de investigação internacional

Quantos milhares ou milhões de anos foram necessários para formar a paisagem que mais gostamos? Esta é uma questão com resposta para Tibor Dunai e sua equipa do Instituto de Geologia e Mineralogia da Universidade de Colónia, na Alemanha. O Dr. Dunai e parte da sua equipa internacional estiveram no Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO em busca de novos dados que levem a conhecer o modo como a paisagem evoluiu e o vale do Tejo se formou. “Esta é uma oportunidade dourada para obtermos mais respostas sobre a idade do Tejo e os processos que levaram ao seu desenvolvimento no decurso de importantes mudanças climáticas que decorreram nos últimos milhões de anos”, refere Carlos Neto de Carvalho, coordenador científico do Geopark Naturtejo. A equipa internacional do CRONUS – Projecto Terra utiliza isótopos cosmogénicos para determinar há quanto tempo uma rocha foi exposta à superfície por erosão ou um solo foi formado, permitindo conhecer taxas de erosão com diversas aplicações, como em estudos de processos erosivos, de actividade tectónica ou de formação de solos. A interacção entre os raios cósmicos que nos chegam constantemente das zonas mais remotas da galáxia, com rochas e solos expostos à superfície da Terra, produz isótopos estáveis e radioactivos. A sua abundância permite determinar importante informação cronológica dos últimos milhares a dezenas de milhões de anos da História da Terra. 

A equipa de investigação alemã foi atraída pelas paisagens muito antigas que envolvem o vale do Tejo descritas em trabalhos recentemente publicados pela equipa do Geopark Naturtejo, bem como pelos estudos desenvolvidos pelos investigadores Pedro Proença e Cunha e António Martins sobre a evolução da paisagem na região, especialistas portugueses que também integram esta parceria com o geoparque. Com o apoio no terreno da Naturtejo, EIM, a equipa obteve mais de 180 kg de amostras de rochas recolhidas entre os granitos de Alpalhão e o importante geomonumento das Portas de Almourão, próximo das aldeias de Foz do Cobrão e Sobral Fernando. O trabalho de campo contou com o apoio de locais que abriram as portas das suas propriedades, bem como da empresa Manuel Pedro de Sousa & Filhos, que permitiu à equipa a realização de um perfil de amostragem completo na frente da pedreira que reiniciaram recentemente a exploração em Alpalhão. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Isótopos Cosmogénicos coordenado por Steven Binnie, na Universidade de Colónia, e os primeiros resultados serão conhecidos na próxima primavera. Este e outros projectos científicos ampliam o conhecimento sobre o território Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO numa perpectiva de valorização do seu património natural. Pretende-se uma vez mais que estes projectos envolvam as comunidades locais e que, neles, estas encontrem relevância para actividades económicas com forte potencial para a região, como o Turismo de Natureza, mas também para outras indústrias e actividades agrícolas num contexto de mudanças climáticas.

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