Pragas e Doenças

A vespa asiática: tudo o que precisa de saber

Ninho de vespa velutina ou vespa-asiática

A Vespa velutina spp. nigrithora, comummente designada por vespa-asiática, é uma espécie não indígena, com a particularidade de ser predadora da abelha-europeia (Apis mellifera), encontrando-se maioritariamente a norte do rio Tejo.

Neste artigo ficará a par de tudo o que precisa de saber sobre a vespa asiática, cuja presença tem vindo a aumentar em Portugal, de norte a sul.

A distribuição geográfica

A vespa-asiática é originária das regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia, do leste da China, da Indochina e do arquipélago da Indonésia, e encontra-se presente sobretudo nas zonas montanhosas e mais frescas da sua área de distribuição.

Fora da sua área de origem, a vespa-asiática foi identificada, em 2003, na Coreia do Sul, tendo-se aqui estabelecido e adquirido contornos de espécie invasora.

Ao nível do continente europeu, a introdução involuntária da vespa-asiática deu-se em França, no ano de 2004, tendo-se confirmado a sua presença em Espanha durante o ano de 2010 e, em Portugal e na Bélgica, no decurso de 2011. Posteriormente, foi identificada em Itália nos últimos meses de 2012.

A identificação

A vespa-asiática é uma vespa de dimensões consideráveis.

A cabeça é escura com face laranja-amarelada, pelo que, quando observada de frente, a sua cabeça é laranja.
O tórax e abdómen são castanho-escuros ou pretos, aveludados. O abdómen é inicialmente marcado por uma estreita faixa amarela, seguida de um amplo segmento abdominal amarelado-alaranjado na face dorsal.
As asas são de tom escuro e as patas, acastanhadas com as extremidades amarelas, conferem-lhe a designação de vespa de patas amarelas.

O conjunto destes padrões facilita de grande forma a identificação da espécie, sendo relativamente difícil a sua confusão com outras espécies de vespas.

O tamanho da vespa velutina varia bastante de acordo com diversos fatores: com o alimento ingerido, com o lugar e a respetiva temperatura. Os exemplares dentro do padrão poderão medir entre 17 e 32 mm.

A vespa-europeia (Vespa crabro) é diferenciada através de diversas características, nomeadamente: o abdómen é predominantemente amarelo-pálido marcado com faixas escuras.

A cabeça, quando vista de frente, é amarela e observada de cima é avermelhada. O tórax e patas são pretos e encarnados com laivos acastanhados. As obreiras dentro do padrão podem medir entre 18 e 23 mm.

Os grandes ninhos secundários da vespa-asiática, com dimensões médias de 60 x 80 cm, esféricos ou em forma de pera e com uma pequena abertura lateral, caracterizam-se pelo facto de cerca de 3/4 destes se localizarem em árvores acima dos 10 metros de altura.

Já os ninhos da vespa-europeia bastante mais pequenos (cerca de 30 x 60 cm), de forma cilíndrica e com ampla abertura no fundo localizam-se em árvores ocas ou chaminés, sendo raros ao ar livre.

O ciclo de vida

A vespa-asiática é uma espécie diurna, com um ciclo biológico anual, que apresenta a sua máxima atividade durante o verão, quando atacam em massa as colmeias. Durante o inverno, as rainhas hibernam fora do ninho, em árvores, em rochas ou no solo.

No final do inverno ou princípio da primavera, as rainhas sobreviventes dos rigores invernais abandonam o local de hibernação e fundam a sua própria. Inicia-se então a postura e eclodem as obreiras.

Após esta fase, ocorre a mudança da colónia para o ninho secundário construído frequentemente em locais altos, sendo as obreiras responsáveis pela alimentação das novas larvas e da rainha.

Com a saída das obreiras, o crescimento do ninho e da colónia é exponencial. A duração média de vida das obreiras é variável em função das temperaturas, mas poderá ser entre 30 e 55 dias, semelhante ao da vespa-europeia.

Os danos

As vespas atacam sobretudo individualmente as abelhas (e outros invertebrados) para a sua alimentação. É no verão que se regista maior taxa de predação da abelha-europeia, a qual se encontra associada ao crescimento dos ninhos e da colónia no verão e outono, sendo bastante significativa a redução das taxas de produção de mel.

Adicionalmente, são de realçar ainda os efeitos consequentes da predação destes insetos polinizadores, que vendo reduzidas as suas populações, sofrem uma redução significativa da taxa de polinização com impactos na produção agrícola e na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas.

Do ponto de vista de saúde publica, esta vespa não é mais agressiva que a espécie europeia. Contudo, no caso de sentirem os seus ninhos ameaçados, reagem de modo bastante mais agressivo, incluindo perseguições até algumas centenas de metros.