Pragas e Doenças

Saiba mais sobre as cochonilhas

Aprenda a identificar e a combater as cochonilhas-de-são-josé e a cochonilha-negra.

O grupo de pragas a que vulgarmente chamamos cochonilhas reúne na verdade uma quantidade de espécies bastante considerável e de aspeto bastante distinto.

Contudo apresentam em comum o facto de atacarem através da sua atividade alimentar a jovem folhagem, a casca e mesmo os frutos de árvores e de arbustos, causando enormes prejuízos para as espécies hospedeiras.

Entre as espécies de insetos em causa, identificam-se a título de exemplo nas macieiras, pereiras, buxos, nogueiras, cerejeiras, loureiros, entre outras, a cochonilha-de-são-josé (Quadraspidiotus perniciosus); e na oliveira, no damasqueiro, nos citrinos, nos loendros e mesmo na hera a cochonilha-negra (Saissetia oleae).

Cochonilhas-de-são-josé

cochonilha

Morfologia

A espécie apresenta acentuado dimorfismo sexual. A fêmea adulta é desprovida de patas e possui o corpo aplainado ligado à superfície da planta, escondendo-se atrás de um escudo circular de cor cinza-escura e aproximadamente 2 mm de diâmetro.

O macho é alado. As larvas no primeiro instar são ovais e de cor amarela, variando o seu comprimento de 0,2 mm a 0,3 mm. Possuem ainda três pares de patas e um par de antenas.

Nos instares posteriores, a coloração passa a acinzentada e as dimensões variam entre 0,6 mm e 0,7 mm de diâmetro.

Ciclo de Vida

A praga possui três gerações anuais, uma das quais incompleta. A primeira tem início em meados de maio e as outras duas, a partir de julho até fim de outubro.

O inverno é passado no estado de larva do 1.º ou 2.º instar e no estado de fêmea adulta, sendo que retomam o desenvolvimento em finais de março as fêmeas vivíparas originam diariamente 8-10 larvas móveis, durante 6 a 8 semanas.

A fertilidade média é de cerca de 400 larvas por fêmea. As larvas com mobilidade fixam-se e inserem os estiletes nas células das plantas, formando placas sobre os ramos, nas folhas, nos gomos e nos frutos. Após duas mudas, ocorridas em março e em maio, as larvas passam a machos e a fêmeas adultos.

A polulação de larvas com mobilidade da 1.ª geração ocorre durante o mês de maio, ao passo que na 2.ª geração se dá em julho.

Danos

Ocorrem cloroses e necroses nas folhas, originado uma diminuição da fotossíntese, e levando à depreciação e redução da produção dos frutos. Note-se que os danos mais significativos ocorrem em plantas jovens e/ou em folhas jovens.

Controlo

Devem-se evitar fertilizações ricas em azoto. É possível a utilização de inseticidas homologados, sendo que a disponibilidade é alargada.

Contudo as melhores épocas para a realização dos tratamentos verificam-se no final do inverno, quando a espécie retoma a sua atividade. Se se pretender efetuar tratamentos com as plantas em vegetação, dever-se-á realizá-los em maio ou junho, aquando do pico da primeira geração.

Cochonilhas-negras

Morfologia

O corpo da fêmea é oval com uma forma elevada ao centro, possuindo saliências em forma de H sobre o escudo e de coloração castanho-escura a negra.

Os ovos que se encontram dentro do escudo são elípticos e de coloração amarela a rosada. As ninfas apresentam forma oval e achatada de cor amarelo-acastanhada tornando-se progressivamente castanho-escura.

Ciclo de Vida

A espécie desenvolve-se preferencialmente em zonas sombreadas e em ambientes húmidos.

O inverno é passado na forma de ninfa, no 2.º e 3.º instares. Na primavera seguinte, fixam-se nos tecidos vegetais e continuam o seu desenvolvimento até atingirem a fase de imago (adulto).

As posturas são então efetuadas sob o escudo e cada fêmea pode depositar aproximadamente 700 a 1000 ovos. A eclosão das larvas ocorre de meados de maio a início de agosto, fixando-se as larvas do 1.º instar na página inferior das folhas, nas proximidades da nervura central.

Danos

Ocorre um forte atraso no desenvolvimento dos ramos jovens, debilitando a árvore e dificultando a diferenciação floral.

Paralelamente, verifica-se o desenvolvimento de fumagina sobre o melaço, dificultando assim as funções respiratórias e fotossintéticas das folhas.

Controlo

É aconselhável evitar as fertilizações azotadas. A utilização de inseticidas homologados, sendo que a variedade de produtos é grande, é uma hipótese a considerar.

A altura ideal para a realização da intervenção deve ser avaliada através das observações das eclosões, sendo que se verifica a presença de escamas brancas, correspondendo a ovos já vazios.

O tratamento deve ser dirigido às formas larvares jovens, após o fim do período das eclosões, normalmente na segunda metade do verão.

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