Frutícolas

Alfarrobeira

A plantação de alfarrobeiras vem da antiga Mesopotâmia (Iraque) e foram os fenícios que introduziram esta cultura na Península Ibérica.

Nomes Comuns: Alfarroba (vem do árabe al Harrubã), alfarrobeirão, garrofero, fava-rica, figueira-de-pitágoras, fogueira-do-egito.

Nome científico: Ceratonia síliqua L.

Origem: Asia Menor em zonas junto ao mediterrâneo (Turquia, Geórgia, Arménia, Azerbaijão, Irão, Iraque, Síria) ou Grécia, Palestina, Líbano e Argélia.

Família: Leguminosas.

Factos históricos/curiosidades: A cultura foi difundida pelos gregos (X a.C.), cartagineses (IV e III a.C.) e romanos (I a.C.), bizantinos (VI d.C.) e árabes (VII-XI d.C.). As sementes foram usadas para a preparação de múmias no Antigo Egito, sendo encontradas vagens em túmulos. Adaptou-se bem ao clima mediterrânico de Portugal e Espanha. As sementes eram usadas como unidade para pesar joias (diamantes, ouro e pedras preciosas), chamavam-se “quilates” (Kuara), nome africano dado às sementes. Cinco sementes pesavam um grama de ouro. Era um alimento das populações mais pobres do Mediterrâneo. Portugal é um dos principais países produtores de alfarroba, neste momento ocupa o 5.º lugar (em 2016, ocupava o 2.º, dados da FAO), atrás da Espanha, Itália, Chipre e Grécia.

Descrição: Árvore de folha persistente (renovam-se de 15-18 meses), coriácea de forma oval e copa larga. Tem um crescimento lento que pode atingir 10-20 metros de altura. A madeira é muito resistente. O sistema radicular é extenso (20 metros) e penetrante, chegando às camadas mais profundas para procurar água e nutrientes.

Polinização/fecundação: Existem árvores com flores femininas; outras com flores masculinas; outras com flores femininas e masculinas; e ainda outras com flores masculinas e hermafroditas na mesma planta. Agrupam-se 40-60 nas flores femininas e 10-12 nas masculinas. As flores aparecem no verão e início de outono (plena floração setembro-outubro), consoante as variedades nos ramos de 2 anos e segregam néctar em abundância. A polinização é entomófila, mas o vento pode ajudar.

Ciclo biológico: Só começa a produzir ao décimo ano e tem a plena produção aos 15-40 anos, podendo viver 100 anos.

Variedades mais cultivadas: “Negral” , “Rojal” , “Banya de Cabra” , “Bugadera”  “Matalafera” , “Melera” , “Duraió” , “Delamel” , “Ramillete” , Bonifácio” . Em Portugal, as variedades mais conhecidas são “Galhosa”, “Canela”, “Costela de vaca” , “Alfarroba de burro” , “Mulata” , “Bonita”, “Bouoje”, “Altea”, “Melar”  e “Magosta”. As variedades masculinas podem ser “machos amarelos” e “machos vermelhos”.

Parte comestível: Fruto com 10-30 cm de comprimento, 2-4 cm de largura e pesa 25-40 g. Castanho-escuro, parecido com o chocolate negro, tem a casca coriácea que envolve uma polpa carnosa e açucarada de cor do mel, que envolve as sementes (4-8).

Condições ambientais

Tipo de clima: Temperado mediterrânico. Em Portugal, adapta-se melhor às regiões de Lisboa e no Sul.

Solo: Adapta-se a vários tipos de solos mesmo que sejam pobres em nutrientes e de pouca profundidade, no entanto, prefere terrenos com solos franco-arenosos ou argilo-calcários, bem drenados e secos. Gosta de solos com pH entre os 6-8.

Temperaturas:
Ótimas: 20-25 ºC.
Min: 10 ºC.
Max: 45 ºC.
Paragem do desenvolvimento: 5 ºC. Precisa de 6000 horas de calor.

Exposição solar: Pleno sol (muito resistente).

Altitude: Abaixo dos 600 metros.

Precipitação anual (água necessária): 200-400 mm/ano.

Humidade atmosférica: Deve ser baixa.

Fertilização

Adubação: Com estrume bem decomposto de aves e ovinos/caprinos.

Consociações: Leguminosas (favarola, luzerna) e cereais de outono-inverno (azevém).

Exigências nutritivas: 3:1:2 ou 3:1:2

Técnicas de cultivo

Preparação do solo: Não requer cuidados especiais, mas, para produzir mais, deve-se fazer uma ripagem (40 cm) e adubação de fundo.

Multiplicação: Por microenxertia, enxerto (escudo ou chapa) ou sementes (demolhar em água 24 horas) – estas últimas são mais utilizadas para porta-enxertos. Depois de atingir 50 cm de altura, transplantar com o tufo de terra.

Data de plantação: Primavera.

Compasso: 9×12 ou 10×15 m

Amanhos: Poda (outono) de ramos mortos, vigorosos de crescimento vertical e que tocam no solo; enxertias em abril-maio, quando a planta tiver 4-7 anos.

Regas: Poucas, apenas no início da plantação e em períodos longos de falta de precipitação.

Entomologia e patologia vegetal

Pragas: Pirale (Myelois ceratoniae) e cecidomia (Eumorchalia gennadi), brocas (Zeuzera pyrina), traça-da-alfarroba (Ectomyeolis ceratoniae) e cochonilhas.

Doenças: Oídio (Oidium ceratoniae).

Acidentes/carências: Clorose

Colheita e utilização

Quando colher: Verão e início do outono (agosto-setembro), quando os frutos ficam castanhos-escuros e começam a cair naturalmente (10-12 meses depois da floração).

Plena produção: 14-35 toneladas/ano, cada árvore pode produzir 70-300 kg, em árvores com mais de 40 anos.

Condições de armazenamento: Depois de colhidas, colocar as alfarrobas ao sol durante uma semana e no caso de não ir diretamente para a fabrica, deixar em ambiente seco e arejado.

Melhor época de consumo: Em fresco, no fim do verão

Valor nutricional: Rica em açúcar natural, fibra, proteínas, minerais (ferro, potássio, sódio), taninos. Vitaminas A, D, B1, B2 e B3.

Usos: Servia de alimento como fruto (guloseima), mas os árabes começaram a utilizá-la em forma de bebidas alcoólicas, massas e doces. Recentemente, a sua farinha é utilizada em Portugal em tartes, bolos tradicionais e no fabrico do pão. Muitas vezes é utilizada para substituir o cacau. Na indústria, é utilizada como espessante (E-410) para a elaboração de gelados, sorvetes, molhos, vários produtos lácteos, em fármacos e cosméticos. Também era utilizada na alimentação do gado, para a carne ter um sabor agradável, e nas vacas leiteiras, para aumentar a secreção láctea. A madeira pode ser utilizada em marcenaria.

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