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Câmara de Lisboa lança Guias para cultivar em Hortas Pátios e Varandas e Levantamento do Património Vegetal Cultivado nos Parques Hortícolas de Lisboa

No dia 3 de dezembro, no jardim do Museu de Lisboa, foi feito o lançamento de três publicações: um Guia de Boas Práticas para Hortas em Pátios e Varandas, um Guia de Boas Práticas para a Agricultura Urbana e o Levantamento do Património Vegetal Cultivado nos Parques Hortícolas de Lisboa.

Graça Ribeiro, autora dos dois guias e funcionária da Câmara Municipal de Lisboa, onde pertence ao grupo para a promoção da agricultura urbana na cidade de Lisboa, fez o o enquadramento do projeto.

Com início em 2011, aquando da inauguração do primeiro parque hortícola em Benfica – a Quinta da Granja – depressa se expandiu e hoje conta com vinte parques hortícolas, representando 800 talhões de cultivo. A adesão por parte das pessoas, sejam individuais ou associações, tem sido imensa, tanto que, neste momento, a lista de espera ascende a umas centenas de pessoas. O acesso aos talhões é feito através de concurso público e qualquer pessoa pode candidatar-se desde que cumpra o requisito chave: querer praticar horticultura na cidade.

O grupo para a promoção da agricultura urbana na cidade de Lisboa, ou grupo das hortas como é carinhosamente chamado, tem como função fazer um acompanhamento técnico aos hortelãos de forma a garantir que as boas práticas nas hortas de Lisboa existem, que as pessoas as fazem da melhor forma e que praticam agricultura biológica sempre que possível.

Estes guias estão integrados na coleção Lisboa Capital Verde Informa:

O Guia das Boas Práticas para a Agricultura Urbana teve a revisão técnica feita por Jorge Ferreira, uma figura de referência na agricultura biológica do nosso país.

É um guia que nos ensina “a fazer certas práticas que, regra geral, não vêm nos manuais e que são adaptadas à agricultara biológica na maior parte dos casos. São coisas muito simples, mas que permitem ter uma horta com uma produção maior ou mais pequena, mas com práticas, na maior parte das vezes, muito simples” refere Graça.

Guia de Boas Práticas para Hortas em Pátios e Varandas, este guia, como Graça nos diz:

“É uma hipótese de ter mais tempo ao ar livre, nem que seja na varanda”, é também uma forma ter mais contacto com a natureza, de assistir ao germinar de uma semente, de “envolver as crianças da família neste trabalho, neste contacto precoce com a natureza” que pode levar a um desenvolvimento de “um gosto, uma paixão pelas plantas, pelo fazer crescer, fazer germinar as sementes” e é, por fim, uma forma de levar para casa meia dúzia de frutos ou umas ervas aromáticas que podem ser o toque especial naquele prato simples do dia-a-dia.

No fundo, isto é para todos aqueles que já pensaram em fazer uma horta na varanda, funcionando até como um incentivo para o fazerem.

Levantamento do Património Vegetal Cultivado nos Parques Hortícolas de Lisboa, da autoria de José Miguel Fonseca, presidente da associação Acolher para Semear, rede portuguesa de variedades tradicionais.

A Colher para Semear é uma associação que existe desde 2006, a única do género em Portugal, e que, todos os anos, faz o levantamento destas variedades junto dos agricultores numa zona do país.
Este é um levantamento, normalmente ocorrido em meio rural, das variedades de cultivo antigo, ou muito antigo, e que fazem parte “de um património agrícola vegetal que é de todos nós e que, infelizmente, não valorizamos” e que precisa de ser preservado, sublinha Graça Ribeiro.

“Todos os anos, quando nós ouvimos falar de espécies em vias de extinção associamos logo a animais, mas o reino vegetal está também a desaparecer, muitas das espécies vegetais estão a desaparecer não só hortícolas, mas como de todo o tipo de espécies vegetais” acrescenta.

O levantamento das espécies existentes teve um “resultado extraordinário”, refletindo-se em mais de 100 variedades recolhidas cujas sementes passaram a fazer parte do acervo da associação.

Do levantamento não só saiu esta publicação, como um documentário exibido no Cinema São Jorge em novembro, bem como o último núcleo da exposição Hortas de Lisboa. Da Idade Média ao Século XXI, presente do Museu de Lisboa.

Sobre a exposição o vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes, refere que “neste momento que vivemos não nos devemos esquecer dos outros, dos que nos antecederam” acrescentando que não esquecer o passado “é a nossa obrigação porque podemos dar passos mais seguros com os exemplos do passado, mas também não cometer as mesmas asneiras que já foram cometidas” acabando por ser uma “aprendizagem em comum e em conjunto”.

O vereador anunciou ainda que o programa de agricultura urbana em Lisboa vai ter um incremento, “é evidente que o território é finito, mas vamos aumentar os talhões das hortas, com mais 50 talhões ali na horta nova, mas teremos mais alguns”. 

Desta forma, estas publicações acabam por ser “um reconhecimento aos guardiões de sementes, aos guardiões que na cidade continuam a deitar à terra as nossas sementes que são de Portugal”, conclui Graça Ribeiro.

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