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Comunidade de ambientalistas em Portugal quer plantar 10 mil árvores contra as alterações climáticas

Grupo “Primal Gathering” promove, junto de proprietários florestais, ações de reflorestação e de valorização da natureza. A ambição da comunidade, que já reuniu cerca de 4 mil pessoas desde 2018, é agora plantar 10 mil árvores num espaço de 5 anos. Saúde mental também é favorecida com este modelo de regeneração.

Um grupo de ambientalistas está a testar, em Portugal, um modelo de regeneração de ecossistemas para combater as alterações climáticas. Em específico, a comunidade, integrada no movimento “Primal Gathering”, promove retiros criativos junto de proprietários com vista à recuperação de florestas, em ações que, além de valorizarem recursos da terra, promovem o bem-estar mental.

Desde o início do projeto, em 2018, o grupo reuniu cerca de 4 mil pessoas em diferentes retiros para reflorestação e promoção da sustentabilidade ecológica. Entre as ações mais significativas, contam-se, por exemplo, a restauração de uma floresta em Odemira, através da plantação de 400 árvores num único dia com a ajuda de 70 participantes; a construção de um jardim numa quinta em Sintra; ou a plantação de 800 árvores de fruto e vegetais, na mesma região. Esta última iniciativa, em particular, permitiu gerar um retorno de mais de 500 euros com a venda local de frutas e hortícolas.

O próximo retiro da comunidade vai decorrer entre os dias 12 e 14 de novembro, em Monchique, no Algarve, e o objetivo passa por plantar mil árvores, em parceria com a Reflorestar Portugal (recorde-se que Monchique foi muito afetada pelos incêndios nomês de julho, sendo que, já em 2018, foram queimados mais de 27 mil hectares de floresta devido a fogos florestais na região). A expectativa do grupo é que, durante os próximos 5 anos, sejam plantadas 10 mil árvores em diferentes zonas do país. “Cada árvore pode sequestrar até 22 quilos de Dióxido de Carbono por ano. No espaço de 5 anos, estamos a falar de 220 mil quilos de CO2 sequestrados”, explica a fundadora do projeto, Nicole Bosky, numa alusão ao potencial que as atividades têm para mitigar os efeitos negativos das alterações climáticas.

De acordo com Bosky, “Portugal é o maior produtor e exportador de pasta de eucalipto. A plantação de monoculturas desta árvore em todo o país potenciou incêndios que queimaram até 2,5 milhões de hectares de floresta entre 1990 e 2017. Uma vez que 97% da Floresta em Portugal está em mãos privadas, a melhor maneira de mudar é abordar esses proprietários e incentivá-los a plantar espécies florestais biodiversas. Essa é a nossa missão enquanto Primal Gathering”, assume.

Com o projeto, juntam-se os proprietários a participantes motivados a aprender mais sobre ecologia e atende-se às necessidades de todos. Os participantes, muito particularmente, desenvolvem, em comunidade, rotinas diárias e ferramentas práticas para adotarem comportamentos amigos do ambiente, ao mesmo tempo que trabalham em prol da saúde mental individual e coletiva.

“A transformação do mundo só é possível quando mudamos comportamentos individuais. Por isso, criamos um contexto em que as pessoas aprendem e se empoderam umas às outras com um verdadeiro sentido de comunidade. A dedicação à sustentabilidade é consequência da valorização da nossa saúde mental e bem-estar emocional. Quanto mais as pessoas estão atentas ao seu próprio bem-estar emocional, mais conscientes se tornam do ambiente ao seu redor e se sentem chamadas a fazer a sua parte. Queremos que as pessoas sejam autossustentáveis externamente, com o mundo, e, em simultâneo, internamente, com as próprias emoções. Queremos deixar os lugares – e as pessoas – por onde passamos melhores do que quando os encontramos”, adianta Nicole.

A par dos trabalhos a favor da sustentabilidade ecológica, nos encontros, os participantes são capacitados com conhecimento para adotarem um estilo de vida sem desperdício, cultivar alimentos de origem local e para criarem produtos naturais. Na vertente de promoção de saúde mental e de mindfulness, desenvolvem-se sessões de ioga, de relaxamento e de música – algumas das quais já dinamizadas pela dupla “Port do Soul” -, bem como workshops direcionados ao desenvolvimento pessoal.

O programa está a ser atualmente implementado em Portugal, mas Nicole quer replicar este modelo de regeneração ambiental no resto do mundo, a começar no Reino Unido, em parceria com a rede Rebuild, já no próximo ano, e em Nova Iorque, em 2023. A fundadora tenciona ainda tornar o projeto “Primal Gathering” numa plataforma de pedagogia para cidadãos e empresas. Para tal, Nicole quer apostar na criação de guias práticos de apoio à adoção de práticas sustentáveis em casa e no trabalho, cursos online e em atividades com empresas de diferentes setores, através de sessões de team building com foco na restauração de ecossistemas e no bem-estar mental. Sobre esta última ação, a fundadora refere que “o mundo empresarial beneficiaria com a introdução destas práticas e atividades como forma de criar laços entre as equipas de trabalho e de manter os colaboradores motivados, saudáveis, confiantes e felizes”.

Sobre o Primal Gathering

O Primal Gathering é um movimento de ambientalistas com foco na restauração de sistemas ecológicos e na promoção da saúde mental. O projeto nasceu em 2018 pelas mãos de Nicole Anna Maria Bosky, que visava criar uma comunidade onde as pessoas pudessem juntar-se para adotar um estilo de vida ambientalmente e psicologicamente regenerativo. O nome “Primal Gathering” é uma alusão aos instintos mais básicos – mais “primitivos” (Primal) – dos seres humanos, movidos pela necessidade de preservação da vida e, como tal, do meio ambiente. A expressão “Gathering” é uma referência direta aos retiros promovidos com toda a comunidade Primal.

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