Entrevistas

Conheça a Ana Manuel Mestre, @_almoinha_

A Natureza é a sua casa e cuidar de plantas é uma forma de viver mais conectada, amá-la e aprender com ela.

Nesta edição de junho, tivemos a oportunidade de conhecer melhor a Ana Manuel Mestre (@ _almoinha_), arquiteta paisagista, apaixonada jardineira, formadora e fotógrafa que vive para trazer a quem a segue e acompanha o seu trabalho as verdadeiras cores da Natureza, mostrando-nos os passos naturais para construir um estilo de vida mais equilibrado, ecológico e sempre rodeado de plantas e animais.

Como nasceu esta paixão intensa pela Natureza, que passa despercebida a tantos neste século apressado e tecnológico em que vivemos?

Nasceu comigo. Nasci e cresci no Alentejo, no meio da Natureza e de pessoas como o meu pai e os meus avós, que viviam da agricultura. Sempre tive, tanto do lado materno como paterno, quintas onde esse contacto com o campo era frequente e onde brincava com uma liberdade que não temos nas grandes cidades. Essas vivências tiveram muita influência na minha personalidade e na paixão que tenho hoje pela Natureza. É daí que vem o nome Almoinha. É o nome da quinta do meu avô materno, em Évora.

Porquê e enraizando-se em que experiências, ideias e aprendizagens lhe surgiu a vontade de partilhar mais de si na página Almoinha?

A página foi criada numa altura em que fiz, junto com a minha prima Filipa, um curso de permacultura, pouco depois de sair da universidade. A ideia inicial era partilharmos as nossas experiências na quinta do meu avô. Quando fui para Lisboa trabalhar, a página ficou em standby. Durante o primeiro confinamento, fui desafiada a fazer uns vídeos sobre jardinagem e desde aí a página não parou de crescer. Hoje, o grande objetivo da página é levar as pessoas a aprenderem mais sobre plantas e jardinagem, mas principalmente levá-las a apaixonarem-se pela Natureza tanto ou mais que eu, porque, quando amamos algo, cuidamos, e a Natureza está a precisar muito dos nossos cuidados.

Quais os produtos e serviços que tem vindo a criar ao longo destes anos e hoje se orgulha de poder fazer chegar ao seu público de amantes da Natureza?

Neste momento estou a apostar na oferta de cursos e workshops. É aquilo em que tenho mais experiência e algo que adoro fazer. Tenho outros projetos na gaveta, nomeadamente o desenvolvimento de projetos para pequenos jardins, interiores ou exteriores, onde as pessoas são envolvidas diretamente no processo, quem sabe até colocando as mãos na terra para plantar o seu próprio jardim. Acredito que se crie uma maior ligação com aquele espaço desta forma. É uma ideia ainda em construção.

Num dia ideal, qual a rotina pessoal que a mantém feliz, focada e estimulada para continuar a fazer mais e melhor por todos nós, pelo planeta?

Pratico ioga com regularidade. Pode parecer à partida que nada tem a ver com plantas, mas o ioga ajuda-me muito a manter a conexão com a Natureza e a sentir que eu própria faço parte dela. Gosto também de acreditar que, no meu dia a dia, dou o meu melhor por manter o respeito pelo nosso planeta em tudo o que faço, fazendo escolhas sustentáveis. Estou longe do ideal, mas esforço-me por continuar esse caminho. Também não passo um dia sem observar as dinâmicas da própria Natureza, na rua ou nas minhas plantas, e partilho as minhas descobertas com quem me é próximo, trazendo-os um bocadinho para o meu mundo.

As plantas ajudam sempre tanto. De que forma percebeu o poder pacificador que a vida vegetal tem e a necessidade de as cultivar para nos conhecermo melhor através delas?

Não consigo identificar como ou quando percebi isso relativamente a mim mesma. Para mim nunca foi uma necessidade. Essa conexão já nasceu comigo e, felizmente, a vida trouxe-me experiências que levaram à manutenção e crescimento dessa minha ligação à Natureza. Muitas outras pessoas, por variadíssimas razões, ou já nascem afastadas da Natureza ou em algum momento da vida perdem essa conexão e foi no contacto com essas pessoas que percebi que não é algo natural para todos. Chegava a ser estranho para mim, quando comecei a dar formação de jardinagem, perceber que havia quem nem soubesse por que motivo as plantas dão flor ou de onde vêm os frutos. Foi aí que comecei a perceber o poder que pode ter nas pessoas a descoberta da Natureza e como isso pode levá-las a conhecerem-se a si mesmas. Trabalhei oito anos como formadora de jardinagem de pessoas com problemas de saúde mental e assisti a transformações incríveis na vida dessas pessoas, também com a ajuda do trabalho na jardinagem.

Também no Instagram recebo mensagens de pessoas cuja vida mudou quando começaram a ter plantas em casa. Apesar de nunca ter sentido esse “clique” transformador, emociona-me muito ver essa descoberta nas outras pessoas e deixa-me muito feliz perceber que cada vez mais há pessoas a sentir essa necessidade.

Muitos ainda nunca tiveram tempo, curiosidade ou foram convidados a mergulhar no verde. Que dicas dá para inspirar alguém a começar a “jardinar”?

Acredito mesmo que a descoberta do prazer da jardinagem e todos os benefícios que nos pode trazer só poderão ser vividos e sentidos na primeira pessoa. Então, a única dica que poderei dar é – Experimentem!

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